tag:blogger.com,1999:blog-53041197930108771742024-03-19T07:52:04.272-03:00Tá sentindo o quê?Este espaço pode ser consultado por leigos ou todos aqueles que desejam expor, discutir, criticar e trocar idéias a respeito de temas relacionados à saúde em geral, temas técnicos mais específicos, assuntos relacionados a políticas e à gestão clínica hospitalar ou administrativa em saúde. Todas as dúvidas e opiniões são bem-vindas.Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.comBlogger63125tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-17047157368512832282023-04-19T22:12:00.003-03:002023-04-19T22:12:36.702-03:00Você já ouviu falar em Doença de Chagas?<p><span style="text-align: justify;">No início do século passado, o
Brasil era um país essencialmente rural e pobre. Carlos Chagas, pesquisador e
sanitarista, conseguiu identificar a doença, causada por um protozoário chamado
Trypanossoma Cruzi (o nome dado foi em homenagem a outro cientista brasileiro
famoso, Oswaldo Cruz), que através de um hospedeiro (o inseto chamado
triatomíneo, também conhecido como “barbeiro”) infecta o homem: nas residências
precárias no interior do país, o inseto com o protozoário em seu trato
digestivo pica o homem, geralmente durante o sono, e imediatamente evacua no
local. Por causar uma “coceirinha” no local da picada, ao coçar o homem
introduz o protozoário para dentro do orifício na pele causado pela picada,
introduzindo fragmentos de fezes do inseto e dando início então ao
desenvolvimento da doença. A transmissão através de alimentos contaminados pode
ocorrer também, e até 1992, não era raro haver transmissão através de sangue
contaminado em transfusões.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda hoje, mesmo com a
urbanização da maior parte da população, temos em nosso país o registro de
aproximadamente 150.000 casos ao ano.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A doença em si, na sua fase
aguda, provoca sintomas gerais tais como febre baixa, fraqueza e dor de cabeça.
Depois disso o protozoário se espalha pelo corpo e atinge, após algum tempo
(que pode levar anos), o músculo do coração, o esôfago e o intestino grosso. Em
todos os casos a reação é sempre a mesma, e se dá por inflamação direta causada
pelo Trypanossoma nesses órgãos, agravada pela reação imunológica do indivíduo
afetado. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O resultado final para uma parte
das pessoas é a incapacidade de um funcionamento adequado do bombeamento de
sangue pelo coração, condição chamada Insuficiência Cardíaca; a dilatação
progressiva do esôfago, causando dificuldades para a digestão e vômitos; e a
perda da capacidade de contração do intestino grosso, provocando a incapacidade
de evacuar de forma adequada (“intestino preso”), aumento do tamanho do abdome
e muito desconforto (tão intenso que às vezes é necessária a retirada cirúrgica
do intestino grosso).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O Ministério da Saúde fornece
gratuitamente o tratamento tanto para a fase aguda quanto para a fase crônica
da doença, assim como os testes laboratoriais nos laboratórios públicos de
referência. A única forma de prevenção é a busca ativa de frestas em janelas,
portas e outros nichos nas residências, principalmente nas áreas rurais.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Curiosidade: por que o inseto se
chama “barbeiro”? Uma das partes do corpo mais
exposta enquanto dormimos é o rosto. Essa é uma das áreas preferidas pelo
inseto na hora de picar. Assim, convencionou-se chamá-lo com esse nome porque é
o local (nos homens) aonde se faz a barba!</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-24458214036436876302023-04-19T22:10:00.003-03:002023-04-19T22:10:32.941-03:00Você conhece a Medicina Endocanabinóide?<p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O uso terapêutico da planta do
gênero “Cannabis” data de milhares de anos, segundo alguns historiadores, sendo
utilizada para o tratamento de uma enorme quantidade de moléstias. Ao final do
século XIX, fazia parte da farmacopeia de diversos países na Europa, Ásia e
África, sendo prescrita por médicos e outros profissionais, porém desde o
início do século XX passou a ser proibida quanto ao uso, mesmo que para a
saúde.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Com o tempo, no nosso país
inclusive, o uso terapêutico da planta passou a ganhar espaço, sendo
reconhecida a sua eficácia no tratamento de diversas doenças, algumas já
definidas em protocolos técnicos pelas agências reguladoras, principalmente a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, entidades médicas e o
próprio Ministério da Saúde.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As pesquisas pioneiras iniciadas
no ano de 1964 em Israel, pelo Dr. Raphael Mechoulam, levaram ao conhecimento
mais aprofundado sobre o uso medicinal da planta. Nos anos setenta houve um
notável avanço na compreensão do que passou a se chamar <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">sistema endo-canabinóide</b> e seus mensageiros endógenos (anandamida e
2AG), e o isolamento das principais substâncias de ação terapêutica da planta,
os fitocanabinóides <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">canabidiol</b> (CBD)
e o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">delta-9 tetraidro canabinol</b> (THC).
Sabe-se hoje que a planta possui mais de 300 substâncias potencialmente
benéficas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Que pacientes poderiam se
beneficiar do uso de derivados da cannabis?<o:p></o:p></i></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No atual estágio de conhecimento,
existem evidências de benefícios para o tratamento de enfermidades e condições
clínicas crônicas variadas, complementado o tratamento convencional e reduzindo
efeitos adversos. As principais condições para as quais foi verificada uma ação
terapêutica, total ou parcial, incluem:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Ansiedade e estresse<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Artrite<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Asma<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Algumas neoplasias<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Concussões, lesões cerebrais e medulares<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Convulsões* <o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Dependência química<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Diabetes<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Distúrbios alimentares (anorexia, obesidade,
caquexia)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Distúrbios do sono (insônia e apnéia do sono)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->D. de Alzheimer<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 1.0cm; margin-right: -39.0pt; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->D. Neurodegenerativas (Huntington, Parkinson)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->D. de pele (psoríase, acne)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Dores crônicas em geral<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->D. Inflamatória Intestinal<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Enxaqueca<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Esclerose lateral amiotrófica (ELA)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Esclerose Múltipla<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Náuseas e vômitos intensos**<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Síndrome do intestino irritável<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Transtorno do Déficit de Atenção com
hiperatividade (TDAH)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Transtorno do Espectro Autista (TEA)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 1.0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -14.15pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">* A indicação do uso da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cannabis</i> para o tratamento de convulsões
graves e refratárias como na Síndrome de Dravet, Síndrome de Doose, na Doença
de Lennox-Gastaut, e no complexo da Esclerose Tuberosa, estão legalmente
previstas e indicadas na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Resolução nº
2324/22 de 14/10/2022 da ANVISA;<o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">** Principalmente após o uso de
quimioterápicos para tratamento dos mais diversos tipos de câncer.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O uso de derivados da cannabis
pode curar doenças crônicas?<o:p></o:p></i></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O tratamento para doenças
crônicas não se propõe a curar, mas sim proporcionar controle total ou parcial
dos sintomas, permitir melhor qualidade de vida e diminuir a toxicidade/efeitos
adversos dos tratamentos convencionais. Ou seja, não se propõem a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">substituir</b>, mas sim <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">contribuir</b> com o tratamento dessas
doenças.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quem pode usar produtos derivados
de cannabis?<o:p></o:p></i></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Qualquer pessoa, independente de
idade e doença de base pode fazer uso dos derivados de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cannabis</i>, desde que bem indicado por profissional competente.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Como os derivados de cannabis são
usados no Brasil?<o:p></o:p></i></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os meios mais comuns de
administração são a forma oral (gotas), a forma de spray oral, e a forma
tópica. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Como os derivados de cannabis
oral são prescritos?<o:p></o:p></i></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Após a avaliação inicial, havendo
perspectiva de benefício, o médico irá prescrever a solução apropriada para
aquele paciente, para aquela doença e para aquele estágio de doença. Para cada
situação, recomenda-se a prescrição individualizada na composição e na
titulação, utilizando-se os fitocanabinóides conhecidos em proporções, dose e
tempo de uso recomendados. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aonde adquirir derivados de
cannabis para compra?<o:p></o:p></i></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Vários importadores fazem essa
função, seguindo rigorosamente o que foi determinado em receituário médico simples,
trazendo o produto de outros países (principalmente EUA). Os derivados de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cannabis</i> também podem ser adquiridos em
farmácias comuns, em preparações com concentrações pré-definidas, com receita
tipo A (amarela). Também existem várias associações no país que fabricam
produtos derivados da planta e os comercializam.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O futuro reserva indicações cada
vez mais abrangentes, após novos estudos para o uso terapêutico da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cannabis</i>. E muito mais pessoas deverão
se beneficiar dessa alternativa de tratamento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Caso o colega deseja mais
informações a respeito, teremos prazer em encaminhar. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E se por acaso estiver diante de
um caso no qual perceba um potencial benefício com o tratamento utilizando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cannabis</i>, teremos prazer em fazer uma
avaliação detalhada e, caso pertinente, indicar o melhor tratamento para o seu
paciente.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p> </o:p></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>Referências
bibliográficas selecionadas:</b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="text-align: left;">1 – </b><span style="text-align: left;">Ang, Samuel P., et al</span><b style="text-align: left;">: “</b><b style="text-align: left;">Cannabinoids as a Potential Alternative to
Opioids in the Management of Various Pain Subtypes: Benefits, Limitations, and
Risks”.</b><span style="text-align: left;"> <i>Pain Ther</i>, 2022. Acesso
em https:// doi.org/10.1007/s40122-022-00465-y</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;"><span style="text-align: left;">2 – Costa, Alana C. et al.: </span><b style="text-align: left;">“Cannabinoids
in Late Life Parkinson’s Disease and Dementia: Biological Pathways and Clinical
Challenges”. </b><i style="text-align: left;">Brain Sci</i><span style="text-align: left;">. </span><b style="text-align: left;">2022</b><span style="text-align: left;">,
12, 1596. Acesso em https://doi.org/10.3390/brainsci12121596</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">3 – Pagano, Cristina, et al.: “<b>Cannabinoids:
Therapeutic Use in Clinical Practice”. </b><i><span style="font-family: URWPalladioL-Ital; mso-bidi-font-family: URWPalladioL-Ital;">I</span></i><i>nt. J. Mol. Sci.</i> <b>2022</b>,
23, 3344. Acesso em https://doi.org/10.3390/ijms23063344</p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">4 – Lorenzeti, Valentina, et al.: <b>“Effects of cannabinoids on resting state
functional brain connectivity: a systematic review”,</b> <i>Neuroscience and
Biobehavioral Reviews, </i>(2022). Acesso em https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2022.105014</p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">5 – Schlag, Anne K., et al.: “<b>The value of real world </b><b>evidence:
The case of medical cannabis”, </b><i>Front. Psychiatry </i>13:1027159.
Acesso em https://doi: 10.3389/fpsyt.2022.1027159</p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">6 - J. Eduardo Rodriguez-Almaraz,
Nicholas Butowski: <b>“Therapeutic and
Supportive Effects of Cannabinoids </b><b>in
Patients with Brain Tumors (CBD Oil and Cannabis)”, </b><i>Curr. Treat. Options in Oncol. </i>Acesso em https://DOI 10.1007/s11864-022-01047-y</p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><br /><p></p>Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-58332716388596019112023-04-19T22:04:00.002-03:002023-04-19T22:04:46.450-03:00Vamos falar de diabetes?<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Diabetes é um assunto presente o
tempo todo na vida das pessoas. Todos têm algum parente ou amigo que tem a
doença, pois é muito comum no Brasil, e também no mundo:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span>3% da população mundial em geral, e 9,3% dos
adultos entre 20 e 79 anos (aproximadamente 463 milhões de pessoas) sofrem com
a doença, tendo crescido 62% nos últimos 10 anos;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Entre as crianças e adolescentes, estima-se que
1,1 milhão de pessoas tenham a doença;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->É a quarta doença que mais provoca mortes no
Brasil, com <span style="color: #040c28; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">214 mil mortes de pessoas entre 20 e 79 anos em 2021;</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Existem atualmente, no
Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa </span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">6,9% da
população;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A diabetes mellitus, como deve ser chamada,
é uma doença crônica e progressiva, e é dividida principalmente em 3 grandes
grupos:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Diabetes mellitus tipo I (antes chamada de
diabetes juvenil e diabetes insulino-dependente);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Diabetes mellitus tipo II (antes chamada de
diabetes do adulto, ou não insulino-dependente);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Diabetes gestacional, que ocorre durante a gravidez<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O que define a diabetes é a
incapacidade de manter níveis de glicose no sangue controlados devido a algum
problema relacionado à insulina, hormônio produzido pelo pâncreas e que é o
responsável por fazer com que nossas células possam absorver a glicose circulante
(proveniente principalmente da alimentação), e assim manter seu funcionamento:
é uma “chave” que abre a porta para a entrada de glicose na célula. Se essa “chave”
não funcionar, ou funcionar mal, a glicose se acumula na circulação e causa
danos nos pequenos vasos sanguíneos de todo o corpo, prejudicando a circulação
de todos os órgãos e sistemas, e trazendo consequência muito ruins com o tempo,
caso nada seja feito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Os defeitos que impedem a ação da
insulina são assim divididos:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Incapacidade de o pâncreas produzir insulina
(geralmente é o que ocorre na diabetes tipo I, por uma doença auto-imune que
ataca as células pancreáticas produtoras de insulina);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Incapacidade da insulina produzida, em
quantidade normal, de “fazer entrar” dentro da célula a glicose circulante
(resistência celular à ação da insulina), aumentando assim seus níveis. Isso é
o que ocorre basicamente na diabetes tipo II;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Defeitos mistos: impossibilidade do pâncreas de
produzir insulina em quantidades adequadas no adulto (nesse caso geralmente
devido à “exaustão” do pâncreas) mais a resistência à ação da insulina nas
células.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O diagnóstico clínico é relativamente
fácil de ser feito, e nos casos sintomáticos incluem os sintomas mais comuns:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Sede intensa e progressiva (polidipsia);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Perda de peso súbita;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Polifagia, ou seja, aumento desproporcional da
fome;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Poliúria, ou seja, uma quantidade desproporcional
de urina produzida em 24 horas;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Fraqueza, desânimo;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Tonturas e problemas para dormir;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Maior chance de ocorrer infecções oportunistas,
tais como doenças fúngicas;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Visão turva<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Nem sempre os sintomas surgirão todos
ao mesmo tempo, e em algumas pessoas as queixas podem até mesmo ser pouco
importantes, mas no diabetes tipo I vão estar sempre presente e com muita
intensidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Quem recebe o diagnóstico de diabetes
mellitus, de qualquer tipo, deve se preparar para algum grau de mudança em seus
hábitos, do contrário não é possível um tratamento adequado da doença. Assim, a
base do tratamento inclui, antes de mais nada, medidas gerais tais como:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">*
reeducação alimentar (principalmente reduzindo o consumo de açucares de
qualquer tipo);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">* perda de
peso;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">*
atividade física;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">* uso
criterioso de álcool;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">* cessação
do tabagismo;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">* controle
de outras doenças crônicas, caso presentes (por exemplo, hipertensão) <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A depender do tipo de diabetes, os
tratamentos medicamentosos mudam:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">No diabetes tipo I, o tratamento se faz
basicamente com a administração subcutânea diária de injeções de insulina, para
compensar a falta de produção do hormônio pelo pâncreas; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">No diabetes tipo II, como a causa não é
propriamente a deficiência de insulina, as medicações utilizadas são prescritas
para basicamente 3 ações: forçar o pâncreas a aumentar a sua produção de
insulina, reduzir a resistência das células à ação da insulina, e impedir a reabsorção
de glicose pelos rins;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">No diabetes gestacional o tratamento
geralmente envolve uma combinação de ações, e o uso de insulina. A doença pode
regredir após o parto, ou não. E normalmente é uma gestação de risco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Com um acompanhamento médico adequado,
qualquer pessoa pode ter uma vida saudável e absolutamente normal, mesmo
convivendo com uma doença tão terrível. Entretanto, a conscientização do
paciente acerca de seus cuidados básicos, seu controle dos níveis de glicose e
da necessidade de fazer uso correto da medicação nem sempre produz o efeito
desejado: muitos pacientes têm dificuldade para entender que se a doença for
negligenciada, as consequências podem ser muito sérias. E as principais consequências
a longo prazo se devem a uma maior chance de desenvolvimento de:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Infarto agudo do miocárdio;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Insuficiência renal crônica (podendo chegar a
ter que se submeter a hemodiálise);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Problemas circulatório graves em membros
inferiores, podendo ser necessária a amputação;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Retinopatia diabética, que pode provocar
cegueira irreversível,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Acidente vascular cerebral (“derrame”)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Demência;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Disfunção erétil;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Neuropatia diabética: dores e perda de
sensibilidade nos membros inferiores;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Mortalidade precoce.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Algumas questões que surgem:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Se
eu comer muito doce eu posso “pegar” uma diabetes? <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A resposta é não. Diabetes não é uma
doença infecciosa para contagiar alguém. Ingerir doce, por si só, não aumenta a
chance de desenvolver a doença, mas favorece hábitos alimentares ruins e o
ganho de peso, duas condições que favorecem o aparecimento da doença. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Eu
posso ter a doença e não sentir nada?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Sim. A maioria das pessoas desenvolvem
a doença de forma silenciosa, o que não quer dizer que estão em situação melhor
que outros pacientes que apresentam sintomas. As complicações ocorrem em todos,
sintomáticos ou não. Aliás, a imensa maioria dos diabéticos nas suas fases
iniciais de doença estão assintomáticos: esse é o melhor momento para iniciar
um tratamento (pois ainda não houve tempo para o desenvolvimento de
complicações nos órgãos e sistemas). Assim, se um indivíduo está acima de seu
peso, tem hábitos alimentares ruins, outras doenças crônicas e casos na família
de diabetes, ele deve procurar seu médico para buscar orientação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #040c28; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Existe o diabetes “emocional”? <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #040c28; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Não. Esse termo é
utilizado por algumas pessoas para se referirem a um quadro de diabetes
diagnosticado após algum problema emocional</span><span style="background: white; color: #4d5156; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;">.</span></span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Se
eu começar a fazer o tratamento e minha taxa de glicose ficar controlada, eu
posso ficar tranquilo em relação à doença?<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Jamais. A doença é crônica e a
qualquer momento aquele tratamento que vinha dando certo pode ter que ser
modificado. E os cuidados gerais também não devem regredir, e sim melhorar mais
ainda. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Procure seu médico periodicamente para
que ele possa solicitar exames necessários para confirmar sua situação e lhe
orientar da forma mais adequada.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-50317820737282221152023-04-19T22:01:00.000-03:002023-04-19T22:01:09.954-03:00Como anda a sua pressão arterial?<p><span style="text-align: justify;">No mundo inteiro, mudanças para
pior nos hábitos de vida e de dieta têm contribuído para o aparecimento de um
número cada vez maior de doenças crônicas. Dentre essas, a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) tem destaque por conta de sua rápida expansão e incidência: </span><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12pt; line-height: 107%; text-align: justify;">segundo a
Pesquisa Nacional de Saúde (Brasil, 2019), </span><span style="color: #040c28; font-size: 12pt; line-height: 107%; text-align: justify;">cerca de um a cada quatro brasileiros com mais de 18 anos tinham
pressão alta.</span><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12pt; line-height: 107%; text-align: justify;"> </span><span style="color: #040c28; font-size: 12pt; line-height: 107%; text-align: justify;">Para quem tem mais de 75, seis a
cada dez pessoas</span><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12pt; line-height: 107%; text-align: justify;">.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">É uma doença responsável por </span><span style="color: #040c28; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">200 mil mortes no Brasil a cada
ano, ou 23 </span><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">mortes
por hora. No mundo inteiro, são 10 milhões de pessoas morrendo da doença por
ano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O diagnóstico de HAS não é difícil, e se deve
sempre suspeitar da doença se medidas repetidas da pressão arterial se
mostrarem elevadas, ou seja, acima de 140mmHg para a sistólica (máxima), e
acima de 90mmHg para a diastólica (mínima), ou seja, acima de 14x9. Se esses
valores estiverem presentes, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">mesmo que
você não esteja sentindo nada</b>, você deve procurar seu médico para que ele
possa lhe dar a orientação necessária para confirmar o diagnóstico e orientar
quanto ao melhor tratamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #202124; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Se não tratada de forma adequada, a HAS pode
evoluir para complicações graves, justamente por conta dos estragos dentro dos
vasos sanguíneos dos diversos órgãos do corpo, tais como rins, coração, sistema
nervoso e retina (olhos), dentre outros. Sendo assim, ao longo do tempo, a
falta de tratamento pode trazer complicações:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Insuficiência
renal</b>: os rins param de funcionar de forma adequada e muito frequentemente
os pacientes são obrigados a fazer hemodiálise 3 vezes na semana;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Dilatação
do coração</b>: a força dessa pressão não controlada faz dilatar o coração de
dentro para fora, tornando-o incapaz de cumprir sua função de bombear o sangue
pelo corpo, uma condição chamada Miocardiopatia Dilatada com Insuficiência
Cardíaca. Nesses casos, são comuns inchaços progressivos, falta de ar e
incapacidade para fazer esforços;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Infarto
Agudo do Miocárdio</b>: os danos causados pelo aumento da pressão arterial
atingem também os vasos coronários, responsáveis pala boa irrigação sanguínea
do coração. O fechamento desses vasos leva ao infarto agudo do miocárdio, e
ocorre em 65% dos pacientes com pressão alta não controlada;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Acidente
Vascular Cerebral (AVC</b>): também conhecido como “derrame”, é uma das
complicações mais temidas, atingindo oito a cada dez pessoas que não controlam
seus níveis de pressão arterial, trazendo consequências geralmente devastadoras
para o paciente e seus familiares;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Retinopatia
(cegueira):</b> os vasos sanguíneos da nossa retina ocular são muito sensíveis
à pressão alta, e são muito comuns casos de cegueira tendo como causa a HAS.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os problemas relacionados ao
diagnóstico e tratamento da HAS são preocupantes e graves:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Mesmo convivendo com níveis elevados de pressão,
nas fases iniciais da doença, na maioria das vezes, os pacientes não apresentam
sintomas, o que dá a sensação de que a doença não é tão grave assim;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]-->Quando resolvem procurar um médico para orientação,
muitos abandonam o tratamento por achar que, uma vez normalizada a pressão, não
é mais necessário o uso continuado da medicação. Ou apresentam um efeito
colateral e abandonam o tratamento sem comunicar seu médico para que sejam
tentadas outras alternativas medicamentosas;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Os pacientes em uso regular e correto da
medicação com frequência não fazem mais controles periódico, justamente por
achar que não é necessário fazer mais nada devido ao controle: é
importantíssimo medir sempre, mesmo se a HAS estiver sob controle, pois a
doença pode mudar seu comportamento sem avisar e podem ser necessários ajustes
no tratamento, tais como troca da medicação ou alteração nas doses;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span>As medidas que auxiliam muito o sucesso no
tratamento que não são medicamentosas, tais como atividade física, mudança de
hábitos de vida (abandonar o cigarro, por exemplo) e de orientação alimentar
(principalmente redução do sal), são muitas vezes deixadas de lado, pois mexem
com comportamentos habituais e alimentares difíceis de serem mudados. Mas que
ajudariam muito se pudessem ser;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Uma parcela significativa de pessoas com HAS já
se encontra com anormalidades graves e irreversíveis decorrentes das
complicações da doença, quando finalmente resolvem se cuidar. Nessa fase, a
eficiência do tratamento não é a mesma;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 53.25pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="color: #202124; font-family: Symbol; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span>Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença
crônica e na imensa maioria das vezes vai requerer o tratamento para o resto da
vida. Não tem cura, mas tem controle. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Visite seu médico regularmente a
cada ano, principalmente se você tem mais de 45 anos e tem casos na família de
HAS. Quanto mais cedo a doença for atacada, menor é o risco de, ao longo dos
anos, desenvolver complicações intratáveis.<o:p></o:p></p>Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-690623072968275422023-04-19T21:54:00.002-03:002023-04-19T21:55:36.155-03:00Estamos de volta!!!<p style="text-align: justify;">O nosso blog "Tá Sentindo o Quê", após um tempo congelado, vai voltar a receber postagens relacionados a temas em saúde, de uma forma geral e voltada principalmente para o público leigo.</p><p style="text-align: justify;">O intuito é abordar temas médicos relacionados ao dia a dia das pessoas, principalmente aquelas que estão com algum problema de saúde e ainda não foram suficientemente bem orientadas a respeito de seu problema. Ou não receberam orientação nenhuma.</p><p style="text-align: justify;">Longe de ser um manual para tratamento de uma doença, se propõe a ser uma fonte de informações e dicas, algumas delas não comentadas nos manuais e demais meios de comunicação, e que podem ajudar a entender melhor o que anda acontecendo com a sua saúde. </p><p style="text-align: justify;">Espero que esses materiais sejam úteis.</p><p style="text-align: justify;">Boa leitura!</p>Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-10347372810322876922018-03-20T14:57:00.002-03:002018-03-20T15:03:14.473-03:00Tecnologias de gestão clínica e impactos na satisfação do paciente<div data-mce-style="text-align: right;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">“<em>T</em><em>enho medo do dia em que a tecnologia superará o relacionamento humano.</em></span></div>
<div data-mce-style="text-align: right;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: right;">
<em><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O mundo terá uma geração de idiotas”</span></em></div>
<div data-mce-style="text-align: right;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: right;">
<strong><em><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Albert Einstein</span></em></strong></div>
<div data-mce-style="text-align: right;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: right;">
<strong><em><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></em></strong></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">São impressionantes as novas ferramentas criadas para o aperfeiçoamento da gestão clínica. Modelos de acompanhamento e aferição de desempenho associadas a análises de indicadores vêm sendo implantados em grandes hospitais com frequência cada vez maior, e com tal riqueza de funcionalidades que o gestor clínico poderá dentro de muito pouco tempo saber, inclusive, o que cada médico de seu Corpo Clínico comeu no almoço e no jantar. É a tecnologia pisando no terreno mais movediço de qualquer organização de saúde: o perímetro de atuação do médico.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Iniciativas dessa natureza aparentemente parecem cumprir aquilo que se propõe a fazer, a julgar pelos resultados divulgados por aqueles hospitais que adotaram soluções tecnológicas voltadas para esse fim. E, com o crescente entusiasmo que o assunto vem suscitando, parecem estar se tornando um objeto de desejo para aqueles que ainda não dispõe.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O processo de aquisição de tecnologias cada vez mais avançadas para os mais diversos fins no âmbito da gestão hospitalar é irreversível, apesar de discutível quanto à efetividade.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Mas será que a absorção de mais esse instrumental carreia valor ao processo de atendimento dos pacientes por parte desse mesmo Corpo Clínico? Será que os aspectos comportamentais aferidos pelos diversos indicadores de desempenho do profissional de alguma forma induzem mudanças francas de comportamento desses mesmos profissionais? E será que a dimensão que aborda a interpessoalidade e a experiência do paciente podem ser medidas de maneira confiável? São questões que não são novas e, de fato, frequentemente fazem a distinção entre as organizações, por consolidarem elementos para a construção daquilo que se chama reputação.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Reputação é uma palavrinha simples, mas que tem em seu lastro uma infinidade de peculiaridades. Sem sombra de dúvidas é o objetivo central de toda organização que presta serviços em saúde. É o que faz o paciente escolher entre esse ou aquele serviço. É o que determina um melhor relacionamento com fontes pagadoras. É elemento persuasivo poderoso na resolução de litígios. E, em última análise, é o diferencial de mercado.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Se tudo isso for verdadeiro, então seria de se esperar que os elementos tácitos traduzidos no comportamento do profissional e sua preocupação com a centralidade do paciente sejam tão ou mais trabalhados quanto os elementos explícitos expressos nas instalações prediais, no design da decoração, no serviço de hotelaria, nos fluxos operacionais, nos programas de avaliação de desempenho, dentre outros. Mas não parece ser exatamente isso o que ocorre.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Há de se considerar que lidar com médicos dentro do escopo comportamental e inter-relacional nunca foi tarefa fácil para ninguém. Existem relatos de várias iniciativas frustradas e de gestores destituídos de sua função por não conseguirem avançar nesse verdadeiro campo minado. A definição do problema está bem desenhada, mas iniciativas de padronizar condutas que resultem na melhor interação com o paciente nem sempre logram êxito.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nosso instinto por soluções que atendam a todas as dimensões da operação, elaborando processos e sequências lógicas que roteirizem as condutas aplicadas a essa coisa complicada que é o médico, sempre esbarram nas especificidades do campo de ação da categoria. Podemos, através de coleta de dados objetivos, com alto grau de clareza delimitar quem cumpre as recomendações emanadas pela alta direção e seus gestores, e avaliá-los quanto àqueles que atendem às principais expectativas, quem traz maior receita operacional e quem cumpre os requisitos institucionais básicos de seguimento de fluxos e processos. Mas a interação com o paciente sempre foi e sempre será incompletamente mensurada. Existem incontáveis fatores que extrapolam o registro baseado em resposta a questionários ou pesquisas de opinião, métodos tradicionais de busca desse tipo de informação, e que vão desde comportamentos simples tais como ser educado com o porteiro, até dificuldade de delimitar espaços de atuação com os demais profissionais e a própria organização. Para conhecer essas nuances, é muito importante que o gestor participe do cotidiano da operação na linha de frente, no local onde o médico normalmente exerce seu trabalho diário.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">As expectativas geradas pelo gestor, por sua vez sedimentadas por suas experiências profissionais, traços de personalidade e caráter, pressões exercidas por segmentos poderosos no âmbito da organização, senso crítico e valores morais (todos atributos não mensuráveis, por sinal), podem se chocar com aquilo que o profissional a ser avaliado julga como natural ou insignificante. Afinal, ele é o médico, é ele quem faz a roda girar e que protagoniza todo o processo assistencial. E, ademais, não existe uniformidade entre os gestores acerca dessas expectativas e consequentemente dos meios para alcançá-las.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Como já foi reforçado em publicações anteriores, se as organizações de saúde não assimilarem dois pressupostos básicos relacionados ao médico, correm um risco sério de verem iniciativas perderem o sentido. Primeiro: é fundamental aceitar, de uma vez por todas, que o médico não é parceiro de organização nenhuma (salvo aqueles que fazem parte do corpo funcional da organização, e ainda assim com exceções). Ele vai preferir na maior parte das vezes exercer sua atividade de forma primordialmente autônoma e livre, e vai se sentir incomodado se regras de conduta forem aplicadas a ele, principalmente se ele não enxergar sentido nas mesmas. E, por favor, não alimentem a ilusão de que quem se diz parceiro se comportará como tal eternamente. Não são poucos os casos de gestores decepcionados.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Temos algumas questões que daí derivam. É frequente o não envolvimento do médico nas decisões que serão aplicadas a ele, seja porque se recusa a participar das discussões acerca do assunto, seja porque a estratégia de abordagem foi equivocada. Além disso, a maioria dos médicos que trabalham nos hospitais (principalmente os privados), faz parte do Corpo Clínico aberto de cada um deles, e sua atividade pode flutuar num mosaico fluido de opções, preferindo sempre aquele local que lhe traga maior remuneração, maiores vantagens extras e menores contrapartidas de horário, posturas e obrigatoriedade de seguir regras. Alguns gestores insistem na falácia de tentar fidelizar profissionais com brindes e pequenos mimos, e perdem um tempo precioso que poderia ser direcionado para o segundo pressuposto: o local de trabalho do gestor clínico é no corredor do hospital. Quanto mais absorvido o gestor estiver em planilhas, atualização de programas, treinamentos, reuniões e atividades diversas, menor é seu tempo para interagir com seu Corpo Clínico, conhecer seus hábitos e preferências, saber seus horários, como se relaciona com os demais elementos da organização, como se comporta diante de mudanças em sua rotina, como se apresenta diante de um paciente, que visão possuem do que vem a ser uma relação saudável entre organização e ele, e até mesmo que time ele torce. Aonde sua presença será mais importante? É uma escolha objetiva, pois desde a antiguidade se sabe que o dia só tem vinte e quatro horas. Entretanto a necessidade de planificar e daí extrair resultados objetivos, natural do ser humano, se sobrepõem e mais um período de tempo se passa sem que nenhum dado consistente se revele e nenhuma mudança comportamental seja observada.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">É importante a distinção. Se por um lado mecanismos de avaliação de desempenho através de tecnologias cada vez mais sofisticadas conseguem fazer um raio-X de cada profissional em tempo real quanto à sua rotina assistencial, o que pode ser bom sob vários ângulos, ainda estamos longe de chegarmos a uma solução que nos dê a informação que queremos saber quanto aos aspectos que permeiam a interação do médico com a organização em geral, e com o paciente em particular. O primeiro é importante do ponto de vista administrativo e contábil, sem dúvida. Mas não pode ser um modelo que dê conta dos todos os demais aspectos.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O primeiro pode ser quantificado e testado perante padrões pré-determinados (benchmark). O segundo tem que ser sentido, tem que fazer parte da atmosfera que cerca o gestor.</span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div data-mce-style="text-align: justify;" style="color: #333333; font-size: 16px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O primeiro pode ser feito por um bom analista. O segundo só pode ser feito por um bom médico.</span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-63756050241388622582018-01-05T13:34:00.001-03:002018-01-05T13:34:46.649-03:00Desempenho hospitalar e a arte de não enxergar o óbvio<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;">Com
frequência tenho insistido na tese de que a Gestão do Corpo Clínico
é a mola propulsora mais poderosa para a obtenção dos resultados
operacionais que toda a organização de saúde sonha em ter. É uma
tese porque é apenas uma proposição intelectual, uma ponderação
crítica, carecendo, portanto, de elementos comprobatórios de sua
validade até que seja testada na prática. E nesse patamar teórico
deve permanecer por longo tempo, posto que nesse aspecto, é nítido
nas organizações de saúde o contraste que caracteriza a existência
de iniciativas que privilegiam a introdução de ferramentas as mais
diversificadas, voltadas em última análise à melhoria dos
processos clínicos e administrativos, e a ausência de outras formas
de análise e proposição de valor, concentradas principalmente na
criação de novas pontes entre o corpo assistencial e os pacientes e
acompanhantes, num nível tal que transforme a percepção de que
esse é </span><span style="color: black;"><b>UM</b></span><span style="color: black;"> caminho
importante a ser seguido para a certeza de que esse é </span><span style="color: black;"><b>O</b></span><span style="color: black;"> caminho
a ser trilhado, um elemento que extrapola qualquer estratégia de
ação: é a proposição principal do serviço que está sendo
oferecido.</span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;"><br /></span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">O
distanciamento entre teoria e prática no seio do corpo diretivo dos
hospitais frequentemente induz a um questionamento muito comum: em
que medida ações e adoção de políticas que nem sempre podem ser
mensuradas de forma fidedigna trazem uma receita operacional melhor
para a organização? Essa era, e continua a ser na maior parte dos
hospitais, a grande pergunta que se fazia (e ainda se faz) acerca da
eficiência da implantação de políticas de qualidade, traduzidas e
transfiguradas nos certificados de Acreditação Hospitalar.
