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quarta-feira, 19 de abril de 2023

Vamos falar de diabetes?

Diabetes é um assunto presente o tempo todo na vida das pessoas. Todos têm algum parente ou amigo que tem a doença, pois é muito comum no Brasil, e também no mundo:

·     3% da população mundial em geral, e 9,3% dos adultos entre 20 e 79 anos (aproximadamente 463 milhões de pessoas) sofrem com a doença, tendo crescido 62% nos últimos 10 anos;

·         Entre as crianças e adolescentes, estima-se que 1,1 milhão de pessoas tenham a doença;

·         É a quarta doença que mais provoca mortes no Brasil, com 214 mil mortes de pessoas entre 20 e 79 anos em 2021;

·         Existem atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população;

A diabetes mellitus, como deve ser chamada, é uma doença crônica e progressiva, e é dividida principalmente em 3 grandes grupos:

·         Diabetes mellitus tipo I (antes chamada de diabetes juvenil e diabetes insulino-dependente);

·        Diabetes mellitus tipo II (antes chamada de diabetes do adulto, ou não insulino-dependente);

·         Diabetes gestacional, que ocorre durante a gravidez

O que define a diabetes é a incapacidade de manter níveis de glicose no sangue controlados devido a algum problema relacionado à insulina, hormônio produzido pelo pâncreas e que é o responsável por fazer com que nossas células possam absorver a glicose circulante (proveniente principalmente da alimentação), e assim manter seu funcionamento: é uma “chave” que abre a porta para a entrada de glicose na célula. Se essa “chave” não funcionar, ou funcionar mal, a glicose se acumula na circulação e causa danos nos pequenos vasos sanguíneos de todo o corpo, prejudicando a circulação de todos os órgãos e sistemas, e trazendo consequência muito ruins com o tempo, caso nada seja feito.

Os defeitos que impedem a ação da insulina são assim divididos:

·         Incapacidade de o pâncreas produzir insulina (geralmente é o que ocorre na diabetes tipo I, por uma doença auto-imune que ataca as células pancreáticas produtoras de insulina);

·      Incapacidade da insulina produzida, em quantidade normal, de “fazer entrar” dentro da célula a glicose circulante (resistência celular à ação da insulina), aumentando assim seus níveis. Isso é o que ocorre basicamente na diabetes tipo II;

·      Defeitos mistos: impossibilidade do pâncreas de produzir insulina em quantidades adequadas no adulto (nesse caso geralmente devido à “exaustão” do pâncreas) mais a resistência à ação da insulina nas células.

O diagnóstico clínico é relativamente fácil de ser feito, e nos casos sintomáticos incluem os sintomas mais comuns:

·         Sede intensa e progressiva (polidipsia);

·         Perda de peso súbita;

·         Polifagia, ou seja, aumento desproporcional da fome;

·         Poliúria, ou seja, uma quantidade desproporcional de urina produzida em 24 horas;

·         Fraqueza, desânimo;

·         Tonturas e problemas para dormir;

·         Maior chance de ocorrer infecções oportunistas, tais como doenças fúngicas;

·         Visão turva

Nem sempre os sintomas surgirão todos ao mesmo tempo, e em algumas pessoas as queixas podem até mesmo ser pouco importantes, mas no diabetes tipo I vão estar sempre presente e com muita intensidade.

Quem recebe o diagnóstico de diabetes mellitus, de qualquer tipo, deve se preparar para algum grau de mudança em seus hábitos, do contrário não é possível um tratamento adequado da doença. Assim, a base do tratamento inclui, antes de mais nada, medidas gerais tais como:

* reeducação alimentar (principalmente reduzindo o consumo de açucares de qualquer tipo);

* perda de peso;

* atividade física;

* uso criterioso de álcool;

* cessação do tabagismo;

* controle de outras doenças crônicas, caso presentes (por exemplo, hipertensão)

A depender do tipo de diabetes, os tratamentos medicamentosos mudam:

·      No diabetes tipo I, o tratamento se faz basicamente com a administração subcutânea diária de injeções de insulina, para compensar a falta de produção do hormônio pelo pâncreas;

·     No diabetes tipo II, como a causa não é propriamente a deficiência de insulina, as medicações utilizadas são prescritas para basicamente 3 ações: forçar o pâncreas a aumentar a sua produção de insulina, reduzir a resistência das células à ação da insulina, e impedir a reabsorção de glicose pelos rins;

·         No diabetes gestacional o tratamento geralmente envolve uma combinação de ações, e o uso de insulina. A doença pode regredir após o parto, ou não. E normalmente é uma gestação de risco.

Com um acompanhamento médico adequado, qualquer pessoa pode ter uma vida saudável e absolutamente normal, mesmo convivendo com uma doença tão terrível. Entretanto, a conscientização do paciente acerca de seus cuidados básicos, seu controle dos níveis de glicose e da necessidade de fazer uso correto da medicação nem sempre produz o efeito desejado: muitos pacientes têm dificuldade para entender que se a doença for negligenciada, as consequências podem ser muito sérias. E as principais consequências a longo prazo se devem a uma maior chance de desenvolvimento de:

·         Infarto agudo do miocárdio;

·         Insuficiência renal crônica (podendo chegar a ter que se submeter a hemodiálise);

·         Problemas circulatório graves em membros inferiores, podendo ser necessária a amputação;

·         Retinopatia diabética, que pode provocar cegueira irreversível,

·         Acidente vascular cerebral (“derrame”)

·         Demência;

·         Disfunção erétil;

·         Neuropatia diabética: dores e perda de sensibilidade nos membros inferiores;

·         Mortalidade precoce.

Algumas questões que surgem:

Se eu comer muito doce eu posso “pegar” uma diabetes?

A resposta é não. Diabetes não é uma doença infecciosa para contagiar alguém. Ingerir doce, por si só, não aumenta a chance de desenvolver a doença, mas favorece hábitos alimentares ruins e o ganho de peso, duas condições que favorecem o aparecimento da doença.

Eu posso ter a doença e não sentir nada?

Sim. A maioria das pessoas desenvolvem a doença de forma silenciosa, o que não quer dizer que estão em situação melhor que outros pacientes que apresentam sintomas. As complicações ocorrem em todos, sintomáticos ou não. Aliás, a imensa maioria dos diabéticos nas suas fases iniciais de doença estão assintomáticos: esse é o melhor momento para iniciar um tratamento (pois ainda não houve tempo para o desenvolvimento de complicações nos órgãos e sistemas). Assim, se um indivíduo está acima de seu peso, tem hábitos alimentares ruins, outras doenças crônicas e casos na família de diabetes, ele deve procurar seu médico para buscar orientação.

Existe o diabetes “emocional”?

Não. Esse termo é utilizado por algumas pessoas para se referirem a um quadro de diabetes diagnosticado após algum problema emocional.

Se eu começar a fazer o tratamento e minha taxa de glicose ficar controlada, eu posso ficar tranquilo em relação à doença?

Jamais. A doença é crônica e a qualquer momento aquele tratamento que vinha dando certo pode ter que ser modificado. E os cuidados gerais também não devem regredir, e sim melhorar mais ainda.

Procure seu médico periodicamente para que ele possa solicitar exames necessários para confirmar sua situação e lhe orientar da forma mais adequada.


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