No mundo inteiro, mudanças para pior nos hábitos de vida e de dieta têm contribuído para o aparecimento de um número cada vez maior de doenças crônicas. Dentre essas, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) tem destaque por conta de sua rápida expansão e incidência: segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (Brasil, 2019), cerca de um a cada quatro brasileiros com mais de 18 anos tinham pressão alta. Para quem tem mais de 75, seis a cada dez pessoas.
É uma doença responsável por 200 mil mortes no Brasil a cada
ano, ou 23 mortes
por hora. No mundo inteiro, são 10 milhões de pessoas morrendo da doença por
ano.
O diagnóstico de HAS não é difícil, e se deve
sempre suspeitar da doença se medidas repetidas da pressão arterial se
mostrarem elevadas, ou seja, acima de 140mmHg para a sistólica (máxima), e
acima de 90mmHg para a diastólica (mínima), ou seja, acima de 14x9. Se esses
valores estiverem presentes, mesmo que
você não esteja sentindo nada, você deve procurar seu médico para que ele
possa lhe dar a orientação necessária para confirmar o diagnóstico e orientar
quanto ao melhor tratamento.
Se não tratada de forma adequada, a HAS pode
evoluir para complicações graves, justamente por conta dos estragos dentro dos
vasos sanguíneos dos diversos órgãos do corpo, tais como rins, coração, sistema
nervoso e retina (olhos), dentre outros. Sendo assim, ao longo do tempo, a
falta de tratamento pode trazer complicações:
· Insuficiência
renal: os rins param de funcionar de forma adequada e muito frequentemente
os pacientes são obrigados a fazer hemodiálise 3 vezes na semana;
· Dilatação
do coração: a força dessa pressão não controlada faz dilatar o coração de
dentro para fora, tornando-o incapaz de cumprir sua função de bombear o sangue
pelo corpo, uma condição chamada Miocardiopatia Dilatada com Insuficiência
Cardíaca. Nesses casos, são comuns inchaços progressivos, falta de ar e
incapacidade para fazer esforços;
· Infarto
Agudo do Miocárdio: os danos causados pelo aumento da pressão arterial
atingem também os vasos coronários, responsáveis pala boa irrigação sanguínea
do coração. O fechamento desses vasos leva ao infarto agudo do miocárdio, e
ocorre em 65% dos pacientes com pressão alta não controlada;
· Acidente
Vascular Cerebral (AVC): também conhecido como “derrame”, é uma das
complicações mais temidas, atingindo oito a cada dez pessoas que não controlam
seus níveis de pressão arterial, trazendo consequências geralmente devastadoras
para o paciente e seus familiares;
· Retinopatia
(cegueira): os vasos sanguíneos da nossa retina ocular são muito sensíveis
à pressão alta, e são muito comuns casos de cegueira tendo como causa a HAS.
Os problemas relacionados ao
diagnóstico e tratamento da HAS são preocupantes e graves:
·
Mesmo convivendo com níveis elevados de pressão,
nas fases iniciais da doença, na maioria das vezes, os pacientes não apresentam
sintomas, o que dá a sensação de que a doença não é tão grave assim;
·
Quando resolvem procurar um médico para orientação,
muitos abandonam o tratamento por achar que, uma vez normalizada a pressão, não
é mais necessário o uso continuado da medicação. Ou apresentam um efeito
colateral e abandonam o tratamento sem comunicar seu médico para que sejam
tentadas outras alternativas medicamentosas;
· Os pacientes em uso regular e correto da
medicação com frequência não fazem mais controles periódico, justamente por
achar que não é necessário fazer mais nada devido ao controle: é
importantíssimo medir sempre, mesmo se a HAS estiver sob controle, pois a
doença pode mudar seu comportamento sem avisar e podem ser necessários ajustes
no tratamento, tais como troca da medicação ou alteração nas doses;
· As medidas que auxiliam muito o sucesso no
tratamento que não são medicamentosas, tais como atividade física, mudança de
hábitos de vida (abandonar o cigarro, por exemplo) e de orientação alimentar
(principalmente redução do sal), são muitas vezes deixadas de lado, pois mexem
com comportamentos habituais e alimentares difíceis de serem mudados. Mas que
ajudariam muito se pudessem ser;
· Uma parcela significativa de pessoas com HAS já
se encontra com anormalidades graves e irreversíveis decorrentes das
complicações da doença, quando finalmente resolvem se cuidar. Nessa fase, a
eficiência do tratamento não é a mesma;
· Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença
crônica e na imensa maioria das vezes vai requerer o tratamento para o resto da
vida. Não tem cura, mas tem controle.
Visite seu médico regularmente a
cada ano, principalmente se você tem mais de 45 anos e tem casos na família de
HAS. Quanto mais cedo a doença for atacada, menor é o risco de, ao longo dos
anos, desenvolver complicações intratáveis.
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