Iniciativas no sentido de valorizar hospitais que se empenham em
adotar selos de qualidade, recompensando-os através de faixas de
remuneração diferenciadas, sem dúvida representam uma boa forma de
compensação, teoricamente, pelo esforço em tentar prestar o melhor
serviço ao usuário. Mas tem algo mais além disso, pois do
contrário todos os hospitais acreditados estariam no mesmo patamar
de reputação e desempenho, e não é novidade para ninguém que
isso não ocorre.</span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">A
esse respeito, na <a href="http://hbrbr.uol.com.br/equilibrar-estrategia-e-proposito/">edição
de dezembro/2017 da Harvard Business Review Brasil</a>, </span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">Laurent
Chevreux, Jose Lopez e Xavier Mesnard</span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> </span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">se
propõem em um artigo a analisar essa questão, sem levar em
consideração nenhum tipo de organização em particular. Nele,
comentam que “</span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><i>Para
proteger a sua empresa no nível do propósito, você deve fazer da
estratégia a serva, não a senhora. As estratégias têm limites
temporais e visam a resultados específicos. Seu propósito, ao
contrário, é o que o torna constantemente relevante para o mundo. A
estratégia é apenas um dos vários meios importantes de
operacionalizar seu propósito. A conexão humana intrínseca com o
seu propósito é ainda mais importante.”</i></span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> Alguém
tem alguma dúvida se isso se aplica ou não aos nossos hospitais?
Não estamos, talvez até inconscientemente, deixando de valorizar
certos aspectos que, em suma, vão determinar quem somos, quem
queremos servir e como vamos fazê-lo?</span></span></span></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><br /></span></span></span></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">Em
seu livro “Prescription for Excellence” (edição em
português <a href="http://loja.grupoa.com.br/livros/gestao-da-saude/receita-para-a-excelencia/9788540702066">“Receita
para Excelência”</a>, Bookman, 2013), Joseph Michelli se debruça
sobre o sucesso corporativo na prestação de serviços de saúde
pelo Sistema UCLA, nos Estados Unidos. Quando analisa o poder
que as interações entre o corpo assistencial, calcadas em
pressupostos explicitamente colocados para todos os envolvidos na
cadeia de interações com pacientes e familiares, e ancoradas
principalmente em princípios (e não estratégias) tacitamente
desenvolvidas pelo exemplo e pela indicação/desenvolvimento de
lideranças, costuma citar</span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> </span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;">Dr.
David Feinberg, seu presidente, como um dos mais
entusiastas na adoção das mesmas. Ele, por sua vez, tem
algumas explicações para justificar porque o sistema de hospitais
da UCLA apresenta uma receita bastante diferenciada em relação
aos demais concorrentes de mesmo porte. Para ele, não há dúvidas
de que a forma como o atendimento prestado pelo corpo
assistencial é feito, incluindo (e principalmente) o
atendimento médico, faz toda a diferença quando se fala em
lucratividade do serviço. Segundo ele, “</span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><i>nossos
esforços para criar uma conexão emotiva e prestar atendimento
centrado no paciente estão fortalecendo nossas indicações e
gerando novos clientes.”</i></span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"> E
ainda “</span></span></span></span><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><i>...as
indicações de pacientes e familiares são melhores do que qualquer
tipo de marketing.”</i></span></span></span></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><i><br /></i></span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;">Pode
soar meio romântico e simplista demais. Talvez. Mas não resta a
menor dúvida que na onda dos modismos e adoções acríticas de
maneiras “eficientes” de alcançar avanços e diferenciais de
mercado, parece que temos nos esquecido do elemento fundamental e
catalisador de toda a cadeia produtiva que envolve o setor saúde: o
paciente. E, por mais absurdo que pareça, o pensamento vigente ainda
não conseguiu colocar esse paciente no patamar de interação
adequado: se por um lado há uma preocupação declarada com as
questões relacionadas à segurança do paciente, muito legítimas
por sinal, por outro lado pouca atenção é dada aos demais
aspectos interativos e relacionais da condição humana.
Com frequência ouvimos gestores dizerem que o sucesso de um hospital
depende de sua arquitetura bonita e moderna, seu serviço de
hotelaria perfeito, seu parque tecnológico avançado e seus
profissionais renomados. Será mesmo? Não falta alguma coisa?
Em conversas privadas chego a ouvir que nem mesmo um setor de
ouvidoria é necessário num grande hospital.</span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;"><br /></span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;">Venho
repetindo há muito tempo que a maior fronteira a ser
vencida é a da convergência de esforços para a satisfação do
paciente e seus acompanhantes, independente da estrutura hospitalar
aonde ele se encontra, do grau de complexidade ou de sua fonte de
financiamento, pública ou privada. Vejo hospitais de porte
menor, alguns públicos inclusive, mas com setores muito envolvidos
com a busca da melhor experiência do paciente. Por isso mesmo, são
muito procurados e conceituados, sem necessidade de nenhuma
estratégia de publicidade.</span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;"><br /></span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;">No
final das contas, a parte mais difícil será certamente a de
conquistar o maior de todos os tesouros: a
reputação. E nesse aspecto, a Gestão de Corpo Clínico bem feita
vai se transformar no grande diferencial dessa história, sem a menor
dúvida.</span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;"><br /></span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: Calibri Light, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt;"><span style="color: black;">Parece
fácil, mas não é. Mas quem pagar pra ver vai sair na
frente.</span></span></span></span></div>
<div align="justify" style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">
</div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-11139924920228566152017-08-07T23:28:00.003-03:002017-08-07T23:28:55.935-03:00Gestão Clínica: qual o custo da nossa inércia?<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: right;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><em style="box-sizing: border-box;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Somos responsáveis por aquilo que fazemos, o que não fazemos, e o que impedimos de fazer.</span></em></span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: right;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Albert Camus</span></span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Poucas organizações hospitalares em nosso país têm se dedicado à Gestão Clínica. Destas, apenas uma pequena parte se dispõe a compartilhar sua experiência, auxiliando o crescimento de outras. E dadas as multiplicidades de arranjos, perfis organizacionais, clientela, orçamentos e regime jurídico, aquelas que resolvem desenvolver essa matriz estratégica tendem a adotar modelos que variam na sua eficácia de forma diretamente proporcional ao investimento aplicado, no seu sentido amplo. Ainda assim, temos várias referências de hospitais, privados na sua absoluta maioria, que se dedicaram pesadamente na aquisição das ferramentas de medição e desenvolvimento de lideranças, substratos básicos para a Gestão Clínica, por acreditarem que esse é um caminho, senão o mais importante, para o alcance de padrões de qualidade da forma mais definitiva e transparente. O horizonte é a busca por processos clínicos melhores e ganhos de reputação na comunidade onde está inserido. Os resultados falam por si: nas organizações que abraçam esses princípios, basta um olhar mais atento para enxergar a relação de causa e efeito, inclusive nas suas receitas operacionais (consequência natural e vital em tempos de crise).</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Espalhados país afora, se encontram a imensa maioria dos outros hospitais e demais serviços de saúde. Em função da inviabilidade econômica de criar o ambiente adequado para a implantação e desenvolvimento desses processos, do desconhecimento acerca do assunto (ainda extremamente comum), ou em função de simplesmente seu corpo diretivo não acreditar no poder transformador que uma Gestão Clínica bem feita pode trazer para toda a organização; quase todos patinam entre iniciativas de baixo impacto nos seus resultados e a ausência completa de qualquer tentativa ou experimentação nessa direção.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Gestão Clínica tem sido tratada como um assunto secundário dentro da complexidade das organizações hospitalares, a despeito da sua importância tão enaltecida nas rodas de discussão e nos congressos de gestão em saúde. Sua relevância é quase sempre superada pela necessidade de resolver as urgências cotidianas, pela falta de preparo ou de liderança de seus gestores, pela pouca absorção da estratégia por parte de alta direção, bem como no direcionamento de energia para ações periféricas. Ninguém parece estar muito interessado em aprofundar essas questões. Um reflexo disso é a ínfima quantidade de publicações e eventos que tratam do tema. E na maioria das vezes, fala-se sobre Gestão Clínica, Gestão de Corpo Clínico e Governança Clínica, de forma indistinta, equivocada e superficial.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Dessa forma, o que poderia ser um diferencial competitivo, acaba por se tornar apenas um assunto fortuito, que alguém já ouviu falar, quase nunca colocada em discussão e muito menos posta em prática. Nessas mesmas organizações privadas, exemplos de sucesso podem ser inspiradores para aqueles que conseguem ver um pouco mais além de faturamento, glosas, reformas, fornecedores e autorizações. Mas é na rede pública de saúde onde a carência de métodos organizacionais antenados com esses tempos de crise, dentre eles a Gestão Clínica, se mostra mais cruel.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Nos hospitais públicos, a assincronia entre o estrutura/método versus receita/eficiência tem várias explicações, na maioria das vezes relacionadas a financiamento insuficiente e/ou a falta de gestão apropriada, deficiência de quadros técnicos especializados, e no próprio sentido de corpo de seus colaboradores, amparados por regimes especiais. Dentro desse contexto, o poder público (federal, estadual ou municipal), vem a alguns anos encontrando nas concessões de serviços a entes privados – terceirizações, principalmente através de organizações sociais, uma maneira interessante de, ao menos, reduzir o custo de pessoal e melhorar a eficiência de gestão, desde que preencham os critérios para a concessão destes e que os mesmos atinjam metas pactuadas previamente, em uma suposta parceria de negócio que teoricamente seria interessante para ambos os lados. Mas a eficiência da gestão a um custo menor, que poderia servir de alívio ao orçamento público, não parece ser uma unanimidade. Ao contrário, de forma especialmente silenciosa, a falência desse sistema vem gradativamente superando os menos numerosos casos de sucesso.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">As menções acerca da iniquidade da concessão de serviços de saúde a terceiros são muitas, em detrimento de relatos de experiências exitosas. A comunidade a ser servida por esses serviços não participa dos processos decisórios e as metas não são muitas vezes cumpridas, seja por falta de compromisso nos repasses de valores por parte de quem contrata ou por desídia daqueles que deveriam cumprir o acordado. Isso sem falar nos imbróglios no âmbito da <a href="http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/justica-suspende-mudanca-na-gestao-do-hospital-de-itanhaem/?cHash=d1efb3e2888bd142072a13ce401958ec" style="background-color: transparent; box-sizing: border-box; color: #498bf3; outline: none; text-decoration-line: none;">Justiça do Trabalho</a>. Aparentemente, o sistema parece estar entrando agora numa fase de re-acomodação, em que se espera que os entes públicos façam novas reflexões acerca da efetividade que a transferência de responsabilidade na saúde supostamente pode trazer.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Em suma, financiamento baixo para a manutenção de estruturas caras à administração pública, mas que, em nome de uma gestão mais eficiente, teoricamente seriam suficientes para aqueles que aceitam o desafio de transformar a prestação do serviço em saúde. Esse é um forte argumento na lógica de mercado. Mas, e se houvesse um processo de capacitação de gestores públicos nas unidades de saúde, de forma profissional e intensiva? O Ministério da Saúde e outras tantas instituições públicas e privadas disponibilizam várias alternativas nesse sentido, cuja formação do gestor poderia ser condicionada a critérios de aprovação e resultados na obtenção de metas em sua unidade.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Outro caminho poderia ser a contratação de gestores profissionais. No Estado de São Paulo, uma iniciativa da Secretaria de Educação deve ser testada em breve nessa direção, inclusive com a criação de um concurso público para o provimento de quase <a href="http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/07/1901486-o-segredo-e-o-gestor.shtml" style="background-color: transparent; box-sizing: border-box; color: #498bf3; outline: none; text-decoration-line: none;">duas mil vagas de Diretor das escolas</a>. Como todos sabem a Educação básica e pública também é um bem essencial, de responsabilidade dos Estados e Municípios. O argumento é simplório, porém definitivo: o gestor motivado por um cargo conquistado por méritos técnicos tem uma razoável possibilidade de se tornar um líder no aperfeiçoamento das atividades na organização que irá dirigir. E não é uma ideia nova, posto que já foi testada com sucesso na Inglaterra.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Coincidência, pois foi a mesma Inglaterra que a partir da década de 60 no século passado criou e posteriormente aperfeiçoou os princípios de <a href="http://anahp.org.br/noticias/noticias-do-mercado/as-7-dimensoes-da-governanca-clinica-nos-hospitais" style="background-color: transparent; box-sizing: border-box; color: #498bf3; outline: none; text-decoration-line: none;">Governança Clínica</a>, citada à exaustão por aqueles que veem no Sistema Nacional de Saúde (NHS) daquele país um modelo inspirador de transparência e compromisso com o bem público. O nosso Sistema Único de Saúde teve suas bases alicerçadas dentro desses princípios, mas como não somos ingleses, parece mais fácil adotar uma cartilha menos ortodoxa.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Gestão Clínica tem a ver com eficiência alocativa, uso racional de recursos (sempre escassos), resultados condicionando contrapartidas, segurança jurídica, plano de cargos e salários, capacitação intensiva de gestores, fiscalização e cobrança de cima para baixo e de baixo para cima, auditoria plena, espaços de discussão e transparência.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É, finalmente, o exercício de um talento que leva em consideração todos os elementos envolvidos na assistência à saúde, menos a discussão estéril acerca das origens de nossos problemas, que contrapõem falta de gestão versus falta de financiamento, tanto na esfera pública quanto privada.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Buscar a aplicação dos pressupostos de Gestão Clínica, adaptando-os à realidade local, pode ser a oportunidade de mostrar que existem diferenças abissais entre intenção e gesto. E pode servir de estímulo para o fim das desculpas pela inépcia ou tentativas de colocar a culpa nos outros, aí incluindo a política, a crise, a falta de tempo e tantas outras.</span></div>
<div class="selectionShareable" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #555555; font-size: 17px; line-height: 1.6; margin-bottom: 25px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Porque, convenhamos, pior não pode ficar.</span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-31862719156180651272017-01-31T21:28:00.000-03:002017-01-31T21:28:52.222-03:00Gestão Clínica dos Hospitais e o reflexo das iniquidades do país <div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><i><span style="background: white; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri;">“<span class="whole-read-more">Uma república sem cidadãos de boa reputação não pode
existir nem ser bem governada; por outro lado, a reputação dos cidadãos é
motivo de tirania das repúblicas”</span></span></i><o:p></o:p></b></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="whole-read-more"><b><i><span style="background: white; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: .5pt;">Nicolau Maquiavel</span></i></b></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os valores atribuídos à Gestão Clínica (e por extensão à Gestão do
Corpo Clínico), apresentados à exaustão nos últimos anos aos tomadores de
decisão dentro e fora das organizações hospitalares, se encontram num aparente
estado de congelamento. A despeito de tantas vezes ser qualificada como uma
estratégia inovadora, capaz de agregar práticas e posturas que num sentido mais
amplo poderiam trazer benefícios em escala a todos os elementos da cadeia
produtiva dentro do ambiente de prestação de serviços em saúde, os corolários
da Gestão Clínica continuam a ser utilizados de forma muito tímida ou
simplesmente são ignorados pela imensa maioria das organizações de saúde,
principalmente as hospitalares. E, pior, parecem gozar de menor atenção ainda
na medida em que o tempo passa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não sem razão. Investir na construção de matrizes organizacionais que
privilegiem boas práticas e qualidade assistencial no seu sentido mais amplo
implica na adoção de medidas que nem sempre são abraçadas de imediato por
aqueles que controlam os custos. São medidas nem sempre baratas (a depender de
como são conduzidas as mudanças), sua aplicação plena demanda tempo e seus
resultados às vezes não correspondem ao esperado. Num momento em que novas
estratégias são repensadas em função de
seus custos e dificuldades de acesso ao crédito, aquilo que não traz horizontes
visíveis em curto prazo é colocado no fim da fila. Diferentemente de países
como os Estados Unidos, em que recomendações ao exercício da boa prática clínica
são facultativos e com assustadora freqüência ignorados, ou o Reino Unido, seu
oposto, em que os princípios de Governança Clínica fazem parte de uma política
de Estado, ocupamos uma incômoda posição de indefinição. Justo nós, que tanto
poderíamos nos beneficiar desses pressupostos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E, pronto, o círculo vicioso está completo. Investimentos em
estratégias inovadoras são deixados de lado, o que limita ainda mais o
desempenho global dessas organizações. Nesse contexto, é natural que não só a
Gestão Clínica como outras tantas boas iniciativas sejam deixadas para um
futuro com menos incertezas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas a conseqüência de maior impacto talvez não seja a perda da
oportunidade de melhoria dos processos e da diferenciação competitiva.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É possível distinguir alguns problemas no cenário da assistência à
saúde em nosso país: </div>
<div class="ListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->O
crescimento do segmento hospitalar há muito não apresenta musculatura que
inspire novos investimentos, à exceção de grandes grupos quando se expandem;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->A
inovação sempre foi vista com desconfiança pela alta direção da maioria dos
hospitais;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Os
mecanismos de pagamento por serviços prestados permanecem imutáveis. E mesmo
assim com assiduidade incerta (gerando um eterno descontentamento por parte de
quem produz, mesmo com tantas discussões acerca da falência dos modelos
vigentes de pagamento por serviços em saúde);</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Os
tomadores de serviço tratam com desconfiança aqueles que os oferecem, sem
distinção quanto ao ambiente de negociação ser público ou privado;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->A
quebra de regras contratuais se tornou lugar-comum, gerando incertezas para o empreendedor
em saúde;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Profissionais
de saúde continuam a receber valores aviltantes de honorários, ao mesmo tempo
em que permanecem paradoxalmente cortejando pagadores de reputação suspeita,
criando uma dependência visceral e indecente; </div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Os
usuários finais do sistema, razão de ser de todo o negócio, ou seja, os
pacientes; vivem talvez o seu pior momento quanto às suas escolhas, ou pior,
muitas das vezes vivem a angústia de não ter escolhas na hora de utilizar os
serviços contratados de operadoras de planos de saúde;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Ao
mesmo tempo, o setor suplementar da assistência à saúde encolhe de forma
consistente ano após ano;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->As
agências reguladoras nunca foram tão inertes e desacreditadas em seu papel de
moderação nas forças do mercado;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Nossa
pirâmide populacional favorece o crescimento de doenças de maior custo para os
sistemas de saúde, sem que deixemos de conviver com doenças epidêmicas ou
relacionadas à pobreza, ou à ineficiência do Estado no provimento dos meios
básicos de assistência;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Conseqüência
da afirmação anterior, a sinistralidade das operadoras de planos de saúde vem
aumentando assustadoramente, colocando em risco a própria existência das
mesmas;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Baixos
investimentos na pasta da Saúde (e que devem diminuir ainda mais a partir de
agora) engessam ou extinguem os serviços em geral, traduzidos, dentre outras
coisas, por falta de renovação tecnológica, baixa profissionalização gerencial
e achatamento salarial;</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Nessa
mesma linha, anarquia advinda da contratação de mão de obra médica através da
exigência covarde de aquisição de um CNPJ para fins de recebimento de valores, cooperativas
fajutas de trabalho profissional, cargos comissionados de perfil exclusivamente
político, processos seletivos simplificados (muitas vezes também direcionados),
e, num âmbito maior e salvo honrosas exceções, a transferência de
responsabilidade da prestação de serviço a oportunistas de plantão travestidos
de Organizações Sociais.</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
Com tudo isso,
não é surpresa constatar que a maioria das organizações não tenha mudado de
forma essencial seu perfil diante da sociedade e do mercado de saúde. As
grandes organizações públicas ou privadas que servem de inspiração às demais
continuam a gozar de uma reputação que lhes permite viabilizar seu negócio de
forma sustentada, mas não sem esforços e algumas vezes malabarismos diversos para
contornar as ameaças do mercado. Já as demais, que em algum momento chegaram a
vislumbrar a possibilidade de incorporar métodos de gestão clínica como
diferencial competitivo (traduzidos nos pressupostos da Gestão do Corpo Clínico),
continuam a reproduzir as mesmas práticas que se por um lado impedem o
fechamento das suas portas, por outro as mantém inertes quanto à conquista dos
ganhos que a incorporação desses pressupostos poderia trazer. <o:p></o:p></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
O grande receio
dos idealizadores de uma gestão clínica plena, e que têm a certeza quase
inexorável do sucesso que a mesma traria para as suas respectivas organizações,
é que tudo permaneça como tal por tempo indeterminado, ou simplesmente nunca
mude. Ou seja, todo o esforço para a determinação de marcos teóricos (incluindo
aí o trabalho de rebuscamento de experiências, teste de campo, treinamento de
pessoal, acompanhamento de indicadores e projetos-piloto), todo o investimento
feito na conscientização da necessidade da utilização de ferramentas de gestão
até então desconhecidas e que precisavam ser testadas, toda a proposta de
vinculação dos princípios da Gestão do Corpo Clínico com a Qualidade no seu
sentido mais profundo, e toda a empolgação num futuro melhor para a assistência
à saúde em geral (e a hospitalar em particular), num movimento sincrônico com
os anseios de governos, fontes pagadoras diversas e famílias; não têm lugar
enquanto a acomodação e expectativa geral forem dominantes.</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
Não se trata
aqui de, como tudo e todos, responsabilizar a crise política e econômica como
responsáveis pelo engessamento generalizado. Muito pelo contrário.</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
Organizações e
gestores que conseguem enxergar um pouco além sabem que para que algumas das
transformações mais geniais em saúde aconteçam, nem sempre investimentos
maciços são necessários. Questões como governança (e sua sombra, a
transparência), identificação/capacitação de líderes, criação de ambiente de
aprendizado, geração de fluxos operacionais mínimos (tais como grupos de
elaboração de diretrizes e protocolos, ou incentivo à formação de comissões de
apoio) não dependem de orçamentos polpudos. Dependem de vontade e visão.</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
Do contrário,
também nos corredores dos hospitais continuaremos a conviver com a realidade
tão cruel que deixa a todos indignados todos os dias: uma organização de saúde
é, em boa medida, uma reprodução em miniatura de todas as idiossincrasias e
absurdos contados diariamente no noticiário. Senão vejamos:</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->O
país tem dificuldades no cumprimento das leis? </div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Há conflitos entre as diferentes esferas de
poder?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Recursos para investimentos essenciais são
escassos, mas a aplicação dos mesmos em benefício de poucos é um fato
consumado?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Por maiores que sejam os esforços das instâncias
fiscalizadoras na aplicação desses mesmos recursos, seu trabalho é muitas vezes
ignorado ou desqualificado?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Boas propostas de gestão não são muitas vezes
levadas a cabo por não beneficiarem segmentos de poder?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->O cidadão freqüentemente é ignorado nas suas
opiniões e manifestações públicas de repúdio?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Nosso momento não enxerga em curto prazo
crescimento econômico sustentável?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Pessoas
não qualificadas são alçadas a cargos diretivos, em detrimento de outras
tecnicamente melhor preparadas para a função?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->As opiniões sobre de quem é a culpa das diversas
mazelas cotidianas muitas vezes são reduzidas à questão “gestão versus
financiamento”?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->As negociações para a aquisição de bens e
serviços para a população quase sempre são acompanhadas por um agente corrupto
na negociação?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Decisões democraticamente tomadas são muitas
vezes ignoradas em prol de interesses escusos?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Minorias e populações com alta demanda social
têm sofrido achatamento em seus benefícios?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Trabalhadores vêm experimentando arranjos e
propostas estranhas, assim como faltam perspectivas de correções salariais
balizadas pelos indicadores econômicos habituais?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 71.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">Ø<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]-->Há legitimidade nos cargos de direção do país?</div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
Há ou não um paralelo entre os equívocos que o país vive e
as organizações onde sistemas complexos de hierarquias e processos se interdigitam,
tais como os hospitais? </div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
Organizações de saúde precisam de pessoas com a
personalidade necessária para servirem como agentes de transformação. As
oportunidades estão por aí. E, como dizia Maquiavel, a reputação pode ser o
diferencial quanto à sustentabilidade do setor. </div>
<div class="ListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="ListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
Nos hospitais e no país.</div>
<div class="ListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="ListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-53815072986656070082016-09-05T22:27:00.001-03:002016-09-07T21:07:57.449-03:00O Corpo Clínico em evidência: bandido ou mocinho dos custos assistenciais?<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<b><i><span style="background: #fdfcfb; color: #333333;">Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais
inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças</span></i></b><span style="background: #fdfcfb; color: #333333; font-size: 10.0pt;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<b><span style="font-size: 10.0pt;">Leon C. Megginson<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Algumas reflexões sobre aspectos relacionados às políticas de saúde
têm sido precedidas por outras mais urgentes ou de maior repercussão, a
despeito da relevância intrínseca que cada um individualmente representa. O atual
momento político confuso no nosso país, aliado a outros problemas de abrangência
internacional, levam os formuladores de políticas de saúde a restringirem seus aprofundamentos
às urgências cotidianas, num momento em que outras demandas urgentes clamam por
direcionamento.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enquanto assistimos com pesar a
disseminação do vírus zika pelo mundo, os círculos do poder no nosso país
discutem iniciativas de eficácia duvidosa. Assim o é, por exemplo, com relação
à proposta de criação de um plano de saúde para a população de menor poder
aquisitivo. A idéia é que essas pessoas possam ter acesso a serviços de saúde que
de outra forma não teriam se dependessem única e exclusivamente do Sistema
Único de Saúde (SUS), dadas as dificuldades de acesso a consultas, exames e
procedimentos que, em tese, deveriam ser supridos pelo referido sistema. Sob
uma lógica evidentemente neo-liberal, postula-se o desmantelamento de um
patrimônio do povo brasileiro conquistado (não sem muita luta), sob o argumento
de que o custo de manutenção do sistema é inaceitavelmente alto. Segmentos
representativos da sociedade já se debruçam sobre como contestar a iniciativa,
e possivelmente saberão através dos meios legais não deixar que a ideia, falsa,
falaciosa, ignorante e sob motivações suspeitas; venha a vicejar. Mas vamos falar sobre isso em outro momento </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No cenário internacional também
não faltam elementos para discussão, envolvendo prioritariamente dificuldades advindas
dos custos de manutenção de padrões de qualidade na assistência à saúde, historicamente
estabelecida, tanto pelas nações em que o Estado protagoniza as políticas
assistenciais, como por aquelas em que a livre concorrência e ausência ou pouca
interferência estatal é a regra. Nesse aspecto, é interessante a notável
confluência de interesses na busca de soluções. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma das idéias recorrentes
voltadas para este fim está centrada no conceito de que o verdadeiro caminho
para uma assistência à saúde deve privilegiar o resultado final do ciclo de atendimento
de uma pessoa ou de uma população, ou seja, o valor que é entregue ao final
desse ciclo. Vários autores e importantes pensadores, principalmente da Escola
de Harvard, têm preconizado que a se manter o cenário atual, e principalmente,
no que virá a ser em poucos anos, os sistemas de saúde vão certamente implodir.
Apenas para ficar num exemplo, nos Estados Unidos da América (EUA) o percentual
do Produto Interno Bruto (PIB) destinado à assistência global à saúde é atualmente
de 18 a 20%, dependendo da fonte. Outras nações enfrentam dificuldades
semelhantes, se bem que em percentuais menos assustadores. Acredita-se que se
nada for feito em relação aos custos de manutenção do sistema, em menos de vinte
anos o percentual do PIB destinado à saúde nos EUA chegará a 30%, o que, do
ponto de vista de gestão orçamentária, é certamente inaceitável e impossível de
ser mantido.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Segundo o economista em saúde Len
Nichols, “<i>a reforma do pagamento que
recompensa a qualidade em detrimento do volume é a chave para usar as forças do
mercado para alinhar incentivos para pacientes, prestadores e pagadores</i>” (<a href="http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1001604#t=article"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1001604#t=article</span></a><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"> – acesso em 01/09/2016)</span><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">. Reforçando a tese, Michael Porter, um cientista
aeroespacial que se tornou uma referência mundial na disseminação dos conceitos
envolvendo entrega de valor ao paciente, também tem vasta produção abordando essa
idéia, incluindo o seu famoso livro “</span><a href="http://www.grupoa.com.br/livros/gestao-da-saude/repensando-a-saude/9788577800025"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Repensando a Saúde –
Estratégias para Melhorar a Qualidade e Reduzir Custos</span></a><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">” (Bookman- Grupo A, 2006).
Com a repercussão extremamente positiva de suas convicções no nosso meio,
principalmente entre os pagadores de serviços, Porter chegou a vir ao Brasil
por duas ou três vezes como convidado para ajudar a disseminar as suas idéias,
sempre com auditórios cheios e resultados invariavelmente pífios com relação à
mudança de atitudes. Aqui, como em seu país natal, nem sempre idéias bem
recebidas se cristalizam em iniciativas. Faz algum tempo que ele não retorna
aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Mais recentemente pudemos conhecer algumas experiências
concretas nesse campo, que aparentemente se mostram promissoras do ponto de
vista de resultados clínicos satisfatórios e recompensas aos prestadores com
economia substancial de recursos. A obra “</span><a href="file:///C:/Documents%20and%20Settings/Cliente/Desktop/atheneu.com.br/buscando-o-triple-aim-na-saude.html"><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Buscando o Triple Aim na
Saúde</span></a><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">”
(Atheneu, 2015), por Maureen Bisognano e Charles Kenney, nos apresenta alguns
exemplos em que a predisposição de tentar caminhos diferentes dos que existem
na assistência à saúde sob a ótica da compensação financeira atrelada ao valor
obtido ao cabo de um ciclo de doença pode, aparentemente, lograr êxito. Na obra
são elencadas algumas experiências que, se não perfeitas, parecem ter sim
resultados satisfatórios para profissionais, gestores, provedores e pagadores
de saúde. Apesar de conclusões que apontam nessa direção, fatores como a
dificuldade de estabelecer métricas de avaliação dos serviços, mecanismos de
pagamento super ou subdimensionados, e ausência de transparência, são apontados
pelos autores como problemas ainda sem solução. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas que não se iludam os entusiastas. Os caminhos não
são fáceis de serem trilhados e relatos dessa natureza tendem a ser enviesados
por diversos motivos. Para nós, não custa repetir o recado: idéias e conceitos
não são modelos estabelecidos de sucesso. Ainda que fossem, modelos nem sempre
são reprodutíveis em circunstâncias diversas. Ou seja, se deu certo em um
lugar, não significa que dará certo em outro. Por falar em motivos, não nos
esqueçamos que a preocupação com a saúde da população é real, mas tão ou mais
real ainda é a preocupação do quanto vai custar aos pagadores: governos e
corporações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Quanto aos hospitais, não conhecemos ainda no nosso
país iniciativas dessa natureza que possam ser replicadas dadas a nossa
infinidade de arranjos organizacionais na prestação de serviços em saúde, nosso
ambiente político e regulatório, e, principalmente, nas formas de pagamento.
Algumas organizações de reconhecida reputação e que há muito incorporaram no
seu DNA os modernos conceitos de Qualidade enquanto política institucional,
gradualmente vem adotando métricas e práticas que privilegiam o
custo-efetividade e a eficiência alocativa de recursos de forma mais pragmática
que aqueles que, a despeito de um discurso sintonizado com tendências atuais, e
com os mesmos níveis de certificação de qualidade, ainda vivem sob total
dependência do modelo que privilegia o volume de produção como referência para
a remuneração pelos seus serviços prestados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Discursos não faltam para repetir as mesmas queixas em
relação ao sistema vigente e tendem a se tornarem escassos na medida em que se
esgotam: ouve-se mais do mesmo. Críticas à estrutura política, percepções vagas
sobre alternativas para superar crises, opiniões que se repetem de forma
automática e, principalmente, reforço sobre a desordem gerencial nos marcos
regulatórios da prestação dos serviços em saúde tanto públicos e privados, ainda
não tiveram a capacidade promoveram alguma mudança de mentalidade que se
traduza em ação. Todos os segmentos
envolvidos na assistência à saúde percebem de forma muito clara a necessidade
de transformações imediatas, mas poucos se arriscam a fazer mudanças na direção
de uma matriz que possa satisfazer se não todos os elementos dessa cadeia, pelo
menos o paciente. Mais comum uma postura conservadora com relação aos destinos
do mercado, deixando para frente decisões tão polêmicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">As propostas que trazem uma tentativa de agregar valor
ao paciente e ao serviço de saúde no ciclo de atendimento são mais uma das
muitas que já foram sugeridas. Não é possível que com tanto material produzido
aqui e no mundo, tantas boas idéias formuladas na busca de um ideal
assistencial, ainda tenhamos que nos ater a um modelo de produção de bens e
serviços em saúde que privilegie pura e simplesmente o pagamento por serviços
prestados. Não vai se sustentar. Simples assim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Sob esse aspecto, um misto de comodismo, urgências para
as demandas motivadas por custos cotidianos, e interesses pouco claros ou
suspeitos impedem que, por exemplos, lideranças clínicas, pagadores, gestores, fabricantes
de insumos, a academia e estratos do governo sentem-se na mesma mesa para
discutirem de forma séria alternativas aos modelos existentes na prestação de
serviços à saúde e aos mecanismos de financiamento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Nos hospitais em especial (elemento dessa cadeia com
fortíssimo impacto nos custos assistenciais), a manutenção de modelos de
prestação de serviços de maneira conservadora dá a falsa impressão de segurança
da viabilidade do negócio em si. Meras quimeras. Há décadas tanto os hospitais
públicos quanto os privados, em sua imensa maioria, têm muito mais a se queixar
que a comemorar. Não é à toa que justamente aqueles que privilegiam políticas
de qualidade (faço questão de assinalar que adotar políticas de qualidade não é
sinônimo de ter Certificados de Acreditação. Enquanto um é princípio básico,
elemento de seu core, o outro é uma conseqüência e não um fim em si) ou que
tiveram a capacidade de identificar os quadros mais apropriados que deveriam
estar à frente da sua complexa gestão, são aqueles que servem de exemplos de
eficiência dentre as organizações hospitalares. Mas cabe aqui uma distinção: certificação de
qualidade não é sinônimo de vontade para alterar o modelo vigente, que
privilegia a quantidade com valor agregado. O que se propõe é a quebra dessa
lógica em nome de uma medicina longitudinal e não horizontal, mais enxuta nos
custos sem perda de qualidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">E dentro da rotina hospitalar, a prestação de serviço
ao paciente internado é sem dúvida o ponto nevrálgico dessas reflexões, por
representarem com seus números superlativos a essência do que se faz, como se
faz e quanto se faz. Dito de outra forma, não é falso admitir que os maiores
custos (nas organizações públicas) e recompensas (nas organizações privadas),
dentro da lógica vigente, tem a ver diretamente com o tipo de assistência que é
prestada ao pacientes internados em suas dependências. O que inevitavelmente
também nos remete à atuação do Corpo Clínico nesses espaços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Seguindo pelo mesmo raciocínio,
também não é errado admitir que num contexto mais amplo, a não adoção de algum
tipo de direcionamento, métrica ou arranjo entre os membros do Corpo Clínico
que propicie a incorporação de princípios de atenção global (e não fragmentada
entre múltiplos especialistas), humanidades (evitando delegar responsabilidades
simples aos psicólogos e assistentes sociais, por exemplo), agregação
(envolvendo a equipe multiprofissional nas discussões, principalmente a
enfermagem) e senso de racionalidade (evitando exames e terapias desnecessárias
ou não prioritárias, considerando a relação custo-benefício e de
custo-efetividade de suas práticas); conduza a um resultado operacional e
assistencial que tende a ficar muito aquém do potencial, do que seria possível
ser feito. Os elementos acima representam apenas os alicerces da boa assistência
médica, seja qual for o modelo adotado. Arrisco dizer que isso não se vê com
clareza em boa parte das organizações hospitalares. Senão na maioria.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O desenvolvimento de iniciativas
como a disseminação do conceito de Medicina Hospitalar representam um avanço
considerável na percepção do que vem a ser uma assistência de qualidade para o
paciente internado nos hospitais. As vantagens da adoção do modelo são
inequívocas. Mas esse mesmo modelo ainda hoje enfrenta barreiras importantes, e
que vão desde a impossibilidade financeira dos hospitais em contratarem equipes
capacitadas (situação ainda vigente para a imensa maioria dos hospitais), até
ineficiência total do modelo em função da não compreensão dos seus objetivos,
e, por conseguinte, suas vantagens competitivas no ambiente externo, além da
segurança e qualidade para os pacientes internados. Mas a Medicina Hospitalar também
não é o único meio para melhorar o desempenho hospitalar nesse aspecto. A
percepção da necessidade de se obter melhores resultados no campo da segurança
assistencial, resultados clínicos e recompensas financeiras advindas disso,
poderia mobilizar pagadores, gestores e governantes que estejam sensíveis à
percepção de que algo efetivamente precisa ser feito. Propostas de ação, idéias
inovadoras e mecanismos de transformação não faltam nas nossas estantes. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nosso país, assim como os EUA,
caminha para a anarquia e inadimplência generalizada na prestação de cuidados
em saúde, que não poupará ninguém. Ninguém mesmo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mudar é possível, preciso e
urgente. </div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-15967213474587745482016-05-15T17:40:00.000-03:002016-05-15T17:40:31.865-03:00O futuro do Corpo Clínico<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-left: 120.5pt; text-align: right;">
<i><span style="font-size: 10.0pt;">“Existem três tipos de empresas (e pessoas): as que
fazem as coisas acontecerem, as que ficam vendo as coisas acontecerem e as que
perguntam: o que aconteceu?”<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><i><span style="font-size: 8.0pt;">Philip Kotler<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><i><span style="font-size: 8.0pt;"><br /></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A despeito da paralisia coletiva provocada
pelas turbulências nacionais e as transformações mais recentes mundo afora, a
partir da análise de informações que circulam no meio, principalmente
acadêmico, algumas mudanças silenciosas nas características demográficas
populacionais, nas políticas de saúde e nos processos internos dos hospitais
estão em pleno avanço sem que os principais formadores de opinião ainda se dêem
conta. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Num mercado que envolve negócios
de vários zeros e que emprega uma porção substancial da força de trabalho nos
diversos países, como o nosso, o hospital, enquanto organização, tem um papel
de absoluto destaque, sendo muitos os motivos histórico-sociais que os
transformaram em referência no tratamento das doenças em geral. A dinâmica
assistencial no modelo adotado pelos governantes ao longo de décadas privilegia
o hospital como centro de referência para a prestação dos serviços de saúde,
tendo como motor a geração de receita operacional a partir dos processos
relacionados à ocupação de suas unidades de internação com pacientes em seus
mais diversos problemas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A sofisticação tecnológica
crescente incentivada e incorporada por seus gestores, a criação e oferta de
novos serviços de continuidade da assistência, assim como a concentração de muitos
quadros técnicos de referência numa mesma estrutura predial, aliados aos já
conhecidos fatores demográficos em transformação (tais como envelhecimento
populacional e maior prevalência de doenças crônicas), acabaram por criar no
imaginário popular e no das pessoas que têm uma relação próxima ao poder (estes
muitas vezes com uma visão distorcida, intencional ou não, do que vem a ser
assistência à saúde de qualidade), a firme proposição de que essas estruturas bastam
para atender às necessidades da população. Como conseqüência, devem ser
privilegiadas com relação a investimentos e políticas de beneficiamento e, em
alguns casos, de tratamento fiscal diferenciado. Aqui, com alguns pormenores
gerados pela contemporaneidade, os argumentos se repetem da mesma forma com tem
sido há quarenta anos, fazendo prosperar por tempo indeterminado a manutenção
daquele modelo hospitalocêntrico tão duramente contestado por aqueles que
acreditam em outras formas de se gerar saúde do ponto de vista de coletividade.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Porém eis que uma transformação
está em curso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
De forma gradual o hospital, da
forma como o concebemos, encontra-se numa curva descendente cada vez mais
inclinada enquanto local para internação de pacientes. Sem levar em consideração seus outros papéis
assimilados ao longo do tempo, pode-se afirmar, sem medo de errar, que a não
ser que sua estrutura seja exclusivamente ambulatorial (o que foge ao conceito
lato de hospital) ou seu modelo de negócio seja exclusivamente do tipo <i>“Day Hospital”</i>, dentro de poucas décadas
a disponibilidade de leitos hospitalares será drasticamente reduzida. Senão
vejamos:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<ul>
<li style="text-align: justify;"><span style="text-indent: -18pt;">A percepção de que na atual conjuntura a
sobrevivência organizacional no mercado de saúde tem privilegiado aqueles
hospitais cuja produção de serviços ocorre em escala, muitos têm experimentando
dificuldades financeiras e destes um número significativo tem fechado as suas
portas ou estão passando para controle de outros grupos de maior porte, principalmente
os de estrutura familiar. Os motivos são muitos e escapam ao escopo desse
artigo;</span></li>
<li style="text-align: justify;"><span style="text-indent: -18pt;">A disponibilização de leitos hospitalares segue
um padrão assimétrico a depender da localização e da natureza de gestão do
hospital: hospitais públicos e privados situados nos grandes centros concentram
a maior parte dos atendimentos e procedimentos, são os que têm maiores custos e
receitas (ou orçamentos), e têm maiores taxas de ocupação. Nos milhares de
hospitais espalhados pelo país, em torno de 60% são estruturas com até 50
leitos, com baixo arsenal tecnológico e capacidade resolutiva (a maioria
pequenos hospitais municipais ou pequenas fundações), explicando assim porque a
quantidade de leitos é grande, mas do ponto de vista operacional não é;</span></li>
<li style="text-align: justify;"><span style="font-family: Symbol; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span></span><span style="text-indent: -18pt;">Após um movimento de expansão importante no
número de hospitais nas décadas de oitenta e noventa do século passado,
atualmente há uma nítida contração do setor. No Sistema Único de Saúde isso se
observa com maior nitidez, conforme tabela abaixo:<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</span></li>
</ul>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizlUj7P0fuHD3qtxKUbZdZ48ruYOzedm_4eHvlKX7RYmUM27vdi21b-xyQWFGBjXEl9WlSmlJSRPZXUpwd-q9fMwy5S9K3HU1j6_X5V64LvgZQHBYS51VDmw8TR8zTMzeJCw73SmVwO-w/s1600/Imagem+1+BMP.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizlUj7P0fuHD3qtxKUbZdZ48ruYOzedm_4eHvlKX7RYmUM27vdi21b-xyQWFGBjXEl9WlSmlJSRPZXUpwd-q9fMwy5S9K3HU1j6_X5V64LvgZQHBYS51VDmw8TR8zTMzeJCw73SmVwO-w/s1600/Imagem+1+BMP.bmp" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">Extraída de Mendes ACG et al: </span><a href="https://www.google.com.br/search?q=Assist%C3%AAncia+p%C3%BAblica+de+sa%C3%BAde+no+contexto+da+transi%C3%A7%C3%A3o+demogr%C3%A1fica+brasileira%3A+exig%C3%AAncias+atuais+e+futuras&oq=Assist%C3%AAncia+p%C3%BAblica+de+sa%C3%BAde+no+contexto+da++transi%C3%A7%C3"><span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">“<i>Assistência
pública de saúde no contexto da transição demográfica brasileira: exigências
atuais e futuras” em Cadernos de Saúde
Pública, Rio de Janeiro, 28(5); 955-964, mai 2012</i></span></a><span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="text-align: justify;"> Ainda sob
esse aspecto, atualizando esses dados para 2016, a tendência se mantém,
conforme tabela abaixo (elaborada pelo autor):</span></div>
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableMediumShading1Accent2" style="border-collapse: collapse; border: none; margin-left: 40.85pt; text-align: center; width: 614px;">
<tbody>
<tr style="height: 30.3pt; mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: -1;">
<td style="background: #C0504D; border-right: none; border: solid #CF7B79 1.0pt; height: 30.3pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-border-themecolor: accent2; mso-border-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 33.2pt;" valign="top" width="55">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="color: white; mso-themecolor: background1;">Ano<o:p></o:p></span></b></div>
</td>
<td style="background: #C0504D; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border-left: none; border-right: none; border-top: solid #CF7B79 1.0pt; height: 30.3pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 70.25pt;" valign="top" width="117">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: white; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: background1;">População
(segundo IBGE)<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: #C0504D; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border-left: none; border-right: none; border-top: solid #CF7B79 1.0pt; height: 30.3pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 67.45pt;" valign="top" width="112">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: white; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: background1;">Leitos
disponíveis para internação (SUS)<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: #C0504D; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border-left: none; border-right: none; border-top: solid #CF7B79 1.0pt; height: 30.3pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 72.7pt;" valign="top" width="121">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: white; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: background1;">Leitos disponíveis para internação
(privados)<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: #C0504D; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border-left: none; border-right: none; border-top: solid #CF7B79 1.0pt; height: 30.3pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 59.45pt;" valign="top" width="99">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="color: white; font-size: 8.0pt; mso-themecolor: background1;">Total de leitos disponíveis<o:p></o:p></span></b></div>
</td>
<td style="background: #C0504D; border-left: none; border: solid #CF7B79 1.0pt; height: 30.3pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-border-themecolor: accent2; mso-border-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 65.5pt;" valign="top" width="109">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: white; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: background1;">Relação leito por habitantes <o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 13.85pt; mso-yfti-irow: 0;">
<td style="background: #EFD3D2; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border-left: solid #CF7B79 1.0pt; border-right: none; border-top: none; height: 13.85pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-background-themetint: 63; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-left-themecolor: accent2; mso-border-left-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 33.2pt;" valign="top" width="55">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
2009<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #EFD3D2; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border: none; height: 13.85pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-background-themetint: 63; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 70.25pt;" valign="top" width="117">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
191.481.045<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #EFD3D2; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border: none; height: 13.85pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-background-themetint: 63; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 67.45pt;" valign="top" width="112">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
338.461<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #EFD3D2; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border: none; height: 13.85pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-background-themetint: 63; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 72.7pt;" valign="top" width="121">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
122.867<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #EFD3D2; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border: none; height: 13.85pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-background-themetint: 63; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 59.45pt;" valign="top" width="99">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
461.328<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #EFD3D2; border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #CF7B79 1.0pt; border-top: none; height: 13.85pt; mso-background-themecolor: accent2; mso-background-themetint: 63; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-right-themecolor: accent2; mso-border-right-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 65.5pt;" valign="top" width="109">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
1/565<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 13.85pt; mso-yfti-irow: 1; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border-left: solid #CF7B79 1.0pt; border-right: none; border-top: none; height: 13.85pt; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-left-themecolor: accent2; mso-border-left-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 33.2pt;" valign="top" width="55">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
2015<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border: none; height: 13.85pt; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 70.25pt;" valign="top" width="117">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
202.768.562<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border: none; height: 13.85pt; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 67.45pt;" valign="top" width="112">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
311.917<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border: none; height: 13.85pt; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 72.7pt;" valign="top" width="121">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
129.884<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border: none; height: 13.85pt; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 59.45pt;" valign="top" width="99">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
441.801<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #CF7B79 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #CF7B79 1.0pt; border-top: none; height: 13.85pt; mso-border-bottom-themecolor: accent2; mso-border-bottom-themetint: 191; mso-border-right-themecolor: accent2; mso-border-right-themetint: 191; mso-border-top-alt: solid #CF7B79 1.0pt; mso-border-top-themecolor: accent2; mso-border-top-themetint: 191; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 65.5pt;" valign="top" width="109">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
1/650<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
<b><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 8.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, Ministério da Saúde e Federação Brasileira de Hospitais</span></b></div>
<div>
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><span style="font-size: 10.6667px; line-height: 12.2667px;"><b><br /></b></span></span></div>
<div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
Há uma
diferença de -13,0% entre os dois períodos quanto à relação de leitos por
habitante, ou seja, com a redução do número de leitos ocorre maior concentração
de habitante por leito. A variação entre a quantidade total de leitos SUS entre
os dois períodos foi de - 7,8%. Por
outro lado, cresce a oferta de leitos em hospitais privados (+5,4%), talvez
motivado pelo aumento em números absolutos da quantidade de usuários de planos
de saúde à época da avaliação, sem, entretanto, suprir o déficit registrado no
setor público em números absolutos. No restante do mundo a tendência de redução
e leitos também é observada de maneira contundente, conforme o gráfico abaixo, em relação à União Européia:</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-y_Y74_NxmlTOFGW7DDVTITlZrHhVGWI1nwEx4TxjGdWibZ5cCtqEWdALgX4DOPTtP1v3eNUTdBWYc-sPjquv-iYzvxYvcbGS1e64AmH6Kl46Gc7oQBtw2Z3GW1c2le8p4eLo42sBwws/s1600/Imagem+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-y_Y74_NxmlTOFGW7DDVTITlZrHhVGWI1nwEx4TxjGdWibZ5cCtqEWdALgX4DOPTtP1v3eNUTdBWYc-sPjquv-iYzvxYvcbGS1e64AmH6Kl46Gc7oQBtw2Z3GW1c2le8p4eLo42sBwws/s1600/Imagem+3.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">Extraído de Gadelha, Paulo (coordenador): </span><a href="http://books.scielo.org/id/scfy6/pdf/noronha-9788581100197-06.pdf"><span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">“Análise do Subsistema de Serviços em
Saúde na Dinâmica do Complexo Econômico-Industrial da Saúde”</span></a><span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<ul>
<li><span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">Novas modalidades assistenciais estão surgindo
como substituto à internação hospitalar convencional, representados
principalmente pelas empresas de </span><i style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">“home-care”.
</i><span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">Raras antes do ano 2000, gradualmente vêm se convertendo num modelo de
atendimento bastante satisfatório com relação a expectativas de fontes
pagadoras e familiares dos pacientes, que de outra forma estariam internados
por tempo indefinido e sem perspectiva de alta em uma série de situações
clínicas, gerenciáveis em domicílio. Segundo o jornal </span><a href="http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,internacao-domiciliar-cresce-no-pais,1736493" style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">“O
Estado de São Paulo”</a><span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;"> de 2011 a 2014 houve um crescimento da ordem de 33,5%,
passando de 92600 para 132300 pacientes atendidos em casa;</span></li>
<li><span style="font-family: Symbol; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span></span><span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">Processos de melhoria da qualidade,
representados pela certificação na forma da Acreditação Hospitalar tendem, pelo
seu custo de implantação e manutenção, a ser adotados apenas pelas organizações
cuja estrutura e complexidade atingem um determinado patamar de saúde
financeira, sem exceção. A tendência natural é, com o reconhecimento cada vez
maior pelo mercado dessas iniciativas, somente hospitais com essa estrutura de
serviços e possibilidade de redimensionamento nos seus investimentos voltados
para a Qualidade devem continuar a fazê-lo. As demais têm futuro incerto,
principalmente se, conforme se prevê, começarem a ser adotados pelas fontes
pagadoras padrões diferenciados de remuneração por serviços prestados baseados
na adoção ou não de políticas de Qualidade, obrigatoriamente sacramentadas por
selos de Acreditação Hospitalar para fins de comprovação;</span></li>
<li><span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">Contrariamente ao que acontece no restante do
mundo, a inflação médica no país desafia a razão e se eleva em comparação com
outros países, mesmo com a retração da economia. Dados do Instituto de Estudos
da Saúde Suplementar – IESS apontam para um aumento significativo desse
indicador, que ao final reduz ainda mais as margens de lucro de prestadores e
sufoca de forma inexorável fontes pagadoras, em função do modelo de pagamentos
vigente e da incrível absorção acrítica de incontáveis elementos ditos inovadores
e inadequadamente mais caros. </span></li>
</ul>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxYcjExAvW0fmW_HriYj4C7cqe504mOsPQt9DP_gtml_jLQV3SQpFeS-bhrt3OU6jWzV7t-6PDCylwBqJ_XJ97RjHwo_URpQM66sSA_dUFqxKtK62gvWlF2lCtqha6gCxxcoHvteSd_8s/s1600/Imagem+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxYcjExAvW0fmW_HriYj4C7cqe504mOsPQt9DP_gtml_jLQV3SQpFeS-bhrt3OU6jWzV7t-6PDCylwBqJ_XJ97RjHwo_URpQM66sSA_dUFqxKtK62gvWlF2lCtqha6gCxxcoHvteSd_8s/s1600/Imagem+4.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">Extraído de: </span><a href="http://iess.org.br/?p=publicacoes&id_tipo=2"><span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">“Conjuntura – Saúde Suplementar” de abril de 2016.
Instituto de Estudos de Saúde Suplementar - IESS</span></a><span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<ul style="text-align: start;">
<li><span style="text-align: justify;">Isso pode, pelo menos em parte, justificar o porquê economias como a nossa apresentam um estranho comportamento em relação a outras quanto ao gasto por saúde</span><span style="text-align: justify;"> per capita versus renda per capita, conforme se observa abaixo em três exemplos, incluindo o Brasil, segundo essa mesma fonte:</span></li>
</ul>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7YgjXWCw7EcKOxkE_8kWFcj9XNGc2TgxYfPaJVSm-Ea_0jAKzynJJrJ4AV97PdeuxBi9mts8sjdI8OKruOqnbDJY5RnXDx3l80AYbVgbiZMb2KyPf8-zOr1nrexfjh7IqZ7BjEysGi74/s1600/Imagem+5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7YgjXWCw7EcKOxkE_8kWFcj9XNGc2TgxYfPaJVSm-Ea_0jAKzynJJrJ4AV97PdeuxBi9mts8sjdI8OKruOqnbDJY5RnXDx3l80AYbVgbiZMb2KyPf8-zOr1nrexfjh7IqZ7BjEysGi74/s1600/Imagem+5.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5vwFvZluMIjh-xaxs5TMIgDNCGZfOu-4LP_DZmQ0cV7zOF2aGCgX7XvDmc1_YgAskBPPMhV98wgUlmuUJ0v56Nhq-gY4Wt6jNVMjZOyf-LWXhYJkgj8YRs5gCy43kmayZXikdZRpyF98/s1600/Imagem+6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5vwFvZluMIjh-xaxs5TMIgDNCGZfOu-4LP_DZmQ0cV7zOF2aGCgX7XvDmc1_YgAskBPPMhV98wgUlmuUJ0v56Nhq-gY4Wt6jNVMjZOyf-LWXhYJkgj8YRs5gCy43kmayZXikdZRpyF98/s1600/Imagem+6.jpg" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOSM-gHMLRsEgNkOs5Cd6FGPTkWgrqhAAWbS62o4QE-AsZgbFzBqOM2LuAYnh6BSta2qqiepfXB8MBPjaSR88rFTHYe3BKYT0b5S5FkZ-14TpKyUHmwi8jDeAl5xTxD0pqi7PE0l33GIQ/s1600/Imagem+7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOSM-gHMLRsEgNkOs5Cd6FGPTkWgrqhAAWbS62o4QE-AsZgbFzBqOM2LuAYnh6BSta2qqiepfXB8MBPjaSR88rFTHYe3BKYT0b5S5FkZ-14TpKyUHmwi8jDeAl5xTxD0pqi7PE0l33GIQ/s1600/Imagem+7.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">Extraído de: </span><span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://iess.org.br/?p=publicacoes&id_tipo=2">“Conjuntura – Saúde Suplementar” de abril de 2016.
Instituto de Estudos de Saúde Suplementar - IESS</a></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;"> Os gráficos
são auto-explicativos, e servem para introduzir mais um elemento na análise do custo em saúde, pública ou privada. Custos elevados inibem, dentre outras
coisas, investimentos e geração de novos leitos em unidades já consolidadas, ou
a construção de novas unidades, contribuindo dessa forma para o déficit de
leitos observado;</span></div>
<div>
<ul>
<li><span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">Os hospitais públicos experimentaram nos últimos
quinze anos uma gradual transferência de responsabilidades do aparelho do
Estado para a iniciativa privada através de terceirizações do cuidado
assistencial, principalmente para as Organizações Sociais e autarquias. O
objetivo é claro (contenção de custos), mas tem no seu discurso oficial a
necessidade de oferecer melhor qualidade no atendimento, às vezes questionável. </span><span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">Através da
vinculação trabalhista oferecida pelo empregador público mediante concurso, o
profissional tinha, pelo menos, a sensação de inatingibilidade quanto à sua
estabilidade, salvo falta grave. Esse modelo (que ainda se mantém em unidades
hospitalares da rede própria – federais, estaduais ou municipais, com variações
muito amplas em termos de eficiência assistencial por parte do Corpo Clínico ao
paciente internado) propiciava ao gestor a possibilidade de implantar e
acompanhar (ou não) as atividades nos corredores da instituição sem maiores
sobressaltos além das normais carências crônicas de pessoal (dentre outras
coisas) que, via de regra, esses hospitais apresentam. Hoje, com a implantação
de uma política neo-liberalizante escancarada, esse modelo de gestão está em
extinção, e nesses novos arranjos os médicos e demais profissionais se
comportam exatamente igual aos seus pares na organização privada, com objetivos
e metas claras e serem seguidas, produção monitorada, sobrecarga de trabalho, insegurança
institucional, salários incompatíveis, qualificação profissional às vezes
duvidosa por parte de seu corpo de profissionais, capacitação insuficiente,
volatilidade persistente e o risco sempre presente do ente público não renovar
o contrato de gestão. Ou pior, suspendê-lo por conveniências políticas.</span></li>
</ul>
<div style="text-align: justify;">
E o Corpo Clínico dos hospitais como se encaixa nessa nova conjuntura? Após essas considerações, arrisco dizer que com o estreitamento dos ambientes físicos e funcionais para o desenvolvimento da atenção hospitalar a pacientes internados, os papéis dos hospitais devem assumir outros valores, e com eles o próprio papel do Corpo Clínico. É possível e provável que num espaço de uma década, a persistirem os mesmo fatores que impedem a progressão necessária na quantidade de leitos hospitalares efetivamente operacionais (a despeito da necessidade imperiosa da manutenção de políticas públicas, e mesmo privadas, de promoção da saúde e prevenção da doença), o Corpo Clínico de hospitais passe a ser uma categoria elitizada, altamente especializada, fechada em seu círculo, e em extinção. Por outro lado, os dados de literatura pressupõem que novas formas de cuidado devem ser desenvolvidas ou criadas, determinando que, ao largo de qualquer reflexão acerca de mercado de trabalho, os pacientes continuarão sob cuidados eficazes.</div>
</div>
<div>
<span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;"><br /></span></div>
<div>
<span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">Para os novos profissionais entrantes
desse mercado, resta viver um paradoxo: de um lado uma população com doenças da
modernidade, crônicas e cada vez mais prevalentes, e que requerem com
freqüência internação hospitalar em função de suas complicações freqüente; um
mercado superaquecido do ponto de vista de opções de diagnóstico e tratamento, e
ambiente crescente de inovação e especialização. E do outro, falta de hospitais
para acompanhar pacientes internados, mesmo os “seus pacientes”.</span></div>
<div>
<span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;"><br /></span></div>
<div>
<span style="text-align: justify; text-indent: -18pt;">Vamos deixar que as idéias
inovadoras apontem um caminho.</span></div>
<div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-7237779053927312532015-06-16T22:56:00.002-03:002015-06-17T17:40:16.165-03:00Como Descartes pode ajudar na Gestão do Corpo Clínico<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Logo na
primeira parte do seu famoso “Discurso do Método”, o filósofo francês </span><a href="file:///C:/Users/SANDRO/Desktop/pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">René
Descartes</span></a><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> (1596-1650) nos brinda com uma
reflexão tão genial quanto atual<b>: <i>“O bom senso é a coisa do mundo melhor
partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que
são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar
tê-lo mais do que têm”</i></b><i>.</i> Dito
de outra forma, é da natureza humana que suas percepções e convicções pessoais
regulem vários, senão todos, os aspectos de nossas vidas, parcial ou totalmente. Kahneman, em sua
famosa obra </span><a href="http://www.objetiva.com.br/livro_ficha.php?id=1145"><b><i><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Rápido e Devagar: as duas formas de pensar”</span></i></b></a><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">, que tem sido livro de cabeceira de muitos
gestores em saúde, também nos traz uma reflexão aprofundada a respeito da forma
como lidamos com as decisões diárias que temos que tomar no ambiente das
organizações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Olhando com
atenção, vemos que não é difícil constatar que todos nós achamos que temos
bom senso em quantidades suficientes para não precisarmos escutar opiniões alheias.
Nada mais natural.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A confiança das
pessoas na sua capacidade de melhor discernimento acerca das situações em geral
que se colocam no dia a dia, e das decisões delas decorrentes (gerando a
sensação de possuir no geral quantidades suficientes de bom senso), se faz
presente em diversas situações. No âmbito das organizações de saúde, nunca
demais reforçar suas peculiaridades, encontra um terreno fértil para
proliferar, influenciando rumos e definições estratégicas, e levando seus
gestores e profissionais que atuam na linha de frente a atitudes que parecem
desdenhar da enorme quantidade de dados objetivos disponíveis que, não raro, apontam para
caminhos distintos das suas conclusões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Com relação
aos incontáveis processos que permeiam essas organizações, notadamente hospitais,
as<span style="color: red;"> </span>atividades do Corpo Clínico e as instâncias
gerenciais acima do mesmo servem como um exemplo concreto do quão difícil é
estabelecer padrões que contemplem, na sua totalidade, a maioria das
inter-relações entre esses entes e seus maiores objetos de atuação:<span style="color: red;"> </span>os pacientes, o público interno e a comunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Até há pouco tempo, eu ainda acreditava que padrões mínimos
pré-estabelecidos relacionados à ambiência, insumos, tecnologias e visão
organizacional poderiam servir como impulsionadores na produção de processos e
linhas de ação básica voltada para construção de plataformas de gestão, que por
sua vez influenciariam toda uma salutar cadeia de eventos para todos os
envolvidos na assistência. A questão é que não existe uma conjunção de fatores ideal,
que forneça de forma minimamente adequada aos gestores clínicos as ferramentas
necessárias para o desempenho satisfatório de sua atividade: certo ou errado,
cada um busca a sua forma de fazer as coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E chamo de desempenho
satisfatório basicamente os desfechos clínicos acima de metas pré-estabelecidas,
a geração de uma atmosfera de colaboração e cooperação entre os diversos
setores de prestação de serviços assistenciais, o engajamento de seu corpo de
comandados no melhor estilo “siga o líder” e, sempre bom não esquecer, melhores
resultados operacionais e de receita para a organização. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Pior que
isso, e aí sim motivo de pesar e preocupação, é a organização que dispõe dos
meios para o alcance desses padrões de qualidade assistencial decorrentes da
atuação de seu Corpo Clínico, e não o fazem por não os considerarem importantes<span style="color: red;">. </span>Outras vezes até o fazem, na forma de ações de
impacto (geralmente muito alardeadas), mas de resultados duvidosos, tais como
aquisição de um sistema de prontuário eletrônico de última geração, contratação
de profissionais de reconhecida reputação para posições executivas-chave (porém
distantes da realidade daquela organização), ou a aquisição de selos de
Acreditação Hospitalar: é o típico caso de quem tem uma Ferrari na garagem (e
faz questão de mostrar para todos), mas não consegue achar o botão de partida. Isso
sem esquecer aqueles casos em que fatores políticos e extra meritórios influenciam
na escolha da(s) pessoa(s) que estará à frente da gestão, retardando, em função
da inaptidão do escolhido, a adoção de medidas muitas vezes fundamentais à
saúde de qualquer hospital.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Quando
apontamos para a necessidade de ajustes em prol de melhor desempenho, não estamos
falando de uma coisa qualquer. Alguns estudiosos afirmam que somos o 10°
mercado consumidor de serviços de saúde no mundo, isso não é pouca coisa. Não é
à toa que tanto se tem feito para que os obstáculos à implantação de </span><a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13097.htm"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Lei 13.097</span></a><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> (que trata da </span><a href="http://brasildebate.com.br/capital-estrangeiro-na-saude-falta-debate/"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">entrada de capital estrangeiro</span></a><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> em áreas não permitidas pela Lei Orgânica do
SUS) sejam vencidos, na expectativa de uma injeção providencial adicional de recursos
num setor mais mal administrado que sem dinheiro. E a recíproca é verdadeira:
companhias estrangeiras também têm manifestado interesse em entrar no país para
abocanhar seu pedaço de mercado, obviamente por vislumbrar grandes lucros. Além
disso, todo o setor gera um contingente enorme de empregos diretos e indiretos,
contribuindo sobremaneira para a economia do país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Condutores
da gestão clínica dos hospitais tentam demonstrar bom senso em quantidades muito
aquém do que na verdade possuem. Profissionais do Corpo Clínico a eles
subordinados conduzem o cotidiano das organizações de saúde ancorados nessa aparência.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Um reflexo
disso se percebe na forma como esses temas são discutidos, nas ocasiões em que
se reserva um espaço sobre o assunto. Em quase todos, em que diversos
representantes de hospitais de renome no país são os protagonistas, os
presentes são obrigados a ouvir relatos estéreis de “como eu faço”. Esses encontros,
em que a temática e formato são geralmente repetitivos, poderiam, na melhor das
hipóteses, fornecer uma oportunidade de troca de experiências de forma
colaborativa, cada qual retornando para as suas unidades de origem com novas
ideias e percepções acerca de como melhorar o desempenho organizacional. Isso,
porém, não ocorre. Quem representa o hospital muitas vezes não é a pessoa
responsável pela gestão clínica, e quando o é não compartilha informações que
poderiam beneficiar o setor em si. Por vezes estratégias gerenciais são
tratadas como segredos de Estado, como se isso fosse a fórmula para a juventude
eterna: como não há compartilhamento, o clima é de competição. E, como tal, não
se poderiam esperar desses debates um nível maior que o visto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Talvez não
haja mais nada a ser dito a esse respeito. Hospitais criam suas próprias
verdades. Os organismos e agências reguladoras que se articulam com os mesmos
continuam ressaltando a importância da gestão do Corpo Clínico como condição
basilar para continuarem competitivos. São discursos que se complementam no
terreno da racionalidade, às vezes até semelhantes nas palavras. Na prática,
ninguém sabe muito bem sequer do que se trata, sendo preferível pelo gestor
continuar a utilizar as medidas que julga necessárias de acordo com sua
intuição, chamando a isso gestão clínica adequada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E talvez isso
seja verdade mesmo. Cada organização tem seu histórico, missão e valores a
defender, e a moldar suas atitudes perante ela mesma e perante a comunidade que
a cerca. Não é ilegítimo, porém é estranho. Afinal, a busca por inovações que ao
final tragam um melhor desempenho, verdadeiro, das organizações em saúde, é tão
buscada quanto sem novidades. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Quando
analisamos alguns dados e vemos que, segundo Bohmer, da Escola de Harvard,
apenas 30% dos hospitais norte-americanos seguem protocolos e diretrizes
estabelecidos por eles mesmos, pelas sociedades científicas ou pelos institutos
de renome daquele país (apenas para ficar nesse exemplo), percebemos que os
enunciados de Descartes permanecem atuais.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Bom senso de
verdade, desde que subordinado a uma boa dose de humildade, e senso critico em
doses altas, devem andar de mãos dadas para que se chegue a um estado de coisas
melhor que o atual. Cada um sabe a sua medida. Pode ser que a partir de então
as organizações parem de simplesmente reproduzir o que outras fazem de maneira
acrítica, ou parem de assumir atitudes baseadas em modelos que estão na moda, tornando
assim as atividades do Corpo Clínico um instrumento poderoso para o alcance de
níveis assistenciais verdadeiramente comprometidos com a busca da excelência, e
fugindo assim do menos original dos sensos: o senso comum.<o:p></o:p></span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-17237427110480916452015-04-20T12:22:00.003-03:002015-04-21T02:47:17.098-03:00Gestor Clínico e oportunidades de ação: os vieses das próteses nos hospitais.<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Esse segundo post que trata do mesmo tema do anterior, agora converge para a figura do gestor clínico enquanto agente ativo no tratamento das inadequações antes citadas, listando suas dificuldades e oportunidades de lidar com essa situação da forma mas adequada.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Partindo do pressuposto de que o mesmo seja uma pessoa isenta e eivada de bons propósitos, de uma forma geral ele muito pouco poderá mudar um cenário que sempre existiu. Apesar de saber da existência das relações indevidas entre alguns de seus profissionais em troca de contrapartidas na utilização de bens e serviços oferecidos por fabricantes ou representantes de algumas marcas (para a indicação do uso de materiais/drogas ou realização de determinados procedimentos), diversos fatores o inibem de agir dentro do que seria esperado levando-se em conta sua posição. Eis alguns:</div>
<ul style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<li>O acesso à rede de relacionamentos que coloca frente a frente profissionais do Corpo Clínico e aqueles que oferecem parcerias dessa natureza é sigilosa, meticulosamente cuidadosa e seletiva com seus integrantes; e deixa poucos rastros;</li>
<li>No caso de confrontação, profissionais tendem a defender seus pontos de vista baseados em argumentações técnicas de teor duvidoso, mas que, infelizmente, dentro de nosso meio, podem ser aceitas como verdadeiras;</li>
<li>Há um forte elemento político nesse cenário. Profissionais de renome são frequentemente os maiores beneficiários desse tipo de associação condenável, e, a despeito de indícios claros de irregularidades, são pessoas que gozam de boa reputação técnica e pessoal perante o corpo diretivo ou de acionistas da organização à qual presta serviços. Não se mexe com amigos do rei;</li>
<li>No modelo brasileiro de remuneração por serviços médico-hospitalares, o chamado <em>“fee for service” </em>(<a data-mce-href="http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/8151/61090100005.pdf?sequence=1" href="http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/8151/61090100005.pdf?sequence=1">http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/8151/61090100005.pdf?sequence=1</a>), a organização que presta serviços tende a tirar o máximo de vantagem financeira sobre a fonte pagadora, através da cobrança a mais maximizada possível de insumos e taxas, em detrimento de valores gerados por honorários e serviços, estes últimos reconhecidamente defasados e iníquos frente às necessidades de sustentabilidade do negócio. Disso resulta que quanto maior for o valor de um determinado insumo utilizado, atraente quanto às margens de negociação, e quanto maior for a taxa de utilização desse mesmo insumo, tanto melhor para quem presta o serviço, mesmo que no processo haja a intermediação de um terceiro (no caso o médico), que leva a título de compensação incentivos tão generosos quanto discutíveis;</li>
<li>Não há como um representante máximo do Corpo Clínico de um hospital não gerar um constrangimento grande o bastante para que pessoas, não necessariamente médicos, saiam de sua zona de conforto para construir, de forma explícita ou não, as condições para que o mesmo não se mantenha nessa função por muito tempo. O próprio gestor clínico, médico que é, pode não querer esse tipo de enfrentamento para não sair da sua própria zona de conforto (e assim age um contingente enorme de gestores);</li>
<li>Setores de auditoria, que poderiam argumentar ou contestar esse ou aquele procedimento ou comportamento suspeito, não têm força política suficientemente relevante para se fazerem ouvir. Não bastasse isso, auditores médicos em quantidade suficiente, com capacitação técnica para embasar seus argumentos, reconhecimento entre seus pares e sentido de isenção são objetos muito raros. Na maioria das vezes, as auditorias locais e em tempo real, que seriam as ideais, são feitas por enfermeiras, muitas delas experientes e capacitadas, que, mesmo percebendo uma oportunidade de questionamento de uma indicação médica, já sabendo do pouco valor dado aos seus pareceres, acabam por se calar. Essa realidade também vale para empresas de resseguros;</li>
<li>Por mais paradoxal que seja, as próprias fontes pagadoras assumem um estranho papel de tolerância, permitindo que práticas abusivas dessa natureza sejam levadas a efeito dentro do ambiente hospitalar de seus prestadores credenciados, por entenderem se tratar de externalidades que fazem parte do negócio saúde. Afinal, a sobrevivência do pagador, principalmente planos de saúde, vai depender de um prestador que tenha credibilidade e outros atributos encontrados justamente aonde se multiplicam essas ações. Se paga conscientemente esse preço para que seu próprio negócio se mantenha;</li>
<li>A pouca probabilidade de se provar uma eventual denúncia dessa natureza, ou um dano ao paciente, à organização ou à fonte pagadora, torna a tarefa do nosso pobre gestor ainda mais complicada. E o médico não tem poder de polícia. Ainda que o tivesse e fosse bem sucedido na montagem de uma peça documental que trouxesse luz a essa questão em sua organização, resta ainda a certeza de que sua reputação e carreira possivelmente seriam reduzidas em suas expectativas, se não for antes defenestrado da sua função. Na seqüência, muito dificilmente esse indivíduo procurará um órgão de justiça competente, conselho de classe ou a própria polícia, pois pesa sobre seus ombros toda a responsabilidade que uma publicidade negativa iria trazer para todos os envolvidos. Daí resulta que dentre se preservar e garantir seu<em> status</em> funcional, fazendo “vista grossa” a tomar as atitudes certas, poucos duvidam acerca de qual caminho será tomado;</li>
<li>Quando da recusa por parte dos setores de auditora ou pelas fontes pagadoras (em boa parte das vezes respaldadas por ampla defesa técnica) em fornecer rigorosamente o que é solicitado pelo profissional (em detrimento de alternativas menos custosas ou abordagens menos invasivas) quando em conluio com o fabricante da marca almejada ou seu representante, o Judiciário brasileiro é frequentemente acionado e, <em>grosso modo, </em>dá uma relevante contribuição ao terreno das inadequações, na medida em que, por não se julgar absolutamente respaldado tecnicamente e competente acerca das demandas que lhes chega às mãos, dá provimento a decisões que favorecem uma cadeia harmoniosamente orquestrada na produção de argumentos que visam ludibriar o magistrado em favor de pacientes, quando na verdade os grandes beneficiários são todos os que estão ao redor destes. Risco de vida, grave dano físico ou moral, inadequações materiais para as demandas requeridas (e, por conseguinte, a necessidade de substitutos “mais adequados”) são alguns elementos que compõem as peças jurídicas preparadas por advogados muitas vezes especializados nessas questões, fomentando mais ainda o que se convencionou chamar de “indústria das liminares” (<a data-mce-href="http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp" href="http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp">http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp</a>).</li>
</ul>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Mais uma vez cabe ressaltar que estamos aqui tecendo comentários acerca daquilo que é mais chamativo, ou seja, a questão das próteses. Mas é bom deixar claro que a despeito de um contingente considerável de profissionais que optam por se utilizar de meios, no mínimo discutíveis, para auferir algum benefício, e a despeito da enorme dificuldade de se lidar com o problema de forma transparente, todos sabem que os mesmos representam uma parcela significativamente menor que os médicos em geral. Parece incrível, mas mesmo nos tempos de hoje a maioria respeita seu juramento hipocrático.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Entretanto, seria ingenuidade ignorar o fato de que no ambiente das organizações de saúde, principalmente hospitais de alta complexidade, todos os dias observamos fenômenos repetitivos que se assemelham a isso no que tange à forma pouco profissional com que nós, médicos, tratamos nossos pacientes sob vários aspectos. Em função de inúmeros fatores (dentre os quais destaco a forte influência da formação acadêmica inadequada para as nossas características enquanto sistema de saúde, e que não atenta para a postura desumanizada, obstinada e fortemente influenciável pelas inovações tecnológicas de nossos profissionais), pequenas fortunas são gastas em decorrência de exames dispendiosos mal indicados ou excessivamente utilizados, drogas de última geração que rapidamente são incorporadas, muitas vezes de forma acrítica (os antibióticos são os melhores exemplos), procedimentos e cirurgias que mesmo que indicadas com boa fé são discutíveis, tempo de permanência intra-hospitalar excessivamente prolongado por falta de resolutividade ou insegurança no momento de se decidir pela alta hospitalar, e práticas altamente discutíveis que se encaixam no conceito de terapia fútil. Tais fenômenos, dentre outros, fazem os volumes de recursos envolvidos nos escândalos revelados pela mídia parecerem risíveis. É uma constatação objetiva, amparada por literatura internacional, repetida aos montes em encontros e congressos, e que raramente são quantificadas. As ferramentas utilizadas como tentativas de ajuste de custo-benefício ou custo-efetividade soam estranhas à maioria dos gestores, que têm a obrigação de zelar pela boa assistência baseada em parâmetros mais superficiais e imediatistas. E não poderia ser de outra forma, uma vez que o volume de trabalho desses profissionais é incompatível com um olhar mais atento a essa questão.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Reforçando o que foi dito no início, quero chamar a atenção do gestor clínico. A sua responsabilidade é muito maior do que provavelmente ele supõe. E, para aqueles que têm como ponto de partida a virtude da boa fé, infelizmente esse não é um atributo que será aproveitado como argumento caso algum cheiro ruim aparecer nos corredores de seu hospital. </div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Como Gestor Clínico, sua responsabilidade é solidária com as ilicitudes cometidas pelos seus pares, teoricamente sob seu comando e responsabilidade, perante tribunais de justiça ou tribunais éticos.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Não tenho uma chave para resolver essa questão. Se o tivesse, certamente estaria rico demais vendendo a solução para os incontáveis interessados. Apenas tenho algumas dicas úteis e exequíveis, que servem para qualquer organização, independente da sua complexidade ou natureza de seus serviços. Para começar,</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
- siga estritamente, ao pé da letra, as recomendações do Conselho Federal de Medicina acerca da legislação ética que cerca a composição do Corpo Clínico e das funções do Diretor Médico ou Diretor Clínico (<a data-mce-href="http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/1991/1342_1991.htm" href="http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/1991/1342_1991.htm">http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/1991/1342_1991.htm</a>). Não parece, mas essas orientações têm peso de lei e têm amparo jurisprudencial caso a esfera da análise ultrapasse o âmbito ético e seja tratado no terreno da justiça comum;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
- em seguida, promova eventos na sua organização que tratem do assunto, procurando sempre convidar membros do setor judiciário e do Conselho Regional de Medicina. Às vezes, isso é mais que suficiente para evitar que alguém se sinta impelido a dar um passo numa direção contrária ao desejado, e inibe sobremaneira quem já o faz;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
- insista perante a alta direção quanto à necessidade de criação de um setor de ouvidoria;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
- promova eleições para Comissão de Ética Médica e estimule a participação de pessoas sobre as quais recaem suspeitas de favorecimento ilícito;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
- acompanhe de perto, junto ao setor de compras e autorizações, o movimento que envolve a solicitação e compra de insumos de alto custo, assim como suas justificativas técnicas. O bom profissional se sentirá prestigiado pela atenção dada de seu diretor. O mau se sentirá inibido;</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
- se ainda assim perceber que o ambiente não apresentou nenhuma mudança acerca de possíveis irregularidades, elabore, juntamente com o setor jurídico da organização, algum documento tal como um TAC – Termos de Ajuste de Conduta, assinado pelas lideranças dos diversos serviços ou especialidades, e o registre junto ao Conselho Regional de Medicina local, em que se deixe claro e explícito o comprometimento de todos os listados em zelar pela transparência de suas ações e tantos quantos itens forem necessários ser explicitados (e assinados em conjunto) para o bom andamento das ações dentro de seu hospital. Essa será uma arma poderosa para protegê-lo para o caso de ser acusado de corresponsabilidade em alguma peça jurídica ou ética.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Quanto às perdas diárias que ocorrem à sua revelia, não há muito o que fazer a não ser estruturar suas ferramentas de qualidade, que sua organização e talvez você mesmo, gestor, disse que tinha à disposição e que funcionavam quando do processo de Acreditação (que sua organização deu um duro danado para conseguir). Elaborar documentos, diretrizes, protocolos e comissões são etapas recomendadas pelos especialistas para se atingir padrões de qualidade. O difícil mesmo é fazê-las funcionar, mapear as oportunidades de melhora, gerar indicadores, levantar montanhas de dados e, finalmente, tomar decisões que precisam ser tomadas dentro do conceito de custo-efetividade. Simples, não é?</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
O país está virando de cabeça para baixo e décadas de coisas erradas estão ganhando notoriedade. Se algo de ruim acontecer sob sua gestão, pouco importa dizer que não sabia ou que não tem nada a ver com isso.</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', 'Bitstream Charter', Times, serif; font-size: 16px; line-height: 24px;">
Como dizia Vandré, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.</div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-2604506481563658932015-04-01T11:08:00.001-03:002015-04-20T12:22:48.636-03:00Ainda falando sobre as próteses no Brasil <br />
<article class="post-31991 post type-post status-publish format-standard has-post-thumbnail hentry category-hospital tag-hospitais tag-medicos tag-proteses" id="post-31991"><div class="post-content">
<div style="text-align: justify;">
Para aqueles que acham que o propósito desse comentário é justamente
acrescentar alguma proposta inovadora de solução para a forma incômoda
como convivemos com o problema das próteses no nosso país, vou logo
adiantando que nada tenho a somar. Desde que mais uma vez foi trazida à
tona recentemente, após uma denúncia no programa “Fantástico” da Rede
Globo de Televisão em janeiro deste ano (para quem não viu, acesse <a href="http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/01/mafia-das-proteses-coloca-vidas-em-risco-com-cirurgias-desnecessarias.html">http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/01/mafia-das-proteses-coloca-vidas-em-risco-com-cirurgias-desnecessarias.html</a> e <a href="http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/01/hospitais-recebem-parte-de-propina-de-empresas-de-proteses.html">http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/01/hospitais-recebem-parte-de-propina-de-empresas-de-proteses.html</a>
), a notícia foi multiplicada e discutida à exaustão em diversos outros
meios e redes sociais. Em todos os meios, a reação foi de perplexidade e
indignação quanto a essa forma criminosa com que médicos e hospitais
tratam a saúde das pessoas que necessitam de uma prótese para a melhora
de sua condição de saúde, privilegiando ganhos pessoais envolvendo
grandes somas em dinheiro de maneira ilícita, algumas vezes
prioritariamente em relação ao bem estar do paciente. Na denúncia em
apreço, os envolvidos citados eram entes públicos em sua maioria, mas se
engana quem pensa que tal fato não ocorra em hospitais privados: pode
ser que nestes o volume de transações seja até mesmo maior.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Este problema é muito antigo, um “câncer” agressivo não erradicado da
prática médica na sua relação com o complexo industrial da saúde, com
repercussões em toda uma coletividade que, há décadas, aponta para a
necessidade de orçamentos mais robustos voltados para as ações de saúde
pública. A medicina suplementar, ao contrário daqueles que acham que não
apresentam problemas dessa natureza, convive com margens apertadas e
ações regulatórias/fiscalizatórias cada vez mais rígidas, eternamente
refazendo seus cálculos atuariais e percebendo ao final que as contas
não fecham. Em ambos, o somatório de perdas resultantes pode representar
ao final um percentual significativo em seus orçamentos, valor esse
ainda não mensurado pois não é possível uma estimativa precisa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Minha preocupação é outra, e diz respeito ao papel do gestor clínico e o quanto esse problema impacta na sua labuta diária.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É dispensável recapitular os condenáveis aspectos morais, legais,
éticos e até mesmo religiosos que envolvem a prática de obtenção de
ganhos pessoais, muitas vezes em detrimento da saúde do próprio
paciente, quando da indicação de órteses, próteses e
materiais/drogas/tratamentos especiais. Nesse cenário, a busca por
valores ou benefícios diretos ou indiretos (objetivo de toda a cadeia
envolvida), tem como origem uma distorção muito própria do meio, e que
nunca vai deixar de existir: a assimetria de informações.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A assimetria de informações aqui se constata no comportamento do
médico, detentor dos saberes que teoricamente deveriam se reverter em
benefício do paciente que o procura, e é quem indica, sugere, induz ou
mesmo obriga a aquisição daquilo que julga como necessário para o
paciente aos seus cuidados após sua avaliação baseada em suposta <em>expertise. </em> Quase
sempre o faz sem que o paciente, instituição ou fonte pagadora obtenha
em tempo hábil alguma forma de contestação, argumentação ou alternativas
de solução. A perspectiva de discutir em termos técnicos o que está
sendo proposto e da forma como está sendo proposto, é exceção e não
regra. É um exemplo clássico em que o conhecimento e manipulação desse
conhecimento geram poder. E que poder.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O fenômeno dos incentivos à prática médica, tanto os justificáveis
quanto os inaceitáveis, e sobejamente conhecido dentro do campo da
Economia da Saúde, infelizmente encontra pouco espaço para discussão nos
meandros da administração hospitalar, dos conselhos de classe e dos
tribunais em geral, quando deveriam ser aprofundados em nome de
contribuição efetiva à sociedade, uma obrigação do ponto de vista
pecuniário e moral, e não ficar restrito às teses acadêmicas que tratam
do assunto (apesar da enorme contribuição das mesmas para uma melhor
compreensão do tema).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O público leigo e um grande contingente de pessoas ligadas ao setor
saúde acredita que as situações denunciadas são pontuais e se restringem
apenas àqueles casos que ganham maior notoriedade na mídia. Há um
equívoco colossal nessa percepção. Negócios obscuros tendo médicos como
protagonistas de um sistema que visa lesar orçamentos públicos ou
privados em benefício pessoal, mesmo que não tragam prejuízos
detectáveis aos seus pacientes, não são tão raros assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em outro aspecto mais negligenciado ainda, talvez por serem mais
diluídos no cotidiano da organização de saúde, esses benefícios
enviesados são alcançados por médicos através de pequenos ganhos de
natureza discutível, e não envolvem próteses, órteses e materiais
especiais. Para ficar em apenas alguns exemplos:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* Drogas mais caras são estimuladas na sua prescrição pelos seus
representantes comerciais, em detrimento de outras com a mesma função e
padrão de qualidade, e com menor custo para quem paga a conta, tendo
como contrapartida vantagens para quem as prescreveu;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* Procedimentos em pacientes da rede pública ou da medicina
suplementar, dos mais simples aos mais complexos, só são realizados em
alguns locais se o paciente contribuir de alguma maneira para uma
complementação de honorários (estes anteriormente previstos na prestação
do serviço através de tabelas próprias, e tácita ou explicitamente
acatados pelo profissional), muitas das vezes sendo evocada uma suposta
legitimidade a título de compensação, em função dos valores defasados que são repassados ao profissional pelos entes pagadores;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* Exames e outros procedimentos diagnósticos/terapêuticos de alta
complexidade são estimulados na sua realização, através de indicações
discutíveis e de frágil sustentação, no intuito de gerar receita
adicional pela super-utilização, seja para a organização que adquiriu
aquele aparato, seja para o profissional ou grupo de profissionais que
arcou com sua aquisição (e, portanto, não só tem que pagar pela compra
do mesmo como tem que gerar lucro com a utilização deste, quando no
âmbito de algumas organizações privadas);</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* A permanência hospitalar do paciente internado além da devida, ou a
indicação de internação hospitalar inadequada (fazendo uso, inclusive,
de justificativas maquiadas para a permanência dos pacientes aos seus
cuidados), principalmente para o profissional que tem muitos pacientes
sob sua responsabilidade, traz ganhos em escala para a organização e
para o profissional, que recebe uma valor pré-determinado a cada visita
que faz. Alguma vezes a visita médica se restringe a dar um bom dia ao
paciente e ir embora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A maneira como o assunto chega às discussões tem um comportamento em
forma cíclica e frequentemente hipócrita (recomendo a leitura do texto
de Claudia Collucci em <a href="http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2015/01/1577424-mafia-das-proteses-e-as-reacoes-hipocritas.shtml">http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2015/01/1577424-mafia-das-proteses-e-as-reacoes-hipocritas.shtml</a>):
alguém, em algum lugar, se utilizando dos meios apropriados, torna
pública uma denúncia, geralmente através de um meio forte de
comunicação. Fica-se debatendo a questão por algumas semanas, um
representante da lei fala sobre penas mais duras, um representante do
governo ameaça com resoluções que não saem do papel, alguns “bois de
piranha” são presos temporariamente, as redes sociais esculacham a ordem
vigente e começam a discutir, discutir e discutir a questão.
Efetivamente, não há nenhuma medida de impacto. Nunca houve. E assim o
problema volta para a obscuridade, sem deixar nunca de existir, para
mais tarde uma nova leva de denúncias promoverem a indignação geral.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há uma chance real de que nada sério seja feito no futuro porque
(tomara que esteja enganado) a pureza de intenção do homem quando o
assunto é dinheiro é uma utopia (como sempre é bom lembrar, salvo
honrosas exceções). E não se trata de uma exclusividade do nosso país,
ou de países com características semelhantes, e nem se trata de um
fenômeno recente. No âmbito dos sistemas de saúde em geral, a diferença
está no fato de que existem países em que mecanismos regulatórios e
fiscalizatórios são mais sérios, dificultando qualquer atitude pessoal
ou coletiva suspeita. E em outros não.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Resta o alívio de saber que as práticas listadas acima não são
generalizadas. Médicos e demais profissionais de saúde podem ser
criticados de diversas formas em suas ações, mas geralmente cumprem
aquilo para o qual são treinados, com honestidade e ética acima de tudo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cabe ao gestor clínico fiscalizar e coibir abusos na forma como as
atividades do Corpo Clínico dentro do hospital sob seu comando ocorre,
sejam eles quais forem. Seu universo é composto por tudo que se
relaciona à atividade médica. E seu papel de fiscal da boa prática é, de
longe, o mais importante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E, certamente, o mais difícil.</div>
<br /></div>
</article>Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-20017792217565105302015-02-03T12:35:00.000-03:002015-02-03T12:35:44.801-03:00As invasões bárbaras<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">É necessário ter preparo emocional em dia para absorver as contradições de nossa legislação e a atitude de nossos políticos quando o assunto é saúde.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Fomos recentemente brindados com mais uma pérola que, num misto de senso de oportunismo dos proponentes e agentes ativos, e pasmaceira generalizada daqueles que deveriam denunciar e se mostrarem indignados (salvo honrosas exceções), nos prestam mais uma homenagem à mediocridade tantas vezes enaltecida de nossa classe política.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">A lei 13.097 no seu capítulo XVII, sancionada </span><span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">pela Presidência da República</span><span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;"> em 19/01/2015, é um atestado de nossa incompetência e imaturidade civil enquanto sociedade organizada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Inspirada na Medida Provisória 656, essa importante mudança nos rumos da saúde brasileira aparece junto com uma quinquilharia de outras alterações de diversas ordens:</span><span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;"> refinanciamento de dívidas de times de futebol sem contrapartida, regulação tributária de geradores aeroespaciais, reajuste de Imposto de Renda, realinhamento de impostos sobre bebidas frias, dentre outras. <span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;"> </span>Lá no meio, no capitulo XVII, <span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;">se encontra descrito de forma clara como o nosso legislativo pretende abrir as portas do capital externo na aquisição, principalmente, de hospitais e unidades de saúde no Brasil</span>, além de, de quebra, inserir no escopo da lei<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: red; outline: 0px !important; text-shadow: none;"> </span>os laboratórios de genética humana e ações de planejamento familiar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Seus artigos soam como música para todos aqueles que enxergam a possibilidade de empresas estrangeiras injetarem capital pesado, no setor através dos arranjos que a lei permite, estabelecendo assim uma conquista no o ideal de dinamizar um mercado que, segundo diversas opiniões, patina em vários entraves ao crescimento, principalmente pela imensa dificuldade de captação de recursos e uma legislação tributária injusta e predatória.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Desde 2011, e sem nenhuma dificuldade de tramitação ou contestação jurídica, empresas de fora do país já podiam assumir o controle acionário de operadoras de planos de saúde, laboratórios</span><span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;"> farmacêuticos, farmácias e drogarias, empresas de medicina diagnóstica, entre outros. Na ocasião, a Lei Orgânica do SUS proibia aquisição de hospitais pelo capital externo, como até hoje o era. Através de uma interpretação da lei criticada por muitos, a advocacia Geral da União (AGU), o Conselho de Administração de Defesa Econômica (CADE), e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) emitiram pareceres que culminaram com a aprovação, em 23 de outubro, da venda da Amil ao grupo United Health dos Estados Unidos da América, um gigante de projeção mundial e líder em investimentos no setor em seu país, aceitando o argumento da operadora de que seus hospitais são próprios e utilizados como ferramenta de redução de custos. Seus mentores e arquitetos da transação são homenageados e respeitados até hoje pela sua inteligência e astúcia, dentre outras qualidades.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Justiça seja feita, a despeito de todas as discussões acerca do que ocorreu na ocasião, mesmo entidades de defesa do SUS entenderam que no fundo não havia transgressão legal no processo em si, posto que o objeto em questão, a Amil, é uma empresa privada, sem nenhuma relação com o SUS. Tanto é que antes da criação da ANS era regulada pela SUSEP – Superintendência para Seguros Privados.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Mas agora o assunto é outro, mais significativo pela expectativa do montante a ser aplicado, e, principalmente, pelas conseqüências sobre o modelo de saúde que a população do país desfruta atualmente. Esta última, sempre bom lembrar, universal e com diversos pressupostos em sua lei orgânica que, em tese, asseguram cobertura, integralidade e equidade. E é aí que a porca torce o rabo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Há muito tempo vem sendo feitas tentativas de aproximar capitais de fora do país ao nosso sistema de saúde, isso não é novidade para ninguém. Entretanto, as restrições e impedimentos legais inibiam o avanço das mesmas. Causa certa estranheza o fato de estarmos diante de um fato, ainda não totalmente consumado em função de sua afronta à Constituição Federal (art.199 § 3º “É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei”;), à Lei nº 8.080 de 1990, à Lei Complementar nº 95 de 1998 e à Resolução nº 1 de 2002 do Congresso Nacional; que ignorou completamente todo um arcabouço legal constituído há décadas e de uma canetada só abriu as portas ao investidor de fora sem nenhum pudor. Pela nova lei, o texto não deixa margens para dúvida quanto à irrestritividade das possíveis aberturas, senão vejamos:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">“CAPÍTULO XVII<br style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;" />DA ABERTURA AO CAPITAL ESTRANGEIRO NA OFERTA DE SERVIÇOS À SAÚDE<br style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;" />Art. 142. A Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, passa a vigorar com as seguintes alterações:<br style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;" />“Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde nos seguintes casos:<br style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;" />I – doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos;<br style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;" />II – pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar: a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlínica, clínica geral e clínica especializada; e<br style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;" />b) ações e pesquisas de planejamento familiar;<br style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;" />III – serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social; e<br style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;" />IV – demais casos previstos em legislação específica.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">E mais: Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as atividades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Em seu manifesto, a Associação Brasileira de Saúde Comunitária – ABRASCO reafirma que<i style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;"> “o domínio pelo capital estrangeiro na saúde brasileira inviabiliza o projeto de um Sistema Único de Saúde e consequentemente o direito à saúde, tornando a saúde um bem comerciável, ao qual somente quem tem dinheiro tem acesso. Com a possibilidade do capital estrangeiro ou empresas estrangeiras possuírem hospitais e clínicas – inclusive filantrópicas, podendo atuar de forma complementar no SUS – ocorrerá uma apropriação do fundo público brasileiro, representando mais um passo rumo à privatização e desmonte do SUS.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<i style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; outline: 0px !important; text-shadow: none;"><span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Esse é o caminho que atende aos interesses do grande capital internacional, que voltou seus olhos à possibilidade de ampliar seus lucros inicialmente com a venda de planos e seguros baratos, mas com uma cobertura de serviços extremamente limitada, que não garante o direito à saúde e agora se aproveita para se apropriar de fundos públicos. Não foi isso que o povo brasileiro aspirou em seu texto constitucional de 1988, nem o que aspira hoje. É desejo nacional que a saúde permaneça como direito de e para todos, com qualidade. A que interessa a abertura do capital estrangeiro na saúde brasileira? Àqueles que não querem que o SUS dê certo. São os que têm medo do sucesso do SUS, impedindo-o de todas as maneiras de ser um sistema de justiça social.”</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Independente de quaisquer correntes ideológicas, parece ter havido uma transgressão legal. No mínimo um tapa na fuça daqueles que obrigatoriamente deveriam participar dessa discussão pela sua expertise perante o assunto, e pelo devido respeito que merecem.<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: red; outline: 0px !important; text-shadow: none;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Sem nenhuma pretensão de esgotar qualquer análise a esse respeito, não se pode negar que muitos aguardavam ansiosos por isso, evocando, na palavra de seus mentores, o princípio da razoabilidade: se em diversos setores estratégicos, ilhas antes intocadas da administração pública, a entrada de capital externo é uma realidade em nosso país (energia, transporte, comunicações, seguros - com eficiência nem sempre atestada, mas isso é outra conversa), por que a Saúde não poderia figurar como uma alternativa ao investidor externo? Num texto publicado no jornal do Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo – Sindhosp, de outubro de 2012, as razões para a abertura de capital a empresas estrangeiras na aquisição de hospitais eram colocadas de forma clara e objetiva, contando com participação de respeitáveis formadores de opinião. Na época, imaginava-se que os modelos avançados de gestão, governança e “</span><span lang="PT" style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">accountability” desses grupos externos</span><span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;"> trariam transparência e lisura aos processos de aquisição, proporcionando um saudável ambiente para as boas práticas nos processos clínicos doravante mantidos ou reciclados, e dessa forma minando quaisquer resistências à sua implantação. Tal necessidade de antecipar esse compromisso devia-se e ainda se deve ao fato de que a maior parte de nossos hospitais que atendem usuários do SUS é filantrópico, beneficente ou público.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Não parece haver nenhuma razão para discordar dos possíveis benefícios que o investidor privado trará para os hospitais também privados. Mas a extensão dessa abertura a entidades filantrópicas desperta a principal preocupação daqueles que veem com desconfiança esse processo: se a maioria dos pacientes usuários do SUS (estima-se que seja em torno de 60%) é atendida nos hospitais que são sujeitos à nova lei, ou seja, filantrópicos e beneficentes, em que medida a entrada de um investidor deve interferir na prática vigente? E como fica todo o processo de discussão de diretrizes da política de saúde determinados pelo SUS, que contempla, dentre tantas outras ações, o papel de participação da sociedade em seu conjunto na formulação das tais políticas? Supondo que os benefícios apontados pelos especialistas no assunto realmente justifiquem toda essa abertura, alguém acredita piamente que todos os movimentos desse jogo serão transparentes, lisos e sem nenhum tipo de favorecimento? Nossa maior e mais respeitável empresa, a Petrobrás, patrimônio do povo brasileiro, símbolo de inovação e líder de confiança de investidores por anos, não está aí na situação vexatória que se encontra por falta justamente desses ingredientes?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Com relação às políticas públicas de saúde, principalmente os hospitais que atendem usuários do SUS (e também os hospitais privados), não se pode negar a necessidade de ajustes no atual modelo. Do ponto de vista geral, não é necessário ser especialista no assunto para perceber que muito há que se avançar nesse processo de amadurecimento do SUS, retardado talvez, mas seguramente inclusivo. A implantação de qualquer medida que pretensamente tenha como objetivo final uma melhoria nos padrões assistenciais pode não ser uma decorrência natural da entrada de capitais estrangeiros, como tem sido alardeado pelos defensores das medidas. Ao contrário, no cenário mundial, os países que adotam como princípio básico a livre concorrência em setores estratégicos socialmente definidos excluem formal e legalmente contingentes populacionais extensos, inclusive os EUA, que mais recentemente, a contra gosto das corporações, vem direcionando suas ações para um sentido inverso de sua vocação natural de liberalismo econômico, tentando contemplar através de novos arranjos aproximadamente 50 milhões de norte-americanos que não são cobertos por nenhum tipo de assistência médica. Para a Organização para a Cooperação dos Países Desenvolvidos – OCDE, segundo o último levantamento feito quanto à satisfação dos usuários dos habitantes de seus países na utilização de seus serviços de saúde, nem entre as trinta primeiras nações o país se encontrava.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Países como a Índia, a Tailândia e a Indonésia são frequentemente lembrados como exemplo de inovação e tecnologia em saúde, a um custo baixo e sem perda de qualidade, fazendo a alegria daqueles que investem no turismo médico. A prestação de serviço é privada, com total abertura de capitais. Mas sua população em geral vive à míngua e sem nenhuma perspectiva de acesso amplo a esses serviços. Na América Latina, seguindo critérios nem sempre claros, alguns institutos vêm tentando encontrar formas de classificar por qualidade hospitais. Nas poucas referências encontradas, os hospitais brasileiros, com todas as suas dificuldades, são muito bem avaliados, como o são também hospitais da Colômbia, Argentina e México. Tomando como exemplo a Colômbia, o que se vê é que a ausência de políticas de saúde oficiais inclusivas ou mecanismos reguladores nas políticas de saúde tornam seus hospitais referência em qualidade em função da total falta de alternativas para a população, que obrigatoriamente tem que estar vinculada ao setor privado através de planos de saúde ou pagar do próprio bolso diretamente as despesas médicas e odontológicas. Se não há a presença do Estado, estamos diante de um mercado assimétrico, em que somente um dos atores pauta as regras. Em suma, como adoecer é inexorável, a clientela nunca desaparece.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">A lista de melhorias que poderiam ser aplicadas em nosso modelo saúde em geral, e nos hospitais em particular, é infinita, e não são implantadas por muitos motivos. Temos capacitação técnica para formar uma geração de gestores comprometidos com a qualidade e parece que temos sim a possibilidade de direcionar recursos para esse fim. Mas não o fazemos. Assim sendo, pendura-se o planejamento estratégico feito de forma séria e responsável atrás da porta, para nos dedicarmos a encontrar soluções contingenciais vendidas como necessárias e urgentes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">É nesse hiato, nesse buraco negro, que as soluções mágicas, esquisitas ou tendenciosas surgem, e justamente vicejam não pela falta de alternativas, mas pela falta de seriedade e vontade política de nossos governantes. Além do já famoso ingrediente caracterizado pela inércia da população em geral, e da classe médica e dos demais profissionais de saúde em particular. Afinal, a raposa só ataca o galinheiro desprotegido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Um exemplo de como forças sinérgicas podem atuar no benefício da população está na iniciativa do novo governo do Distrito Federal nesse mês de janeiro em procurar o Ministério da Saúde para solicitar auxílio na implementação de assessoria técnico-administrativa da Secretaria de Saúde local, que vive uma das piores crises administrativo-financeira de sua história. É um exemplo simples. É um exemplo que poderia ser seguido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">E dentro dos hospitais, o que esperar do gestor clínico e do Corpo Clínico propriamente dito, dentro dessa perspectiva?<a href="https://www.blogger.com/null" name="_GoBack" style="background: 0px 0px; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #428bca; outline: 0px !important; text-decoration: underline; text-shadow: none;"></a> Nossa legislação já permite alguns arranjos legais que permitem a participação privada na cogestão de hospitais e unidade de saúde de maior complexidade, na forma de parcerias com organizações sociais e, mais recentemente, parcerias público-privadas. A ideia de desonerar o Estado de obrigações legais e transpor obstáculos processuais para que algumas transformações no modelo assistencial acontecessem (a maioria delas muito necessárias, por sinal), sem perda das metas de cobertura, fizeram com que tais arranjos dessem maior celeridade a processos de contratações, logística, gerenciamento de processos e outros tantos aspectos, resultando daí uma percepção de melhora na qualidade e satisfação do usuário. Aqui a autonomia técnica é preservada dentro das limitações orçamentárias que cada hospital dispõe, estas por sua vez fiéis aos princípios das políticas de saúde públicas vigentes e a dotações orçamentárias pré-estabelecidas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Não é esse o caso que a lei 13.097 propõe.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">De uma maneira geral, em uma situação em que corporações assumam o comando dos processos gerenciais, e consequentemente clínicos, a autonomia profissional não será afetada? Qual o perfil adequado do profissional que deverá exercer sua função nesses hospitais? Subserviente? Médicos, enfermeiros e gestores serão treinados na essência corporativa para prevenir perdas ou dificultar o acesso do usuário aos seus serviços? Seguindo de forma irrestrita os princípios da otimização de espaços, de horários, de insumos, de recursos diagnósticos? Seriam realmente o bem estar coletivo e a adoção de práticas inclusivas e genuinamente preocupadas com a melhoria dos indicadores de saúde os princípios norteadores de corporações que assumissem o setor, principalmente no caso de hospitais filantrópicos? O capital estrangeiro imbuído disso?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Volto aqui a uma constatação: nós carecemos de meios para o alcance de eficiência técnica e administrativa na maioria de nossos hospitais. A adição de mais esse elemento de consequências não tão previsíveis como querem nos fazer crer, sem considerar as diversas e importantes considerações que remetem às já famosas peculiaridades do mercado de saúde, pode sim trazer um risco bastante elevado de fragilizar as já fracas relações entre aqueles que ditam as regras, aqueles que pagam pelos serviços, aqueles que deveriam regulá-las, aqueles que estão na ponta, na operação, e aqueles que deveriam se beneficiar de sua forma de fazer as coisas pretensamente melhor que do jeito atual. Acrescenta também um risco adicional de distanciamento entre médicos (e demais profissionais) e seus gestores, porém aproximando por caminhos tortos o hospital a uma central de receitas operacionais dissociada dos seus incontáveis aspectos não tangíveis e tão fundamentais quanto os demais. Mais uma vez estamos contingenciando.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">Talvez haja algum exagero nessa análise. Pode ser que nada disso aconteça e que possamos, além de oferecer uma cobertura assistencial aos usuários do SUS melhor que a atual por força dos investimentos no setor, desfrutar de um ambiente de, como dito, governança de tal magnitude que no final eleve a percepção de que estamos no caminho certo. Quanto a nós, médicos, pode ser que na onda das mudanças para esse estado de coisas venhamos a ter perspectivas de exercício profissional dignas e lastreadas pelo respeito aos princípios básicos das relações de trabalho, pela valorização profissional e planos de carreira, pela disponibilização de um ambiente de trabalho adequado à nossa função e à dos demais profissionais e pelo desenvolvimento de um espírito de fidelidade, solidariedade e respeito mútuo para com o hospital que nos acolher. Mas receio admitir que talvez seja mais previsível apenas a manutenção de nossos empregos. Somente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; margin-bottom: 10px; outline: 0px !important; text-align: justify; text-shadow: none;">
<span style="box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-family: Calibri, sans-serif; outline: 0px !important; text-shadow: none;">E já vai ser muito.</span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-76478387595296906382014-10-24T16:29:00.002-03:002014-10-24T16:30:13.590-03:00Médico, planos de saúde e mitologia grega<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Erisictão, rei da Tessália, era um
personagem na mitologia grega que teve um estranho fim: por ser arrogante, não
prestar homenagem a nenhum deus e ignorar os apelos de Deméter, deusa da
agricultura, para que não derrubasse a sua árvore sagrada, foi invadido em suas
entranhas por Némesis (a vingança) e Limos (a fome), por ordem desta, de forma
que a partir daquele momento passaria a ter uma fome tão intensa que, após
extinguir toda a comida de seu reino e de vender sua família para adquirir mais
comida e ainda assim não saciar a sua fome, acabou por comer a si mesmo e
morrer.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Encontrei nessa história a metáfora mais que perfeita para servir de fio condutor nessa homenagem às avessas ao dia do médico, que ocorreu recentemente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Devo confessar que em pelo menos um aspecto não vejo muito que comemorar nessa data: os médicos estão infelizes com a situação à qual a própria classe se colocou com relação à intermediação das relações de trabalho feitas pelas operadoras de planos de saúde, que não entregam aos profissionais o valor ao qual fazem jus pelos seus serviços. E o pior, tais quais as ondas do mar batendo nas pedras (me perdoem a licença poética), todos os anos reproduzem as mesmas queixas e muxoxos, sem nenhuma conquista de impacto para a classe.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Longe de ser um comentário panfletário, e sem esperar esgotar o assunto, não consigo deixar de refletir acerca dessa situação tão imperfeita, e que afeta toda uma categoria profissional nas suas mais variadas formas de agir. E, por respingos, outras categorias, por que não dizer.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">As operadoras de planos de saúde vicejaram em nosso país em função de um hiato criado pela nossa própria sociedade. A ordem vigente mantinha um sistema de atendimento em saúde pública distorcido, excludente e burocrático que somente veio a se parecer com algo mais universal e socializante com a 8ª Conferência Nacional de Saúde e o seu filhote, o SUDS (hoje SUS). A classe média crescente, órfã de um atendimento em saúde diferenciado, sem filas e com qualidade superior, enxergava nos planos de saúde da época um meio de, através de uma contrapartida razoável dos seus orçamentos, exercer seu direito de ter um padrão diferenciado de atenção à saúde.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Naquele momento (estamos falando na década de 70 até meados da década de 80 do século passado), os custos envolvidos na cadeia produtiva em saúde eram muito baixos em relação aos custos atuais, assim como os insumos voltados para tecnologias diagnósticas e terapêuticas estavam apenas iniciando seus primeiros passos rumo à explosão de inovações disponíveis a partir dos anos 90, e seus consequentes custos cumulativos. Para os padrões da época, um salário pago por uma operadora de planos de saúde, ou mesmo os valores descritos em suas tabelas de procedimentos para pagamento de serviços, tais como as consultas, eram bastante atraentes para os médicos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No caminho inverso, os profissionais dos serviços públicos tiveram um achatamento sem precedentes em seus vencimentos, na esfera federal e estadual. Com a municipalização, corolário básico do SUDS/SUS, os cargos de gestão ficaram por definição a serem constituídos e remunerados de acordo com cada prefeitura dentro de um planejamento individual, num mosaico de valores e formas de agregação confusa, pouco clara, não regulada, e que até hoje persiste.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A transferência de responsabilidades na assistência à saúde, tirando gradativamente esse encargo do plano de federal, ficou cada vez mais evidente nos governos que se seguiram à época da ditadura, provocando um distanciamento cada vez maior entre uma obrigação constitucional de prover um serviço universal e de boa qualidade, e os orçamentos minguados para o que deveria ser feito. Esses mesmos orçamentos algumas vezes nunca eram aplicados em sua totalidade, em outras vezes aplicados de forma inadequada por incapacidade gerencial ou, para ficar num vocabulário mais moderninho, seguiam os “maus caminhos”. Ainda hoje o governo federal se esquiva de assumir seus compromissos orçamentários (lembrem-se da discussão acerca da emenda 29), deixando aos estados e municípios o ônus de serem obrigados a manter seus gastos determinados por lei sem poderem contar com a contrapartida da União na sua plenitude.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O ambiente para a disseminação das empresas que comercializavam planos de saúde nunca esteve mais propício nessa época, fazendo crescer empresas sérias e empresas oportunistas, que lesaram muita gente inocente. E em função de uma terrível sopa de letrinhas, em que cada empresa ditava suas regras de exclusão e de transferência de custos para as mensalidades de usuário, surgiu a lei 9656 de 1998 para regulamentar a atuação dos Planos de Saúde, seguida da criação da ANS – Agência Nacional de Saúde, nascida com a função primordial de tentar criar a interface apropriada nas relações entre usuários de planos de saúde e as operadoras que vendiam os tais planos. Até mesmo a ideologia neo-liberal da época, trabalhando na criação de um estado mínimo, teve que se render a uma certa regulaçãozinha devido à pressão popular e política da época.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ocorre que de lá para cá muita coisa mudou: mudou a pirâmide populacional do país, que passou a contar com indivíduos cada vez mais velhos (e, consequentemente, mais propensos a desenvolver doenças, principalmente as doenças ditas da modernidade, crônicas e caras). Mudou também o perfil da indústria de insumos e tecnologias em saúde, a partir de inovações (muitas delas de eficácia duvidosa) rapidamente absorvidas pelos usuários, seus médicos ou hospitais prestadores de serviço, sempre sob a justificativa de agregar valor à saúde das pessoas. Com o sucateamento dos serviços públicos, mudou também o padrão de prestação de serviços em saúde, que passou a contar com estruturas que privilegiavam cada vez mais a complexidade do tratamento em detrimento da prevenção de doenças, numa indisfarçada maneira de auferir lucros maiores num mercado cada vez competitivo, aproveitando a fragilidade das estruturas de planejamento nas ações de prevenção de doenças e gestão pública adequada. Todas essas mudanças elevaram de forma exponencial os custos de toda a cadeia produtiva no setor, fazendo com que as operadoras de planos de saúde passassem a ser obrigadas a ter maior controle em seus gastos e maior atenção no comportamento de usuários e prestadores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Desde então inúmeras estratégias de contenção de custos por parte das operadoras de planos de saúde têm sido tentadas na expectativa de reverter esse cenário adverso. Com índices de sinistralidade bem próximos da faixa de inoperabilidade, não havia outra forma de um negócio como esse sobreviver sem que algo não pudesse ser feito. Sim, quando falo em negócio, é negócio mesmo. É uma empresa, com formas de constituição e estatuto social diferentes entre si (seguros-saúde, auto-gestão, cooperativas, filantropias e medicina de grupo), mas sempre negócios, ou seja, sua existência está condicionada a um elemento fundamental que parece estar sempre oculto: necessitam dar lucro para sobreviverem enquanto organizações e precisam dar os retornos financeiros esperados aos seus sócios-investidores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não vou me estender acerca das várias formas utilizadas para o alcance desse objetivo, mas uma forma em especial nos remete ao tema central dessa conversa: os valores pagos pelo trabalho ou ato médico sofreram (e ainda sofrem) um processo progressivo de desvalorização tão grande e inconcebível que quase se paga para trabalhar hoje nos consultórios e hospitais que atendem usuários dessas empresas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Como já foi amplamente demonstrado através de incontáveis estudos, os reajustes percentuais das operadoras aos usuários sempre esteve bem acima daqueles repassados para pagamento de honorários médicos, principalmente consultas, utilizado como procedimento-âncora nas reivindicações. Na condição de já ter convivido por um tempo bem grande nas entranhas de grandes operadoras, é nítido que os valores apresentados pelas faturas hospitalares, principalmente de hospitais de alta complexidade, têm um papel fundamental na prioridade da utilização do mísero dinheirinho que deveria tornar os honorários mais atraentes. Não é para menos. É consenso geral de que as contas hospitalares representam a grande chaga na contabilidade das empresas, por onde escoa a maior parte daquilo que é arrecadado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas não é tão somente isso. No atual estado de coisas, para que negociar com uma classe que por trás de um discurso de unidade apresenta inúmeras dissensões? Se eu consigo minar qualquer movimento oferecendo meia dúzia de bananas e um pacote de balas Juquinha (lembram?) a mais nos valores da consulta para alguns grupelhos de pessoas, para que abrir negociação coletiva? E mais, se não existe nenhuma iniciativa legítima, orquestrada, que envolva toda a classe profissional, para que me preocupar com um gritinho aqui e outro acolá? E o que dizer daqueles que, privilegiando de forma acrítica somente a superutilização dos recursos terapêuticos e diagnósticos dos quais são proprietários para ganhos pessoais destroem qualquer sonho de atividade solidária para com seus pares, demais colegas de profissão? E quanto às organizações prestadoras de serviços em saúde, quase todas com orçamentos apertados, que se vêem na obrigação de compensar déficits numa fatura cheia de gordura a ser apresentada à fonte pagadora, no caso a operadora?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A relação dos médicos com as empresas de planos de saúde é uma relação viciada, obscena na maior parte das vezes e de insatisfação mútua. Não se pode conceber que numa consulta médica habitual um profissional faça uma abordagem técnica minimamente satisfatória em quinze minutos. Sim, quinze minutos, pois esse é o tempo estimado de consulta nos diversos consultórios, ambulatórios e demais locais de atendimento médico. Se paga pouco por consulta? Atendemos em escala. Quanto mais atendimentos, maior o rendimento. O que o paciente quer? Exame básico e check-up. Nada mais. O coitado do usuário finge que foi atendido e o profissional finge que atende...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É para isso que fomos treinados?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não podemos deixar de reforçar a seguinte questão: somos todos empresas, no sentido de desejar obter vantagens competitivas. Os hospitais e similares são empresas prestadoras de serviço em grandes proporções. As operadoras de planos de saúde são empresas que necessitam maximizar seus lucros para justificar sua existência. O complexo médico-industrial reúne grandes empresas, que também não fogem à necessidade de vender cada vez mais para um público alvo com fome cada vez maior de consumo. E nós, médicos, somos empresas também, pois num sentido mais literal precisamos fazer com que nossa prestação de serviço gere um resultado financeiro ao final do mês que pague as nossas contas. A diferença está que, em nosso caso, temos a obrigação ética de entregar um valor para o paciente, temos uma obrigação de meio para prover o melhor estado de saúde para o paciente, temos o dever moral de sermos atenciosos, corteses e empenhados em fazer o melhor dentro da melhor técnica e arte para o qual fomos treinados..... Mas, francamente, isso é que acontece, de fato?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O dilema entre médicos e operadoras não vai acabar nunca. As operadoras não vão jamais atender aos reclames da classe na proporção esperada. Não querem, por considerar que seria um passo inicial para levantar questionamentos futuros para outros procedimentos; e não podem, porque ao contrário do que arrotam na mídia, mal andam com as próprias pernas. A questão é ideológica: se eu sei as regras do jogo a mim desfavoráveis, se eu conheço as minhas minguadas perspectivas de ganho, se eu estou ciente da falência do sistema, e ainda assim aceito entrar como prestador de serviço, então nada há o que reclamar. Muito mais elegante e honesto procurar outros meios de ganhar a vida se não concordar com o jogo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O descredenciamento coletivo para o atendimento de consultas seria assim a melhor solução para operadoras, médicos e usuários. Médicos poderiam, enfim, retornar a uma relação absolutamente liberal no sentido de estabelecer seus preços, mais justos, e se ajustar à concorrência individualmente ou em grupos. Operadoras se livrariam de uma parcela significativa de usuários que fazem uma superutilização de seus serviços de forma desnecessária e onerosa. A compensação pelo ressarcimento de consultas aos usuários, com esses valores maiores, seria feita através do menor volume de consultas que seriam pagas ao profissional pelas vias normais. Por fim, pacientes poderiam procurar profissionais da sua escolha por reputação, conveniência ou preço, sabendo que teriam um atendimento com padrão de qualidade somente oferecido a um paciente particular. É tentador imaginar um cenário em que as relações entre os médicos e seus pacientes atendidos se elevem a um patamar de dignidade há muito esquecido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O consolo é que se essa consciência coletiva não despertar para essa ou qualquer outra atitude, pelo menos ninguém vai morrer de fome (ou de comer) como nosso infeliz personagem do início do texto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ou vai?</span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-1127086709284927842014-10-07T16:18:00.003-03:002014-10-07T16:18:30.456-03:00Alguns aspectos das parcerias entre médicos e hospitais<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">“As relações mais felizes são aquelas baseadas na mútua incompreensão.”<span style="outline-width: medium !important;"><o:p style="outline: none medium !important;"></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 18px; outline: none medium !important; text-align: justify;"></span></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: right;">
<i style="margin-right: 3px !important; outline: none medium !important;"><span style="outline: none medium !important;"><a href="http://pensador.uol.com.br/autor/francois_la_rochefoucauld/" style="color: #0088cc; outline: none medium !important; text-decoration: none;"><span style="color: windowtext; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">François La Rochefoucauld</span></span></a></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: left;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important; text-align: justify;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: left;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important; text-align: justify;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: left;">
<span style="line-height: 18px; text-align: justify;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Os serviços de saúde em geral são realizados através da construção de relacionamentos, instituídos vertical ou horizontalmente, nos quais o bem comum da assistência ao paciente passa a ser o objetivo de todos os seus atores. No caso dos hospitais, é impossível dissociar o alcance de bons resultados para o tratamento das condições de saúde dos indivíduos se as mesmas não estiverem fortemente estabelecidas, seguindo uma razão exponencial: relações bem azeitadas se transformam em valor para o paciente numa proporção muito maior que a esperada. O paciente, ao ser atendido ou internado numa organização dessa natureza, passa a ser o centro de uma cadeia de ações interligadas, concomitantes ou seqüenciais, às quais mais modernamente nos acostumamos a chamar de processos, herdando a terminologia das demais organizações. Como exemplo, um indivíduo que vai ser submetido a um tratamento dentro do hospital interage direta ou indiretamente com os médicos que lhe assistem, com a equipe de enfermagem que lhe dá suporte, com outros profissionais que eventualmente participem do atendimento, da farmácia que dispensa as medicações, do laboratório e setor de radiologia que fazem os exames, do serviço de hotelaria e manutenção que lhe provêm a melhor comodidade e funcionalidade durante a sua permanência, da copa que lhe envia suas refeições e por aí segue a lista.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 20px; outline: none medium !important; text-align: left;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important; text-align: justify;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Esse mosaico de ações confere aos serviços de saúde em geral, e em particular aos hospitais, características que, juntamente com outras tantas peculiaridades, os tornam organizações diferentes e repletas de desafios para os administradores. Seria de se perguntar o porquê da existência dessa sincronia, algumas vezes nem tão síncronas assim, ser como de fato é. Não é uma resposta muito fácil, mas devemos levar em conta que a consolidação do modelo hospitalar de assistência (na forma mais modernamente concebida, ou seja, a partir do século XVIII), vem evoluindo ao longo do tempo na medida do aumento da percepção de necessidades dos usuários coalhada de interesses diversos, sejam eles de natureza estrutural, tecnológica ou de perfil assistencial. E a evolução não para por aí: nunca antes se discutiu tanto o papel dos serviços de saúde no fornecimento do seu produto final para o paciente. Inovações, teorias e novos modelos de fazer a coisa surgem com uma velocidade tão grande que nem conseguimos acompanhar em tempo real: quando travamos contato, outra já a superou. Em todos eles, palavras como equipe, sintonia, qualidade, multidisciplinaridade e liderança, para ficar apenas nesses exemplos, servem para dar a sustentação conceitual para aquilo que se convencionou chamar de “modelo de gestão hospitalar” em seu sentido mais genérico. Aqui se observa uma reciprocidade verdadeira, invisível, intrínseca, pulsátil e viva, e que faz com que toda a organização cresça ou não, na dependência da intensidade com que o corpo diretivo e de gestores perseguem os valores impressos no DNA da organização.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Mais recentemente, novas formas de arranjo organizacional tem procurado estabelecer uma relação um pouco mais próxima entre gestores e o Corpo Clínico dos hospitais. Uma delas, genericamente chamada “parceria”, parece povoar o imaginário daqueles que enxergam no trabalho médico uma parcela razoável de culpabilidade pelo mau desempenho da organização. Seja pelo genuíno despreparo de seus profissionais (e isso também é um sintoma de gestão ineficiente), seja para encobrir as fragilidades de uma gestão incapaz de atender às demandas da organização, é tentador implicar nos custos crescentes da prática médica (que realmente têm um custo elevado em muitos casos) a culpa por uma conta que não fecha.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Através de inúmeras formas, explícitas ou não, a maioria travestida de oportunidade única, as tais parcerias oferecem contrapartidas (a maioria em dinheiro) em troca a uma obediência a certas linhas de conduta que podem vir a desvirtuar uma boa prática médica. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Toda generalização é perigosa, então mais uma vez convém destacar que algumas organizações parecem ter amadurecido a tal ponto que relacionamentos dessa natureza parecem trazer de fato benefícios mútuos, muitos deles através de incentivos não necessariamente na forma de dinheiro. Mas as propostas oferecidas pela imensa maioria dos hospitais e demais organizações, sob a justificativa de trazer vantagens mútuas, não passa de um embuste grotesco e de mau gosto. É feio para quem formula, que na imensa maioria das vezes não tem o conhecimento de causa suficiente para alcançar todas as dimensões de uma prática como é a prática médica, e muito mais feio para quem se sujeita ao mesmo. Mas os gestores da alta administração ou os membros do corpo diretivo/societário ainda não parecem ter se convencido com as experiências alheias.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Não tenho a pretensão de listar as incontáveis formas de acordo que podem criados. Mas ao longo desses anos de observação, leituras e relatos de caso, ao menos numa coisa me sinto confortável em afirmar: nenhuma “parceria” nesse contexto sobreviveu tempo suficiente para servir de modelo para a melhoria da assistência ou do desempenho organizacional, pelo menos nesse país. Curiosamente, no país aonde a maioria dessas propostas são criadas, desenvolvidas e vendidas como solução na forma de teses, cursos de MBA e livros, também não. Porter, Christensen, Bohmer e outros tantos da Harvard Business School, a maioria não médicos, têm se debruçado na geração de ideias e arranjos que agreguem valor cada vez maior ao paciente, dentro da perspectiva de que a adoção de algumas práticas semelhantes teriam invariavelmente repercussões inexoráveis e de maneira positiva no orçamento das organizações e dos países. E não são poucas as propostas, todas, com uma ou outra exceção, bastante atraentes por sinal.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">O Corpo Clínico dos hospitais não está de maneira alguma dissociado dessas reflexões. Ao contrário. Corpo Clínico eficiente, efetivo e eficaz não se traduz em muitos médicos, nem em médicos renomados, de todas as especialidades. Que o digam os hospitais que vem obtendo níveis de excelência em prestação de serviços médicos com a implantação do modelo hospitalista. Grosso modo, boa parte do sucesso da gestão hospitalar no seu sentido mais amplo deve ter como pilar uma assistência à saúde que seja exercida por profissionais que disponham de todos os bons atributos que se espera para o bom desempenho num negócio tão peculiar, acrescido de outro poucas vezes levado em conta: bom senso. É esse atributo que faz com que, dentro da autonomia que a legislação e a atividade-fim intrínseca, secularmente conferida à profissão, ele desenvolva sua atividade de forma liberal, porém solidária; procurando a melhor relação custo x benefício nas suas ações, mas com o discernimento de usar alternativas mais caras se realmente se justificarem; obediente às normas básicas de conduta e atividade profissional de cada organização, e, finalmente, recebendo os incentivos adequados, de tal maneira que se sinta estimulado a manter seu nível de atenção sempre de acordo com as aspirações da organização.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Trocando em miúdos, profissionais bem selecionados, e com os incentivos certos e justos, não se sentem atraídos para acordos diferenciados que privilegiem, teoricamente, ambos os lados. Como não existe relação comercial simétrica perfeita, médicos assim seduzidos logo percebem que os pretensos incentivos não são exatamente aquilo que imaginava. Ou, para consegui-los, talvez tenham que se sujeitar a determinadas formas de agir que podem ir frontalmente às suas noções de ética, justiça e solidariedade.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Que me perdoem os incontáveis entusiastas dessa ideia de parcerias. Mas já houve tempo de observação suficientemente grande para que se chegasse à conclusão de que isso não funciona para a maioria das organizações. Não que em teoria não seja exequível, pelo contrário. Mas, não bastassem as incontáveis diferenças desse negócio para outros, cada organização tem suas particularidades, missão, valores e prioridades. Para muitas, o valor para o paciente é uma preocupação real. Para tantas outras, nem tanto. Outros valores lhe antecedem. E para completar, tal qual o ser humano em geral, nós, médicos, frequentemente somos atraídos pela perspectiva de vantagens adicionais que extrapolam o acordado, o aceitável e o ético. Ou simplesmente deixamos outro agente interferir nessa sagrada relação que comporta o binômio médico x paciente, e mais ninguém. Que o digam aqueles que prestam serviços intermediados por operadoras de planos de saúde e seu comportamento subserviente. Mas isso é assunto para outra conversa.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Médicos desconfiam desse tipo de parceria. Médicos são talhados para serem médicos, nada mais. Até que os currículos das escolas médicas incorporem noções de economia da saúde e gestão, assim será por muito tempo. Gestores não devem ficar traçando estratégias para atrair o médico para o seu negócio, pintando um cenário de perspectivas que levem à falsa sensação de que o médico será um colaborador diferenciado ou um dos donos do negócio. Que obterá vantagens que não existem. O médico não será dono de nada, apenas de sua arte e conhecimento. As queixas de que médicos não são parceiros são atribuídas ao despreparo do médico para colaborar com a organização dentro da perspectiva do gestor. Jamais a organização vai reformular seu agir partido do pressuposto de que talvez ela esteja equivocada.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Talvez esteja chegando a hora de haver uma reflexão acerca desse tema com maior profundidade. Em cada encontro ou evento que participo, escuto nos diversos bate-papos que o Corpo Clínico não colabora, que o médico não é parceiro, que não tem noção do que consome, que não se prende a regras, que reclama muito. Não é chegada a hora de pensar outra estratégia? Buscar no mercado outro gestor, talvez? Capacitar de forma adequada quem está à frente do negócio ou pedir ajuda a quem tem experiência também ajudam. Ser qualificado para exercer um cargo de gestão pode significar ter a habilidade e convencimento necessário para buscar soluções criativas e alinhadas com a realidade de cada organização, desde seu presidente até os níveis de gerência, sem esquecer o gestor médico. Mas reclamar definitivamente não vai resolver. A cabeça do médico, certo ou errado, é diferente da cabeça de quem não é.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">A sugestão que deixo é a seguinte: médicos serão médicos sempre, e, salvo exceções, tenderão a não aderir de imediato a qualquer movimento que tente seduzi-lo ou fidelizá-lo na forma de parcerias de natureza indisfarçadamente comercial. Se a parceria surgir, que seja naturalmente, como são as relações intra-organizacionais que se desenvolveram através dos anos, citadas nos início desse texto. O médico não coloca todas as suas fichas num mesmo lugar. Nunca. Não esperem que tenham o mesmo comportamento daqueles que têm um emprego formal.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br style="outline: none medium !important;" /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #333333; line-height: 21.450000762939453px; outline: none medium !important; text-align: justify;">
<span style="line-height: 18px; outline: none medium !important;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Do contrário, as conversas nos eventos vão continuar sendo um muro de lamentações sem fim.</span></span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-9789187732573239502014-07-22T16:09:00.002-03:002014-07-25T17:16:57.808-03:00O desperdício nosso de cada dia.<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não gostaria de aproveitar esse
espaço para ficar apontando coisas que emperram o desempenho dos hospitais no
Brasil. A tentação de listar novos problemas e de reforçar antigos é muito
grande, mas dessa vez vou me ater a um aspecto assistencial que há muito tempo
me incomoda profundamente na minha prática diária como médico: o desperdício.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Seria uma repetição desnecessária
apontar os enormes bueiros por onde hospitais veem se esvair perdas de receitas
e oportunidades de melhoria contínua a partir de suas práticas, que vão desde
torneiras mal reguladas por onde muitos litros de água se perdem até
procedimentos complexos não pagos (ou pagos em parte) em função de algum filtro
imposto por fontes pagadoras ou condução inadequada da assistência. O fato é
que os hospitais têm esse péssimo hábito de desperdiçar. Mas não estou
afirmando que não existem pessoas altamente competentes nesse terreno, que não
sejam capazes de identificar onde os escoadouros estão e de propor medidas para
que os fechem, principalmente quando o desperdício se dá por inadequações
logísticas, materiais, estruturais, funcionais, legais e até mesmo aquelas
relacionadas a recursos humanos em geral. A depender da alta direção e dos
tetos orçamentários nem sempre acessíveis, suas ações podem gerar a adoção de boas
medidas, imediatas ou não. Na verdade, se todos os problemas de perdas dos
hospitais resultassem desse tipo de perda, seu desempenho financeiro seria bem
mais vigoroso do que na média é. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O grande problema são as perdas
insensíveis, intangíveis e invisíveis, na maioria das vezes negligenciadas, não
auditadas, não enfrentadas e frequentemente não responsabilizadas pelo mau
desempenho dessas organizações. Destas, sem a menor sombra de dúvida, o montante
proporcionado pelas inadequações dos atos médicos, ou seja, de seu Corpo
Clínico, é tão grotesco e óbvio que não dá para imaginar o atingimento de
padrões de qualidade e de desempenho financeiro-operacional de hospitais sem
que as mesmas sejam, ao menos, mensurada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Acima do dever de proporcionar o
bem estar aos pacientes sob seus cuidados e se empenhar na resolução dos
problemas de saúde atinentes aos mesmos, papel central da função do médico,
existem questões de natureza prática que deveriam ocupar lugar central na
condução clínica hospitalar em geral, que passam ao largo das preocupações
tanto de quem está na ponta do sistema, o médico propriamente dito, quanto de
quem deveria estar cumprindo seu papel fiscalizador da boa prática dentro dos
princípios da economia da saúde, ou seja, o gestor hospitalar. Isso para não
falar da pouca preocupação em se criar um ambiente apropriado para o
estabelecimento de métricas que privilegiem a qualidade com adequabilidade
econômica, por parte de muitas fontes pagadoras, dentre elas, e de forma
historicamente recorrente, os orçamentos públicos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Existem pressupostos que tentam
dar uma explicação a este fato, sobejamente conhecido, mas certamente não
enfrentado, a começar pelos currículos das escolas médicas: muitos analistas
enxergam como uma das causas para a pouca preocupação com custos a falta da
adoção de disciplinas que incluam de alguma forma discussões acerca de
políticas públicas, economia da saúde e administração hospitalar. Antes dessa
revolução tecnológica que estamos assistindo já era um esforço heroico incutir
na cabeça dos estudantes a noção de que nossa realidade sanitária e de alocação
de recursos, públicos ou privados, apresenta problemas e equívocos. Não eram
poucos os que tentavam mostrar que era seu papel, enquanto futuro profissional,
ajudar a amenizar essa realidade em nome do bem estar social coletivo. Mas hoje
ficou bem mais difícil essa tarefa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Devido a uma pressão absurda
nunca antes vista para a adoção de práticas médicas alinhadas com interesses
corporativos e ligados a produtores de insumos na área, e com a facilidade de
acesso a publicações de toda ordem (boa parte delas de má qualidade), ficou
mais fácil defender pontos de vista técnicos suspeitos, travestidos de
recomendações e protocolos de última linha que pretensamente visam favorecer a
uma subpopulação específica de pacientes que em muitos casos não enchem um
vagão de metrô. Esse fenômeno sempre existiu, mas no passado alguém sempre
pagava a conta e os instrumentos de avaliação de tecnologias pecavam pela
postura acrítica (hoje não é mais assim, pelo menos não imaginamos que seja). E
parece justo que toda prática deva ser rigorosamente confrontada com padrões de
custo-benefício apropriados para aquela situação. Afinal, quem paga uma conta tem
todo o direito de saber porque paga.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na outra extremidade da corda
está a estrutura hospitalar, soberba e ao mesmo tempo sofrida, tentando achar
meios para melhor definir seu papel assistencial e seu locus no mercado,
pressionada por metas e necessidade de adequações legais ou de auditagem,
buscando reconhecimento na comunidade e entre seus pares através de iniciativas
de Acreditação (muitas vezes em vão) e eternamente buscando soluções que tragam
uma melhor receita operacional nas suas atividades. Mas, como alguém já disse,
o hospital enquanto ser dinâmico e provido de força própria não existe. O que
existem são pessoas, são valores e são percepções de realidade que podem variar
imensamente entre si. E dentre essas, cabem aos gestores imprimir esses valores
através de técnicas focadas no melhor desempenho a baixo custo, exercendo seu
papel de líder justamente num cenário nunca antes tão necessário.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É muito difícil experimentar no
cotidiano dos hospitais a sensação de que os recursos são implacavelmente
utilizados de forma inadequada, algumas vezes até irresponsável, em nome de uma
pseudo boa prática que visa muito mais a super-utilização de recursos para uma
sobre-valorização de receitas, principalmente no escopo da assistência
suplementar e privada. Nos hospitais públicos, dentre muitas outras
contradições, não é difícil encontrar uma perniciosa combinação de despreparo
técnico, imaturidade profissional e falta de seguimento de parâmetros básicos
que incluam bom senso e racionalidade na utilização dos parcos recursos que
todos conhecem bem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Selos de Acreditação e tv a cabo
nos quartos não são a melhor expressão da qualidade em si, ela não pode existir
só nos jornais e revistas para que todos saibam que ela existe. Qualidade
assistencial é um valor que vai muito além da própria mensuração. Consiste na
absorção de conceitos e princípios que, transmitidos a todos nela envolvidos,
inclui rigorosamente a necessidade de supervisão de seus pressupostos, além de,
me perdoem os líricos, fiscalização permanente daquilo que se convencionou
chamar de boas práticas. Ou seja, um bom capataz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Passando do teórico para o
prático, vão aí alguns exemplos de como se pode amenizar essa questão, sem a
menor pretensão de esgotar o assunto:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
* comissões de revisão de óbito,
do prontuário do paciente e de longa permanência não podem ter papel
figurativo. Devem ter autonomia chancelada pela alta direção para propor,
implantar e monitorar boas práticas relacionadas à permanência hospitalar dos
pacientes internados;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
* a unidade de Emergência deve
ser privilegiada com os recursos de espaço físico, de pessoal e de logística
necessários para a resolução de problemas que dispensem a internação
propriamente dita, privilegiando a resolução rápida, pontual e objetiva dos
problemas e aumentando o turnover de pacientes. Além disso, devem ter em seus
quadros profissionais experientes e bem remunerados para compor o filtro de
alocação de recursos e resolução de problemas clínicos mais complexos
(diaristas ou rotinistas) que muitas vezes são deixados para que profissionais
sem muito treinamento o façam;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
* rotinas que privilegiem a
análise criteriosa de custo-benefício naqueles pacientes que se encaixem no
conceito, sempre muito subjetivo, de terapia fútil: incentivar a criação de
comissões de cuidados paliativos e seu papel consultor, junto com a Psicologia
hospitalar;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
* diretrizes e protocolos não são
meros documentos para mostrar que existem. Se existem, é porque alguém
presumivelmente teve o trabalho de trazer para aquela organização uma proposta
sobre o melhor jeito de fazer as coisas naquele local. Se não estiver à altura
da organização, deve ser repensado. Senão, deve ser seguido. Se contiver coisas
absurdas, o próprio mercado condena. O que não pode é ser de mentirinha;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
* priorizar insumos que após
análise criteriosa possam ser utilizados, sem perda de qualidade, para o
tratamento de pacientes internados: parece óbvia essa proposição, mas não é.
Aquisição não criteriosa de equipamentos, matérias, saneantes, drogas,
consultorias e alterações estruturais que fujam do “core” da organização ainda
são utilizados em larga escala (para não dizer dos incentivos paralelos e
escusos que acontecem tão comumente, mas essa é uma outra história);<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
* transformar a cabeça do gestor
ou da organização: essa é a parte mais difícil. Seja por uma total
impossibilidade física do gestor estar em vários locais ao mesmo tempo, seja
por total incapacidade de percepção desses fatores, a organização tende a
subestimar seu desperdício técnico. Afinal, por falta de olhos atentos, ninguém
dá muita atenção mesmo a isso...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>É por isso que eu desenvolvi uma opção para salvar os hospitais dessas
reflexões, aproveitando o clima de baixo astral pela derrota na Copa do mundo e
o ano eleitoral: quero convocá-los para me ajudarem a propor aos nossos
ilustres candidatos para que incluam em suas plataformas de promessa o “Bolsa
Desperdício”!! Uma forma prática e oficial de ressarcir as inadequações e falta
de gestão com o dinheiro público ou privado, bem ao gosto de nossa sociedade!!!<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Piadas sempre são legais, mas o
assunto é sério. Na falta de espaço para aumentar o orçamento, que tal olhar
para o próprio umbigo e tentar melhorar o que está embaixo do nariz?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O Gestor Clínico pode e deve
assumir seu papel. Sob seu comando estão as pessoas que vão ao final colocar a
organização nesse ou naquele rumo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se não for assim, não é gestor. É
encarregado.<o:p></o:p></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-83171931123063874912014-06-02T15:03:00.001-03:002014-06-02T15:03:43.108-03:00Conceitos não alinhados, resultados aquém do esperado.<br />
<div class="text-simple-content" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin: 15px 0px 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Tenho refletido muito acerca do uso repetitivo do termo “Gestão do Corpo Clínico” e seus derivativos. Nos encontros em que participo, nos contatos que faço e nas fontes que busco, vejo uma diversidade enorme de percepções sobre o que vem a ser o termo, quais são as ferramentas utilizadas, seus mecanismos reguladores, qual o seu efeito prático na melhoria da qualidade assistencial e nos resultados operacionais para a organização que resolve adotar alguma iniciativa na implantação desses mesmos conceitos.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Segundo o site Wikipédia, “conceitos são universais por se aplicarem igualmente a todas as coisas em sua extensão”. Assim sendo, seria de se esperar que, a exemplo do senso comum, o conceito de Gestão do Corpo Clínico fosse de tal forma constituído que, independente de variações semânticas naturais de ocorrerem, na sua essência representasse uma idéia central que pudesse ser compreendida por quem dele faz uso. Não é o que parece ocorrer nesse caso em particular.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O termo, inicialmente adaptado do “clinical manegement” nos Estados Unidos, foi introduzido em nosso meio à medida em que a percepção de que processos de qualidade na abordagem dos diversos problemas envolvendo médicos em hospitais poderiam e deveriam ser sistematizados de tal forma que resultassem em padrões aplicáveis senão a todos os hospitais, à maioria deles. E por que hospitais? Simplesmente porque são os maiores sorvedouros de recursos aplicados na assistência à saúde, seja de cunho privado ou público. E não poderia ser de outra forma, tais as características próprias dessas organizações.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Louva-se a iniciativa de alguns organismos, dentre os quais a da Associação Nacional dos Hospitais Privados – ANAHP, que de forma sensível e assertiva foi uma das primeiras a apresentar o cenário desfavorável dos custos ascendentes em saúde, com repercussões para todos os elementos da cadeia produtiva a ela associada, chamando à discussão gestores hospitalares e fomentando a necessidade de reflexão séria sobre o tema, ao mesmo tempo em que introduzia novos elementos que mostravam que era possível alcançar bons resultados clínicos através do uso de certas ferramentas gerenciais até então desconhecidas ou não sistematizadas na maioria dos hospitais que foram chamados a essa discussão. Tive e oportunidade de fazer parte de alguns desses encontros e pude atestar como essas novas idéias, inovadoras à época, foram bem absorvidas e implantadas, e hoje se fala de forma natural em protocolos, diretrizes, indicadores e outros nos meios gerenciais.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Dez anos se passaram desde então. Mas está faltando alguma coisa. Deveríamos ter uma percepção de que avançamos no atingimento de padrões de qualidade assistencial além daqueles que já alcançamos na aplicação desses princípios, já amadurecidos com o tempo. Entretanto, a confusão conceitual parece obscurecer o núcleo central da questão: com todos os avanços na adoção de algum tipo de ferramenta gerencial voltada para boas práticas do Corpo Clínico, por que ainda somente algumas organizações transparecem uma atmosfera de melhor cuidado que a imensa maioria dos 6837 hospitais brasileiros (CNES, maio 2014)? E por que é tão difícil fazer a ligação entre a adoção desses mesmos princípios com os resultados operacionais e os índices de satisfação daqueles que se utilizam dos serviços hospitalares em geral?</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Para alguns, Gestão do Corpo Clínico tem uma dimensão predominantemente administrativa-financeira: Gestão do Corpo Clínico adequada seria caracterizada por intervenções na maneira de atuação dos médicos que impliquem em racionalidade no uso de insumos (farmaco e tecno-economia, desperdício minimizado), na pouca permanência do paciente internado, na eliminação de perdas (glosas), na escolha das melhores alternativas terapêuticas (sem espaço para superutilização) e no melhor resultado operacional para a organização.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Para outros, a dimensão Legal seria a mais importante: Gestão do Corpo Clínico adequada seria caracterizada pelo seguimento a normas e preceitos legais “do Conselho Federal e Regional de Medicina (CFM e CRM), com as recomendações para boa prática clínica da Associação Médica Brasileira (AMB), das Sociedades de Especialistas e em consonância com a legislação específica do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)” (Manual do Corpo Clínico da ANAHP).</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A dimensão processual é invocada em outras situações como a mais importante: Gestão do Corpo Clínico adequada seria aquela em que os médicos atendessem à recomendação de seguir os princípios elementares da qualidade assistencial definidos pela alta Direção, lastreando sua prática em conformidade com as melhores evidências científicas disponíveis para a utilização dentro da organização, dentro da menor margem possível de variabilidade na assistência ao paciente sob seus cuidados.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A dimensão ética sugere que Gestão do Corpo Clínico adequada seria aquela em que os médicos seguissem as recomendações da alta Direção, expressa através da obrigatoriedade da elaboração do Regimento Interno e demais comissões obrigatórias com ampla participação da classe; do estabelecimento da representatividade da categoria médica através de Diretor Clínico eleito, assembleias, reuniões com os médicos e ouvidoria; da diferenciação de papéis entre Diretor Técnico e Diretor Clínico; da política de certificação profissional (credenciamento médico seguindo normativas éticas previamente estabelecidas) e do desenvolvimento de políticas de comunicação afinada e estratégica com o Corpo Clínico.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Por fim, alguns acreditam que a dimensão humana é a principal: Gestão do Corpo Clínico adequada seria aquela em o que o exercício de liderança dos gestores clínicos proporcionasse a geração de um ambiente de cooperação e respeito mútuos entre todos os profissionais que participassem da assistência ao paciente, tendo como ponto de partida a adoção pelos médicos que compõem o Corpo Clínico de uma postura ética, respeitosa, inclusiva e participativa na rotina da organização.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Existem outros vieses de interpretação. Por exemplo, com a adoção crescente da Medicina Hospitalar, sobejamente estabelecida como estratégia de resultados inquestionáveis em ganho para os pacientes e para a organização quanto à qualidade assistencial, muitos gestores acreditam que basta a contratação de uma boa equipe de hospitalistas e todos os seus problemas relacionados ao Corpo Clínico estarão resolvidos. A Medicina Hospitalar é um dos instrumentos mais valiosos que um gestor pode dispor em seu hospital. Mas não é a expressão da proposição em si.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Com os processos voltados para a obtenção de selos de Acreditação ocorre fenômeno semelhante e distorcido em várias organizações. Nessas, o imaginário irrefletido de que basta ser acreditado que todo o hospital mudará sua maneira de ser para melhor ainda povoa a cabeça daqueles que buscam soluções fáceis, não se importando em pagar por elas. A experiência vem mostrando de forma consistente quão desastroso é pensar e agir assim.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Nessa sopa de letrinhas que permeia as discussões, é desapontador que ainda hoje se fale da necessidade de Gestão do Corpo Clínico sem uma noção muito clara do que o mesmo vem a ser. Basta perguntar para qualquer gestor seu significado para ver como os conceitos são múltiplos. Ou, fato corriqueiro, não se tenha a menor ideia do que se trata. Pior ainda é perceber a pobreza de meios e oportunidades para um aprofundamento dessas questões: o único livro que trata especificamente do assunto no Brasil foi publicado em 2008. E em eventos criados para discutir especificamente o assunto, o que se vê é uma síntese do que tem sido a tônica nessas ocasiões: relatos de experiências individuais ditas como exitosas, num interminável “como eu faço”, listando de forma repetitiva estratégias parecidas com os discursos alheios, sem o necessário aprofundamento de questões específicas ou reflexões de caráter macro que possam servir como fio condutor de ações que alinhem esses elementos com as reais necessidades de uma organização em especial.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Mas deixemos os dilemas conceituais de lado. O mais importante é reconhecer que muito se avançou no entendimento dessas questões. Independente do viés utilizado e do caminho escolhido, só a percepção de algo pode ser feito nesse campo, e que isso pode de alguma forma trazer benefícios para o ambiente organizacional, já demonstra um amadurecimento. O próximo passo talvez seja a transformação da bagagem teórica-prática adquirida numa mudança do ambiente relacional, de tal forma que gestores e lideranças possam mensurar o impacto de suas iniciativas de maneira consistente. Mais que isso, que possam, num movimento às avessas do que tem sido até o momento, vivenciar de maneira mais presencial a rotina de quem está na ponta do sistema, sentindo os odores e os humores de toda a experiência de cuidar.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Como escreveu Kant, “todo o conhecimento humano começou com intuições, passou daí aos conceitos e terminou com idéias”.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Como sempre digo, o escritório do gestor é o corredor do hospital. Esse é o momento de colocar as idéias em prática.</div>
<div>
<br /></div>
</div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-1827878083057484042014-04-02T14:49:00.006-03:002014-04-02T15:20:46.692-03:00Lideranças. E a falta que elas fazem nos hospitais.<br />
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Há uma frase supostamente atribuída a Nigel Farage, membro do parlamento britânico, a respeito do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, em um acalorado debate naquela casa parlamentar, no qual o primeiro diz com a ironia cortante de um britânico: “Não quero ser rude, mas, falando sério, você tem o carisma de um pano de chão e a aparência de um bancário qualquer”. Honestamente, fiquei encantado pela frase no sentido em que quando olho para algumas organizações de saúde, principalmente hospitais, a comparação não poderia ser mais feliz ao se tratar de lideranças à frente do Corpo Clínico.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Todos têm ciência da carência generalizada de quadros capacitados a exercer funções de gestores em geral, e, fato grave, de gestores clínicos em particular. Num contexto mais amplo, não custa lembrar que em todo o mundo orçamentos públicos e privados destinados a hospitais são muito elevados em relação às demais ações de saúde. Para ficar apenas no nosso exemplo, alguns estudiosos chegam a afirmar que nada menos que setenta por cento de todo o orçamento do Ministério da Saúde é aplicado nessas organizações, sejam elas públicas ou privadas, em seus variados arranjos. Não cabe aqui fazer uma reflexão acerca dos fatores que levam a esta distribuição, tampouco as motivações que dão substância à forma como ela é feita. Porém uma coisa não pode deixar de ser cada vez mais repensada: a maneira como esses valores são utilizados pode ser melhorada?</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Evoca-se aqui, mais uma vez, o pano de fundo que mostra as transformações recentes em escala mundial que vem produzindo um novo perfil consumidor do mercado de saúde: uma população maior e mais rapidamente envelhecida obviamente consome mais recursos no tratamento de doenças e condições crônicas. Epidemias de problemas relacionados à violência urbana, frequentemente ignorada nos discursos, dão uma contribuição especial ao custo-saúde, principalmente em nosso país. No complexo médico-industrial, impossível não deixar de mencionar o papel das inovações na área de tecnologia de serviços de saúde, todas caras porém importantes, e que por uma característica intrínseca deste tipo de mercado são absorvidas (algumas vezes induzidas ao uso de forma oportunista e acrítica) sem substituir a anterior, encarecendo ainda mais a prestação do serviço (fato igual não ocorre em nenhum outro tipo de ambiente industrial: via de regra, se você decide comprar um telefone celular novo e com mais recursos tecnológicos, por exemplo, é muito provável que deixe de utilizar o anterior, que por sua vez à época da compra foi adquirido a um valor modular mais elevado que o de melhor tecnologia que você acabou de adquirir. Porém se seu hospital adquirir um equipamento de última geração para qualquer coisa, dificilmente seu antecessor deixará de ser utilizado).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Sem aprofundar mais ainda assunto tão palpitante, parece mais ou menos óbvio que a arte de utilizar bem os recursos (finitos) que dispomos deixou de ser um requinte para ser uma necessidade, em face de uma realidade que só tende a piorar.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Gerenciar bem os recursos dentro das organizações segue certos ritos objetivos, fundamentados em um planejamento estratégico às vezes bem difícil de seguir em função de muitas externalidades típicas do setor. É nesse momento que o talento deve se manifestar através de lideranças que pensam, têm atitude, elaboram alternativas, planejam ações, influenciam positivamente todo o meio ao redor, contagiam os demais, e ampliam a capacidade de adaptação aos momentos adversos, sem deixar de manter o reconhecimento de seu papel primordial de prestação de serviços assistenciais de boa qualidade.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Aí que o gestor clínico se insere. Através de sua fluência, de sua experiência, seu carisma e de sua capacidade de motivação, não sem antes vencer algumas resistências naturais, deve reunir os elementos necessários para se tornar uma referência na sua função: o respeito advindo de sua postura coerente, justa, acolhedora, vigilante e, mais do que nunca, providencialmente interventora, costumam ter um poder transformador.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Até bem pouco tempo, a figura do Diretor Clínico e suas variantes era ocupada por personagens que faziam parte do cotidiano da organização, em que se valorizava a experiência clínica e o respeito de seus pares, muitos sendo alçado a essa condição como uma espécie de homenagem à sua contribuição como médico para a mesma. Todas as pessoas que pensam o tema são unânimes em afirmar que novos atributos foram adicionados a essa função, como requisito básico para a melhor condução desse árduo trabalho que é estar à frente de médicos. Porque os médicos que formam o Corpo Clínico querem ser na maioria das vezes apenas médicos. Uns poucos querem participar da rotina administrativa da organização e outros tantos fazem esforços para se adequar a um comportamento de cunho supostamente gerencial, com o único objetivo de obter as compensações financeiras que dele se extrai.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Continua sendo inimaginável que uma estrutura complexa que é um hospital ainda abra mão dessas reflexões, por não considerá-las prioridades. É difícil entender como essa preocupação frequentemente é secundária, justamente quando o corpo técnico ao qual deve ser dirigido o foco é simplesmente um dos pilares, senão o mais robusto, um dos mais básicos da assistência. Impossível compreender como pagadores, presidentes, sócios majoritários e demais elementos na cadeia hierárquica superior dessas organizações ainda ignoram o fato de que a forma como seu Corpo Clínico trabalha tem relação direta com o melhor desempenho técnico, administrativo e financeiro.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Naturalmente muitos fatores interferem nessa percepção, que pode, inclusive, intencionalmente estar sendo mantida em plano secundário para benefício de uns em detrimento de outros melhor qualificados. Sim, existem profissionais qualificados para essa missão. São raros, caros e às vezes difícil de serem reconhecidos no meio de tanta mediocridade.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
É uma pena. O mercado de panos de chão está em alta e agradece.</div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-64259762586037543202014-02-05T00:12:00.001-03:002014-02-05T00:12:10.633-03:00Vamos pedir piedade<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há uma canção do Cazuza que
sempre me faz pensar, na medida em que remete à certeza de que somos em grande
medida limitados enquanto seres humanos. Em “Blues da Piedade” (<a href="http://www.vagalume.com.br/cazuza/blues-da-piedade.html">http://www.vagalume.com.br/cazuza/blues-da-piedade.html</a>)
ele escracha, como de hábito, um aparcela significativa das pessoas que vivem
no nosso mundo, mas, de forma instigante na sua definição “perderam a viagem”. Mexe
comigo porque frequentemente vejo que ele parece ter uma forte dose de razão. E
começa assim:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Agora eu vou cantar pros miseráveis que vagam pelo mundo derrotado,
pra essas sementes mal plantadas, que já nascem com cara de abortadas...”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A princípio esse início não
caberia num assunto que volta e meia vem à tona. O paralelo entre ambos está
justamente na capacidade do ser humano ser tão pobre na percepção do universo
ao seu redor. No caso das organizações hospitalares e de seu Corpo Clínico,
dentre as muitas iniciativas de resultados duvidosos na sua implantação, a
reflexão acerca da necessidade de criar um ambiente propício à prática de
“Humanidades” me soa bastante incômodo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Pras pessoas de alma bem pequena, remoendo pequenos problemas,
querendo sempre aquilo que não têm..”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fomos inexoravelmente separados
de uma prática ancestral que colocava médicos e pacientes em um nível de
sintonia muito próximo. Desde meados do século XIX estamos sendo seduzidos de
forma progressiva por um agir e pensar muitíssimo em desacordo com os
princípios hipocráticos milenares que são o alicerce da profissão médica. Não
se trata de uma afirmação tão óbvia assim: muitos têm dificuldade em entender
em profundidade esse pressuposto básico, que nos acompanha desde a colação de
grau. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Pra quem vê a luz, mas não ilumina suas mini certezas.” <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Poderia discorrer sobre os
diversos fatores que levaram a essa situação, mas sem nenhuma dúvida o
exagerado apego à tecnologia nas suas mais diferentes manifestações mudaram
comportamentos e percepções, tornando nós, médicos, em entusiastas de uma forma
de agir e pensar que reza pela objetividade levada ao extremo, calcada na
premissa de que o ser humano no processo de adoecimento necessita
primordialmente da adoção de critérios bem estabelecidos de diagnóstico e
tratamento para seus variados problemas de saúde, mantendo distância segura de
qualquer envolvimento ou aquisição de conhecimentos acerca das dimensões
psicológicas ou sociais que envolvem cada um nesse processo e estreitando toda
a prática a uma faixa de atuação bastante limitada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Vive contando dinheiro, e não muda quando é lua cheia”. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não raro percebemos como o
distanciamento dessas dimensões subjetivas, trazem frustração tanto para quem
trata quanto para é tratado. Um reflexo disso nos anos mais recentes é
exemplificado na popularização de abordagens mais holísticas por parte de
profissionais de saúde, não necessariamente médicos (aí residindo, inclusive, a
abertura de oportunidades para a imperícia e o charlatanismo), tal como as
práticas alternativas de medicina, dentre elas a Acupuntura e a Homeopatia, que
consideram no seu âmago toda uma estrutura de vida e de relacionamento do mundo
que hoje a medicina tradicional, ocidentalizada e consagrada por métricas
estranhamente incompletas, não dá conta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Pra quem não sabe amar........Vive esperando alguém que caiba no seu
sonho”.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As operadoras de planos de saúde,
através de um viés obviamente econômico, há algum tempo já perceberam a
necessidade de mudanças nas suas escolhas de serviços e profissionais
prestadores de serviço, tentando (de forma ainda desastrada e sem muita
eficácia) privilegiar a atuação do profissional de formação mais generalista, o
que não deixa de ser uma possibilidade para o usuário ter uma abordagem mais ampla
de seu problema. Alguns chegam a remunerar melhor esse profissional, na
expectativa de que dessa forma poderão melhorar suas receitas operacionais pela
redução de encaminhamentos a especialistas e no volume de
internações/procedimentos desnecessários.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>”Como varizes que vão aumentand....Como insetos em volta da lâmpada” <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nos hospitais, a figura do
hospitalista vem ganhando reconhecimento e popularidade. A despeito de algumas
lacunas conceituais, a figura de um indivíduo que ao menos se propõe a lidar
com o paciente de forma mais integrada, com uma visão de conjunto antes inexistente,
denota uma evolução gradual nas práticas de se fazer Medicina. Falta ainda
percorrer uma boa faixa de terreno para se chegar a uma uniformização quanto a
alguns aspectos assistenciais, mas algumas organizações já avançam no sentido
de dar um caráter multidisciplinar à abordagem dos pacientes internados,
passando a privilegiar informações e percepções que até a algum tempo soariam
como risíveis, objeto de gracejo por parte principalmente de nós, médicos, e
dos gestores em geral. E ainda o são para uma parcela significativa, muitos
deles bem jovens.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Vamos pedir piedade, Senhor piedade. Pra essa gente careta e covarde.
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.” <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Esse é outro aspecto cruel em
toda a história. As grades curriculares das faculdades de Medicina continuam a
reproduzir uma práxis voltada para o endeusamento da inovação tecnológica e
para a aquisição de valências essencialmente técnicas, desprovidas de vivências
humanísticas, a despeito de um discurso revolucionário de fachada. O acesso à
informação é cultuado e colocado num patamar de importância tão grande que dita
comportamentos: se você não leu, não acessou ou não clicou você não está
sintonizado. Não é surpresa que nesse contexto não sobre algum espaço para uma
discussão que leve em consideração esses tais aspectos humanísticos da relação
médico-paciente. A esse respeito recomendo a leitura da excelente revisão do
assunto no texto “A influência da visão holística no processo de humanização
hospitalar”, que está disponível na internet.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Quero cantar só pras pessoas fracas, que estão no mundo e perderam a
viagem. Quero cantar o blues, com o pastor e o bumbo na praça.” <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dessa forma, voltamos ao ponto de
partida. De forma vertical, de cima para baixo, organizações, instituições e governos
tentam incutir valores e formas de pensar que tragam à tona essas reflexões, fomentando
a realização de congressos, publicações, cursos, sociedades de humanização, grupos
de discussão e por aí vai. Eivadas de boas intenções, todas as iniciativas, que
transitam no terreno da Bioética, ainda não encontram solo firme para a sua
fundação. E, cá entre nós, humanizar relações humanas? Tem redundância maior
que essa? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Vamos pedir piedade, pois há um incêndio sob a chuva rala.” <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O núcleo familiar, como sempre, sempre
será o cenário ideal para a formação do indivíduo humanista. Famílias que
prezam o amor ao ser humano de maneira incondicional, a abolição incondicional dos
preconceitos e a adoção de valores éticos e morais sublimes formam cidadãos
“humanos”, sem necessidade de serem doutrinados no futuro. Sejam médicos ou
quaisquer outros profissionais. E independente de convicções religiosas ou a
ausência delas. Mas já que não podemos interferir nesse processo de formação do
indivíduo, que na opinião de muitos está em franca deterioração em função dos
novos arranjos que a sociedade moderna incorporou, pelo menos as universidades,
centro formador do caráter do indivíduo sob vários aspectos, poderiam tentar
pelo menos trazer alguns desses elementos para a discussão e reflexão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>“Somos iguais em desgraça. Vamos cantar o Blues da Piedade”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É muito difícil aceitar que
médicos, principalmente aqueles que aparentam maturidade em função dos anos de
contato com o ser humano, reproduzam atitudes de desrespeito e de
“coisificação” do sagrado ato médico e de seu paciente aos seus cuidados, em
detrimento de um enaltecimento das “coisas” ao redor. No nosso cotidiano, independente
da arena aonde se encontra, a razão de ser será sempre o ser humano. Não se
pode esperar nada menos que uma atitude humanista na sua essência no trato com
o paciente que lhe procura ou lhe foi confiado. E com perdão da ironia, vejam
só, coincidentemente humano também. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para finalizar, cito Antonio
Damásio, que no seu livro “O Erro de Descartes” (http://livros-downloads.blogspot.com.br/2010/09/o-erro-de-descartes-antonio-r-damasio.html),
uma obra que tenta mostrar que o famoso filósofo se equivocou ou separar a
razão da emoção no ser humano, escreve um capítulo abordando essas questões e
conclui, a meu ver de forma muito apropriada: <b><i>“Se, como julgo, o êxito atual
dos tratamentos alternativos é um indício da insatisfação do público em relação
à incapacidade da medicina tradicional de considerar o ser humano como um todo,
é de prever que essa insatisfação irá aumentar nos próximos anos, à medida que
se aprofundar a crise espiritual da sociedade ocidental”</i></b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><i><br /></i></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vamos pedir piedade. <o:p></o:p></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-46149927824455492062013-10-18T23:33:00.000-03:002013-10-19T20:42:29.522-03:00O Dia do paciente no lugar do Dia do Médico<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O dia 18 de outubro foi escolhido
para homenagear o médico em vários países desde o século XV. A escolha da data
de forma tão unânime deve-se ao fato de ser esta data também dedicada a Lucas,
médico em Antioquia, Turquia, mais ou menos na mesma época em que Jesus Cristo
vagou pela Terra. Não foi um apóstolo, mas sua bondade e devoção aos pobres o
tornaram figura especial para os católicos do mundo todo, chegando à condição
de Santo dentro da igreja.<b><o:p></o:p></b><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Desde aquela época e nas épocas
que se seguiram até a modernidade, o trabalho dos médicos sempre foi muito
respeitado, tal como nos dias atuais. Obras como “Médicos de homens e de
almas”, de Taylor Caldwell; “O Físico” e “Xamã”, ambos de Noah Gordon; “A obra
em negro” de Marguerite Yourcenar; e “A cidadela” de A.J. Cronin , são algumas
que tive o prazer de ler e recomendar dentre tantas outras. Nestas, os médicos
nos são apresentados copmo figuras repletas de intensidade, abnegação, bondade
e dedicação à sua causa, ao seu mister, ao seu destino, e principalmente, ao
seu paciente. Sumarizando, apresentam-nos figuras repletas de humanidade em seu
sentido mais profundo, transitando entre a opulência e a miséria absoluta,
entre a virtude e a corrupção, entre o frívolo e a necessidade absoluta. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nossos antecessores guardiões do
juramento de Hipócrates viviam conflitos não muito diferentes do que vivemos. O
ser humano é o que é desde a sua criação. Minha questão central está na
concepção de mundo que temos através da nossa profissão. Na forma como
enxergarmos os aspectos mais relevantes de nossa prática através dos valores
que deveriam se manter eternos e imemoriais.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ser médico hoje em dia é
diferente do que o eram nossos colegas no passado?<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Estava lendo uma pesquisa
encomendada pela Associação Paulista de Medicina acerca da satisfação dos
usuários e de médicos com planos de saúde no Brasil. A íntegra da mesma pode
ser acessada em <a href="http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=24250:oito-em-cada-10-pacientes-tem-problemas-com-planos-de-saude&catid=3">http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=24250:oito-em-cada-10-pacientes-tem-problemas-com-planos-de-saude&catid=3</a>.
Nessa pesquisa, são colocadas algumas conclusões, dentre as quais a que diz que
<span style="background: white;">79% dos usuários que recorreram aos planos de
saúde nos últimos 24 meses relataram problemas com os mesmos, de diversas naturezas.
E que para </span><span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">56%
deles, os planos pressionam os médicos para reduzir o tempo de internação dos pacientes.
Além disso, 60% dos usuários concordam que os planos pagam valores baixos por
consultas ou procedimentos aos profissionais. Como se vê, a percepção do
paciente que paga um plano de saúde não é muito diferente na essência quando
comparada à visão do próprio profissional para com este intermediador de
serviços de saúde comumente chamado de convênio. <o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Existem elementos em demasia para que conclusões
simplistas sejam feitas acerca desse tema, mas lá no fundo, lá no fundo mesmo,
a relação entre médicos e planos de saúde tem algo de patológico e hipócrita:
trabalha-se por volume em detrimento da qualidade, fala-se mal dos convênios,
mas não se vive sem eles; culpa-se a conjuntura e o “como deixamos chegar a
este ponto”, mas ninguém dá um passo objetivo no sentido de quebrar essa
condição de subserviência. <o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Pobre de nós! De
forma unilateral e covarde aderimos a movimentos oficiais de paralisação ao
atendimento de usuários que tanto dependem deste atendimento. E muitas vezes o
movimento é não oficial: segregando o usuário de plano de saúde na sua agenda,
dedicando menos tempo e atenção ao mesmo, e, para piorar, cobrando valores
adicionais em cima dos honorários previstos, sempre com a justificativa de que
são mal remunerados. Dentro dos hospitais a assistência também não foge muito
desta tônica: pacientes internados são conduzidos de forma apressada e menos
trabalhosa possível para o profissional. Seja em função da sobrecarga de
trabalho ou pura e simplesmente devido a uma visão distorcida do que vem a ser
a condução de um paciente internado, os problemas ou são resolvidos da forma
mais impessoal, cara e demorada, ou simplesmente não são resolvidos,
engrossando as estatísticas de casos que poderiam ter um bom desfecho, mas não
o foram. E, lamentavelmente, nenhum selo de Qualidade consegue reverter essa
realidade se medidas duras e muitas vezes antipáticas não forem tomadas pelas
nossas lideranças, cada vez mais carentes de carisma. <o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Afinal, para quem é direcionada nossa prática? <o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Penalizar o paciente é sempre mais fácil. E através de atitudes
dessa natureza vamos mantendo as coisas sem as mudanças que, no escuro de nosso
quarto, pensamos ser as mais corretas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Uma manifestação do distanciamento entre o que deveria
ser e não é pode ser ilustrada por manifestações de pseudo-preocupação com o
paciente, que de forma tosca buscam o reconhecimento de enunciados filosóficos
tão estéreis quanto a capacidade de autocrítica e visão de todo de uma parcela
significativa de quem o preconiza, como o foi recentemente a movimentação em
torno do Ato Médico. Para um monte de gente foi um passo tão mal disfarçado de
defesa de território, travestido de urgência legal, que não valeu a pena
comentar. Quanto se gastou de material publicitário, encontros com políticos e
lobistas, impressos e correspondências, tempo de trabalho e tantas outras
coisas que cercam uma proposta de abrangência nacional? E o que o paciente tem
a ver com tudo isso? O que ele ganha? E mais: depois da poeira baixar, o que
mudou com a não aprovação do documento?<o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">A medicina é única, milenar, fortemente assentada sobre
uma construção histórica e paradigmática, não tem necessidade de definição de
campos de atuação nem de reflexões de ordem pragmática. Ela é o que é, e ponto.
Sempre foi assim e sempre o será. Na
prática, absolutamente nada mudou no dia a dia dos profissionais, das pessoas,
das organizações. Os demais profissionais? Cada um tem o seu lugar e seus
limites, sempre tiveram. E as pequenas digressões polêmicas de parte a parte
são insignificantes demais para merecerem tanta atenção. E um fato de ordem prática: o que muda na
atenção e cuidado dos pacientes? Se não muda nada, então por que gastamos tanto
tempo nessas discussões?<o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Em outro cenário, um exército de agentes com interesses
distintos a todo o momento aproveita para desqualificar o SUS. Justo agora em
que hospitais privados mais que nunca buscam o SUS como alternativa mais viável
para a sustentabilidade de seu negócio. Na pesquisa acima mencionada, 30% dos
usuários de planos de saúde no estado de São Paulo recorrem ao SUS para
atendimento de suas demandas. A grande maioria certamente desconhece, assim
como muitos pseudo-entendidos do assunto, que quando o Zé Gotinha aparece
vacinando o filho do empresário, do político e do avesso às políticas públicas
de saúde, é o SUS que está por trás de todo aquele investimento de abrangência
nacional. E o SUS é a única alternativa para os 75% da população que não podem
pagar um plano de saúde. <o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Minha percepção é que ser médico hoje em dia é muito
mais simples do que se possa imaginar. Arrisco dizer que basta ser aquilo que
desde o princípio dos tempos foi construído como qualificação basilar: respeito
profundo pelo ser humano aos seus cuidados, dedicando a ele sua atenção e toda
a sua capacidade profissional. <o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Complicado mesmo é ser paciente em nosso país, em que
tanto nas filas do SUS quanto nos consultórios com revista Caras na recepção
são tratados de forma tantas vezes desrespeitosa. <o:p></o:p></span><br />
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Dia 18 de outubro não quero nenhuma homenagem especial.
Quero homenagear o paciente. Nós não vivemos um momento complicado. Quem vive
um momento complicado, como sempre, é esse povo que, não bastassem as
vicissitudes do cotidiano, ainda precisam encarar um dilema que não é dele.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; mso-bidi-font-family: Arial;">Nesse dia, quero ser só médico.</span><span style="background: white;"><o:p></o:p></span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-13974973544675661172013-09-08T19:33:00.001-03:002013-09-08T19:33:42.726-03:00A falácia da redução dos leitos do SUS<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Segundo o site Wikipédia, dentro do contexto da pesquisa científica o termo “falácia” está em íntima relação com o conceito de “evidência anedótica”, ambos em contraposição à prática, seja ela qual for, baseada em evidências científicas e ao método científico em geral.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A evidência anedótica, e por extensão a falácia, possuem algumas propriedades que o site bem define:</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
- informação que não é baseada em fatos ou estudo cuidadoso;</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span>- observações ou estudos não científicos, que não contém provas, mas podem ser objetos de esforços de pesquisa;</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span>- descrições ou observações de observadores geralmente não científicos;</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span>- observações ou indicações casuais, ao invés de análise rigorosa ou científica;</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span>- informação transmitida boca-a-boca, mas não cientificamente documentada.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Todos nós estamos sujeitos a sermos vítimas da falácia em algum momento da vida. Quantos de nós não sofremos alguma forma de influência, em diferentes graus de profundidade, com a falácia de que o transporte aéreo mata mais que qualquer outro? Bem informados que somos, podemos refutar essa afirmação com dados estatísticos disponíveis para qualquer um, ou seja, através do método científico (mesmo que não formal). Mas quando ocorre um acidente aéreo de grandes proporções, não incomoda um pouquinho? Alguns de nós não deixamos para depois aquela viagem que iríamos fazer por aquela companhia aérea? Ou mesmo pensamos em trocar de companhia? Ou mudamos de planos e optamos por ir de carro ou ônibus, nos casos mais extremos?</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Muito bem. Na semana que passou recebi, assim como muitos de vocês, uma enxurrada de notícias alardeando através de vários meios a conclusão de um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina acerca da redução dos leitos hospitalares disponibilizados para usuários do Sistema Único de Saúde – SUS, baseado em dados divulgados pelo Ministério da Saúde. A constatação numérica fez aflorar em dirigentes, políticos e em muitos que torcem contra “tudo isso que está aí” declarações nas quais ratificam sua postura e das entidades das quais são porta-vozes de que o sub-financiamento da saúde está em níveis inaceitáveis, que o SUS não consegue manter um padrão mínimo de atendimento digno aos seus usuários, que a população brasileira precisa rever sua política de saúde, que as pessoas estão morrendo nas filas para internação, isso tudo, é claro, com aquelas imagens de arquivo chocantes mostrando emergências lotadas e velhinhos caquéticos entregues à própria sorte nos Prontos-Socorros (aliás, já reparam que as imagens são sempre as mesmas?).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Na esteira das inúmeras críticas às ações mais recentes envolvendo a contratação de profissionais estrangeiros para trabalharem nos locais aonde brasileiros não querem ir, essa notícia adicional foi um prato cheio para os críticos do sistema.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Convenhamos. O país encontra-se muito distante de uma situação sanitária ideal, a despeito de corolários inteligentes e socializantes do SUS. Mas os pseudo-entendidos do assunto se esqueceram de uma regrinha básica que temos que seguir quando nos utilizamos de veículos de comunicação de massa para expressar opiniões ou traçar análises pretensamente técnicas: analisar notícias e fatos muitas vezes requer conhecimento do assunto, na forma de coleta de informações e pesquisa acadêmica. Quando se abre espaço para análises rasteiras e comezinhas, algumas vezes de cunho corporativo e muitas vezes em função de uma necessidade angustiante de ser notado, um leitor mais atento às vezes sente pena de tanta desinformação (ou má fé).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Pessoas comuns podem se sentir convencidas a acreditar que o anunciado denota uma incapacidade gerencial e de falta de recursos que deprecia ainda mais nossas políticas de saúde e traz inevitavelmente prejuízos adicionais ao nosso SUS. Temos sim problemas de sub-financiamento e, principalmente, de gestão. Mas incontáveis indicadores, que não cabem nesse texto sua apresentação e discussão, confirmam uma rota ascendente de investimentos e de qualificação de pessoal na rede pública de saúde. E isso tem relação direta com os dados relacionados aos leitos hospitalares, parte importante (porém em escala hierárquica inferior à atenção básica – alguém duvida?) do mosaico de nossas políticas de saúde pública.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Chamou-me muito a atenção a ênfase dada aos leitos psiquiátricos, aparentemente o grande vilão da queda de oferta de leitos nesse período recentemente analisado. Dos 13.000 leitos desativados pelo SUS de janeiro de 2010 até os dias atuais, 7.449 destes (ou seja, 57,3%) foram leitos antes destinados à massa de alienados, que podem representar uma parcela de até 20% da população, segundo a maioria dos estudiosos. Dentre esses, os levantamentos mostram que em torno de 3% estão relacionados aos transtornos mentais severos e persistentes, 6% aos transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e drogas e 11% para aqueles que requerem atendimento contínuo ou eventual. As internações psiquiátricas representam, segundo dados de 2005 do Ministério da Saúde, 2,7% das internações no país, com uma tendência de queda progressiva (80% em 10 anos). A principal explicação para o declínio decorre do fato do Brasil, junto com a maioria dos países mais sérios, terem adotado novas diretrizes no diagnóstico, abordagem e tratamento dos pacientes com distúrbios psiquiátricos, privilegiando o acompanhamento ambulatorial e não institucionalizado destes pacientes.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Tais diretrizes estão bem detalhadas no documento “Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no Brasil” de 2005 (que pode ser visto na íntegra em <a href="http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio15_anos_caracas.pdf" style="border: 0px; color: #333333; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio15_anos_caracas.pdf</a>), que estabeleceu paradigmas bastante diferentes dos vigentes até então no tratamento dos doentes psiquiátricos. Em suma, “<em style="border: 0px; font-family: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A internação psiquiátrica é atualmente indicada para casos graves quando foram esgotados os recursos extra-hospitalares para o tratamento ou manejo do problema, sendo proibida a internação de pessoas em instituições com características asilares. São considerados casos graves situações em que há presença de transtorno mental com, no mínimo, uma das seguintes condições: risco de auto-agressão, risco de heteroagressão, risco de agressão à ordem pública, risco de exposição social, incapacidade grave de autocuidados</em>” , segundo Cardoso e Galera (Acta Paul Enferm 2009;22(6):733-40).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Mas para que tanto se dizer das internações psiquiátricas? Justamente para mostrar que a sua redução foi deliberadamente promovida em função da implantação de uma política nacional, validada internacionalmente, visando a melhor recuperação destes doentes. Pronto, não precisamos avançar mais nesse assunto, ainda que algumas correntes preconizem a ampliação desses leitos, amparada por outros argumentos técnicos.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O fato é que em virtude de uma compreensão estreita do complexo bio-social do doente psiquiátrico no Brasil e no mundo, durante décadas os leitos para pacientes psiquiátricos foram ampliados na rede pública, a maioria estando em organizações privadas, através de convênios em sua imensa maioria suspeitos e desnecessários. A qualidade na assistência, salvo algumas exceções, era deplorável e cruel, na medida em que boa parte destes pacientes não podia, por força de sua condição de saúde, expressar com exatidão suas percepções. De tal forma que para alguns empresários do setor a abertura de leitos psiquiátricos se tornou por muitos anos um negócio bastante lucrativo. Há farta documentação a esse respeito.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Todos aqueles que estão atentos sobre esse assunto de forma mínima sabem disso. Têm sido fechadas as torneiras desse duto perverso que mistura perpetuação da doença mental, assistência de péssima qualidade, infra-estrutura precária e negócios inescrupulosos.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Assim sendo, que bom que os leitos para essa finalidade deixaram de existir, não é mesmo? Mas, será que alguém atentou para esses dados antes de bradar a notícia? Ou, pior, ter autocrítica na hora de traçar um paralelo entre o fato e uma possível iniquidade do sistema de saúde?</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Num contexto ainda mais amplo, denuncia-se a redução do número total de leitos como indicador de queda na assistência à saúde. Será? Não seria talvez uma acomodação entre a oferta detectada de forma mais realística, seguindo as variações epidemiológicas detectadas ao longo dos últimos anos e que moldam as nossas necessidades quanto ao consumo de bens de saúde, assim como o são no mundo inteiro? Por exemplo, ninguém comentou que houve um incremento na entrega de leitos de Terapia Intensiva para usuários do SUS, muitíssimos mais caros e dispendiosos aos orçamentos em geral: entre 2003 e 2010 foram criados ou credenciados em torno de 5.000 novos leitos (de 12617 para 17608 leitos, num investimento de aproximadamente 400 milhões de reais).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Além disso, passamos a tratar pacientes em casa com maior frequência através de Internação Domiciliar, destronando o mito de que lugar de doente é no hospital. Iniciativas de diversas secretarias municipais e estaduais de saúde nessa direção têm apontado uma redução significativa dos custos acompanhada de satisfação dos usuários. Crianças deixaram de ser internadas desnecessariamente, não justificando a permanência dos leitos disponíveis para aquela finalidade, em função de campanhas de vacinação mais exitosas e de melhora nos indicadores sanitários e nutricionais de uma parcela da população anteriormente desprovida de qualquer tipo de assistência.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Nossa taxa de crescimento vegetativo está esculpindo uma pirâmide populacional bem diferente daquela que aprendemos nos cursinhos pré-vestibulares há 30 anos. Será realmente necessário disponibilizar os leitos de obstetrícia naquela quantidade?</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O leitor poderia se perguntar: se não há tanta necessidade de leitos e a sua redução se justifica, porque nos grandes centros os pacientes se aglomeram em torno de hospitais? De fato, nesses lugares há uma total desproporção entre a oferta e a demanda por leitos de internação, aí sim motivada por diversos fatores dentre os quais planejamento inadequado e ausência de políticas públicas mais eficientes na ação em níveis hierárquicos mais baixos, tais como a criação de equipes de Saúde de Família em número mais bem dimensionado, no direcionamento de pacientes para unidades básicas de saúde com capacidade resolutiva adequada para casos de menor complexidade (a iniciativa das UPA’s chega com muitíssimo atraso), na composição de um sistema de atendimento pré-hospitalar eficiente e resolutivo (como o é o SAMU), na falta de mecanismos de referência e contra-referência eficientes e na definição dos níveis de ação entre os entes prestadores, dentre outros fatores. Mas o cálculo do Ministério da Saúde, de onde as conclusões se inspiram, é feito sobre informações do total de leitos disponíveis em todo o país. Segundo Vecina e Malik, em torno de 40% dos leitos hospitalares no Brasil se pulverizam em hospitais com menos de 50 leitos, muitos dos quais construídos em momentos da vida do país em que a farra de vender serviços ao antigo Inamps através de convênios, dentro de uma percepção equivocada de se resolver os problemas de saúde da população através de mais hospitais, era prática comum. Ainda hoje, mais da metade dos leitos disponíveis para pacientes SUS estão situados em hospitais privados ou filantrópicos.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Não bastasse esse engano histórico, no imaginário popular das pessoas que residem nos municípios menores ainda é vigente a percepção de que hospitais são imprescindíveis quando se trata de assistência à saúde. Na cabeça dos políticos locais, incluindo aqueles que enxergam nisso mais uma oportunidade de obter vantagens políticas ou financeiras, a existência de um hospital é imprescindível para a sua ascensão. Promessas de que “se eleito for construirei um hospital para atender a população” soam muito sedutoras a não é raro encontra-la nos discursos eleitoreiros. Mas dada a incapacidade gerencial e operacional, a ausência de regras claras de financiamento pelo SUS, a impossibilidade de fixação de profissionais em número e qualificação minimamente adequada e ao superdimensionamento estrutural, essa estruturas tendem a ser de baixíssima capacidade resolutiva, acabando por se transformarem em unidades com taxas de ocupação muitíssimo aquém do necessário para a franca operacionalização. Ou seja, nas capitais e em cidades maiores carência de leitos e maior capacidade resolutiva. Fora desse cenário, desperdício e subutilização. Entretanto, para fins de cálculo, estes entram na composição deste indicador (para maiores informações acerca desse processo, recomendo a leitura de “Desempenho Hospitalar no Brasil”, de La Forgia e Couttolenc, Editora Singular, nos capítulos 2 e 3).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Para finalizar, uma pequena ressalva acerca da utilização do dado isolado “Leitos Hospitalares” como balizador de boa ou má assistência. Baseado em informações recolhidas em 2011, o site <a href="https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/" style="border: 0px; color: #333333; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">CIA World Factbook</a> fez um levantamento em escala mundial sobre a relação leitos hospitalares por 1000 habitantes, chegando a números interessantes. Segundo esse estudo (disponível em <a href="http://www.indexmundi.com/g/r.aspx?c=br&v=2227&l=pt" style="border: 0px; color: #333333; font-family: inherit; font-style: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">http://www.indexmundi.com/g/r.aspx?c=br&v=2227&l=pt</a>), o Brasil encontra-se na 89ª posição (2,4 por 1000 hab.) de uma lista de 181 países, encabeçada pelo Japão (13,75 por 1000 hab.). O interessante é que os Estados Unidos da América, reconhecido como o país que mais investe em saúde quando se analisa o percentual do PIB aplicado nesse setor (em torno de 16,5%. Para efeito de comparação, Brasil 8,0% e Europa Ocidental em torno de 10,0%), ocupa uma vergonhosa 69ª posição (3,1 leitos por 1000 hab.), atrás inclusive de países reconhecidamente com menor vigor econômico, tais como Azerbaijão (7,93/1000 hab.), Cuba (olha ela aí de novo, com 5,9/1000 hab.), Nepal (5,0/1000 hab.) e Líbia (3,7/1000 hab.).</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Como se vê de forma clara e inequívoca, a divulgação e interpretação de um dado devem e têm que ser feita dentro de um contexto. Sempre. Porém a impressão que se tem é que parece mais fácil falar de forma precipitada sem conhecimento de causa, ou, pior, com a não disfarçada vontade de enfraquecer quem se quer atacar à custa de informações fragmentadas ou incompletas. Meias-verdades.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Talvez lá no Azerbaijão, com seus 7,93 leitos por 1000 habitantes, não tenha tanta falácia.</div>
<div style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Quem sabe?</div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-41733655593119461382013-06-30T17:33:00.002-03:002013-06-30T17:33:54.545-03:00E se fosse a sua mãe?<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">Esse
post ficaria melhor se fosse publicado no mês de maio, justamente aonde a mãe
de todos é homenageada. Mas a intenção é não deixar de ser um tributo à Dra.
Ligia Bahia, Vice-Presidente da ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde
Comunitária, uma das entidades que congrega boa parte das boas cabeças
pensantes desse país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">“E se
fosse sua mãe”, artigo publicado no Jornal o Globo em 17/11/2011, discute
vários aspectos relacionados às políticas de saúde em geral e à assistência aos
pacientes em particular, destacando esse antigo axioma para pontuar o cotidiano
de quem precisa ser assistido em seus problemas de saúde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">Nos hospitais,
os pacientes internados fazem parte de um cenário interessante. Ao mesmo tempo
em que a cada dia mais e mais organizações alcançam o selo de Acreditação, ou
se destacam por serviços assistenciais prestados, são inúmeros os exemplos em
que a abordagem direta do paciente e a condução médica propriamente dita carece
de atenção, dedicação, presteza e competência em favor destes mesmos pacientes.
É realmente difícil compreender como é que, apesar de tanta discussão acerca de
melhoria de processos, da própria concepção processual no cotidiano dos
hospitais, e de seus incontáveis filhotes (diretrizes, normas, protocolos,
indicadores e rotinas, dentre outros), na linha de frente do trabalho as coisas
não estejam acontecendo conforme se espera que aconteça: qualidade assistencial,
resolutividade e eficácia na aplicação dos recursos disponíveis dentro da melhor
evidência clínica, dentro de um ambiente de integração multidisciplinar,
respeito mútuo e principalmente respeito ao paciente internado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">Não
faltam tentativas de explicação para isso. A mais corrente é que faltam
abordagens humanísticas nos currículos das universidades, que insistem em eternizar
o desprezo às ciências sociais, aos princípios da bioética e às noções básicas
de outros conhecimentos tão importantes quanto o conhecimento técnico
(principalmente quando falamos de um profissional que lida diretamente com o
ser humano em todas as suas dimensões), tais como a antropologia, a psicologia
e a filosofia. Eu tenho outra teoria, menos acadêmica e mais pragmática. E que
é mais preocupante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">Hoje,
com a necessidade de maiores investimentos em saúde e o avanço na quantidade de
hospitais pelo país, tendo como um dos maiores motores as necessidades legais e
políticas cobradas aos governantes, o produto “médico” ficou extremamente
valorizado. Que o digam os gestores municipais dos mais de dois mil municípios
do país. Destes, 497 não dispõem de um único profissional prestando qualquer
tipo de assistência, excluindo aqueles que pagam valores elevadíssimos para
profissionais trabalharem na forma que desejarem, levando a uma atenção
descontinuada, itinerante, frequentemente mercantilista e sem compromisso (veja
mais em </span><a href="http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,com-apagao-de-medicos-rincoes-do-pais-esperam-por-profissionais-importados,1033226,0.htm">http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,com-apagao-de-medicos-rincoes-do-pais-esperam-por-profissionais-importados,1033226,0.htm</a>).
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">Nada
mais estimulante para os que se dizem sábios e têm muitas soluções na ponta da
língua, geralmente inexequíveis ou pouco ortodoxas, tal como se vê no debate
acerca da importação de médicos. Nos hospitais de grandes centros a realidade
não é muito diferente, e só quem já esteve à frente de um serviço de saúde sabe
o quanto é angustiante conviver com lacunas em setores essenciais, tais como
emergências, UTI’s e diaristas, sem contar os demais. O dilema é: redimensiono
minha estratégia de ação para aquele setor em função de não encontrar o
profissional que preciso (deixando muitas vezes de atender a uma necessidade),
ou aloco qualquer um que se disponha a ocupar esse espaço, para não deixar de
mantê-lo em funcionamento? Ambas as decisões podem levar a consequências tão
ruins que podem colocar em risco a própria carreira do gestor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">As
diferenças entre o profissional com maior experiência e percepção de vida para
aqueles que tendem a reproduzir o comportamento cada vez mais comum de fazer o
necessário, o restrito, aquilo para o qual foi treinado (e muitas vezes nem
isso), costumam se traduzir num clima de maior cordialidade e bom humor, de
cortesia e respeito, de cuidado e atenção para aspectos nem sempre tão
técnicos, mas que fazem grande diferença no trato com pacientes internados e
com a equipe multidisciplinar. Equipe que trabalha nessa atmosfera contagia e
influencia positivamente a eficiência das ações e o impacto na melhora da saúde
do paciente. Este, por sua vez, dá voz à sua percepção e irradia sua
experiência positiva para as pessoas de seu relacionamento, perpetuando um
ciclo virtuoso de disseminação de informações que culmina com mais e mais
pessoas interessadas em procurar aquele hospital, ou aquele setor, ou aquela
equipe, e por fim, aquele médico tão bem falado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">O
paciente é objeto maior e único da atenção médica. É para isso que o médico é
treinado. Tem que dar uma resposta à altura das expectativas daqueles que
investiram na sua formação, daqueles que pagam pelos seus serviços, daqueles
que buscam a sua ajuda profissional e de toda a sociedade. Não há como fugir
disso. Esqueçamos os demais aspectos periféricos e concentremo-nos nessa ideia
central. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.5pt;">Eis
aí grande nó. Enquanto todos os personagens envolvidos no negócio saúde, sejam
agentes públicos ou privados, não valorizarem o trabalho assistencial como um
todo, e o trabalho médico em particular, não deveremos ver nenhum avanço em
relação ao que aí está. Mas enquanto isso, na hora de cuidar de alguém que lhe
é destinado para receber seus serviços profissionais, ou que o procura de forma
espontânea, não custa se fazer uma perguntinha simples e direta: e se fosse a
minha mãe?<o:p></o:p></span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5304119793010877174.post-44485926889538574662013-04-17T15:31:00.000-03:002013-04-17T15:31:03.468-03:00Gestão de Corpo Clínico e processos de Acreditação Hospitalar<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Há alguma coisa estranha acontecendo nos corredores dos
grandes hospitais. À medida que mais e mais organizações vão obtendo selos de
Acreditação (e a velocidade com que esse fenômeno ocorre nem é tão grande
assim), quem for bom observador acaba por perceber que essas grandes
transformações, quase sempre acompanhadas de repercussões midiáticas, talvez
representem, sob certos aspectos, apenas uma cortina de fumaça para encobrir as
iniquidades que os mais atentos assinalam, e quase sempre são ignorados.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Dito de outra forma, é bastante possível (e provável) que o
processo de Acreditação em vários hospitais brasileiros não mude
fundamentalmente a forma de condução dos processos assistenciais em relação ao
que eram antes da certificação. Chamo a atenção para o fato de que na imensa
maioria dos hospitais um contingente significativo de médicos que se situam na
linha de frente do cuidado não estão totalmente alinhados às novas exigências
de postura e de execução de tarefas que o processo de Acreditação preconiza. À
exceção de algumas organizações que carregam uma enorme responsabilidade na
manutenção da excelência de seus serviços, a dura realidade tem mostrado que a
despeito de múltiplos esforços no fomento, implantação e manutenção dos
princípios da qualidade hospitalar, há um distanciamento preocupante entre o
preconizado, o que se diz fazer e o efetivamente feito.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Ilude-se quem pensa que é um fenômeno isolado. Mesmo com
todo o incentivo oficial e das constantes iniciativas de realizar
comparabilidade em nome dos consumidores, somente 30% dos hospitais norte
americanos possuem um corpo de médicos que seguem protocolos e diretrizes, segundo
Richard Bohmer, pesquisador da Harvard School, para ficar apenas nesse exemplo.
Sabemos que as dimensões da linha de cuidado são várias, e protocolos e
diretrizes são um meio e não uma finalidade, um dos vários aspectos nesse
processo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Então o que é que poderia
justificar essa constatação?<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Nunca é demais lembrar que existem ótimas organizações de
saúde, que por diversos motivos ainda não consideram o processo de Acreditação
uma prioridade. E existem outras que ostentam um selo de certificação na sua
entrada, nas placas das ruas e no noticiário, sem de fato alterarem suas
práticas de forma substancial. E isso tem uma consequência muitíssimo danosa ao
usuário, que não tem a capacidade de distinguir ambas as situações extremas e
as variáveis intermediárias. Ele pode fazer escolhas que talvez não preencham
suas expectativas. Pior, pode ficar exposto a situações que afetem sua
segurança e o próprio processo de recuperação de doença. Afinal, segurança do
paciente é o pressuposto básico de qualquer processo de Acreditação Hospitalar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Médicos são profissionais que fazem parte de uma categoria
única. Mas isso nem sempre deve ser considerado um elogio. Sua formação técnica
exclusiva lhe confere uma autonomia do qual nenhum outro profissional pode
desfrutar, sua liderança natural dentro de uma equipe assistencial é
inquestionável e sua representação perante as mais diversas situações é sempre respeitada.
Seu respaldo ético e legal para exercer sem muitos questionamentos sua prática
é, ao pé da letra, ilimitado (resguardando-se certos aspectos éticos e desde
que não inflija nenhum mal ao paciente). Sua formação curricular muito raramente
aborda questões de natureza psico-social no trato dos pacientes, e seu
aprendizado na área de economia da saúde ou gestão de itens elementares que
irão permear sua prática diária no relacionamento com suas fontes pagadoras é praticamente
inexistente. Para completar, é de suas mãos, ao digitar ou assinar prescrições,
evoluções e relatórios, que resultará o grau de desempenho da organização que o
acolhe.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Por essas e por outras, esse indivíduo deve ser tratado de
forma diferenciada. Nem melhor, nem pior, apenas diferenciada. E a impressão
que tenho é que isso não está ocorrendo, na medida em que a rotina do processo
assistencial nos hospitais carece de linearidade da definição de tarefas, de
comunicação horizontal e vertical simples e direta entre equipes, intra-equipes
e entre todos com seus respectivos gestores; e o pior, de práticas fora do
padrão estabelecido após tanto investimento na implantação de processos de
qualidade. Trocando em miúdos, ninguém está brincando do jeito que foi
combinado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Apontar problemas é fácil, mas considero o cenário bem
complexo para arriscar uma solução definitiva. Entretanto, tenho uma sugestão
simples, porém trabalhosa, e que envolve o gestor clínico na sua atividade.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Vivenciar o ambiente hospitalar nas suas peculiaridades e
idiossincrasias é um exercício difícil e obrigatoriamente diário. O gestor
clínico não pode exercer sua liderança atrás de uma mesa, realizando reuniões
solenes ou produzindo incontáveis documentos regulatórios sem que esteja em
sintonia contínua com todos os aspectos assistenciais nos mais diversos nichos
da organização. É um trabalho de construção lenta e gradual, no qual sua
liderança sai fortalecida a aquisição do respeito da comunidade se dá sem
canetadas. Caminhar entre os diversos setores, ouvir mais que falar,
estabelecer vínculos de confiança com todas as categorias profissionais, ser
presente e não se abstrair de intermediar situações de conflito, estar sempre disponível
e nunca se deixar influenciar pela posição hierárquica, a não ser quando
necessário: eis um bom caminho para começar. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Não existem certos ou errados nessa história. Profissionais
existem para exercer sua prática, gestores para guiá-las dentro dos interesses
da organização. E os processos de implantação de qualidade não dão conta de
contemplar esses aspectos não mensuráveis.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O gestor deve tomar a dianteira e se responsabilizar pelo
seu grupo de médicos. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Nada menos que isso.<o:p></o:p></span></div>
Tá sentindo o quê?http://www.blogger.com/profile/01420998128840004409noreply@blogger.com0