Diabetes é um assunto presente o
tempo todo na vida das pessoas. Todos têm algum parente ou amigo que tem a
doença, pois é muito comum no Brasil, e também no mundo:
· 3% da população mundial em geral, e 9,3% dos
adultos entre 20 e 79 anos (aproximadamente 463 milhões de pessoas) sofrem com
a doença, tendo crescido 62% nos últimos 10 anos;
·
Entre as crianças e adolescentes, estima-se que
1,1 milhão de pessoas tenham a doença;
·
É a quarta doença que mais provoca mortes no
Brasil, com 214 mil mortes de pessoas entre 20 e 79 anos em 2021;
·
Existem atualmente, no
Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da
população;
A diabetes mellitus, como deve ser chamada,
é uma doença crônica e progressiva, e é dividida principalmente em 3 grandes
grupos:
·
Diabetes mellitus tipo I (antes chamada de
diabetes juvenil e diabetes insulino-dependente);
· Diabetes mellitus tipo II (antes chamada de
diabetes do adulto, ou não insulino-dependente);
·
Diabetes gestacional, que ocorre durante a gravidez
O que define a diabetes é a
incapacidade de manter níveis de glicose no sangue controlados devido a algum
problema relacionado à insulina, hormônio produzido pelo pâncreas e que é o
responsável por fazer com que nossas células possam absorver a glicose circulante
(proveniente principalmente da alimentação), e assim manter seu funcionamento:
é uma “chave” que abre a porta para a entrada de glicose na célula. Se essa “chave”
não funcionar, ou funcionar mal, a glicose se acumula na circulação e causa
danos nos pequenos vasos sanguíneos de todo o corpo, prejudicando a circulação
de todos os órgãos e sistemas, e trazendo consequência muito ruins com o tempo,
caso nada seja feito.
Os defeitos que impedem a ação da
insulina são assim divididos:
·
Incapacidade de o pâncreas produzir insulina
(geralmente é o que ocorre na diabetes tipo I, por uma doença auto-imune que
ataca as células pancreáticas produtoras de insulina);
· Incapacidade da insulina produzida, em
quantidade normal, de “fazer entrar” dentro da célula a glicose circulante
(resistência celular à ação da insulina), aumentando assim seus níveis. Isso é
o que ocorre basicamente na diabetes tipo II;
· Defeitos mistos: impossibilidade do pâncreas de
produzir insulina em quantidades adequadas no adulto (nesse caso geralmente
devido à “exaustão” do pâncreas) mais a resistência à ação da insulina nas
células.
O diagnóstico clínico é relativamente
fácil de ser feito, e nos casos sintomáticos incluem os sintomas mais comuns:
·
Sede intensa e progressiva (polidipsia);
·
Perda de peso súbita;
·
Polifagia, ou seja, aumento desproporcional da
fome;
·
Poliúria, ou seja, uma quantidade desproporcional
de urina produzida em 24 horas;
·
Fraqueza, desânimo;
·
Tonturas e problemas para dormir;
·
Maior chance de ocorrer infecções oportunistas,
tais como doenças fúngicas;
·
Visão turva
Nem sempre os sintomas surgirão todos
ao mesmo tempo, e em algumas pessoas as queixas podem até mesmo ser pouco
importantes, mas no diabetes tipo I vão estar sempre presente e com muita
intensidade.
Quem recebe o diagnóstico de diabetes
mellitus, de qualquer tipo, deve se preparar para algum grau de mudança em seus
hábitos, do contrário não é possível um tratamento adequado da doença. Assim, a
base do tratamento inclui, antes de mais nada, medidas gerais tais como:
*
reeducação alimentar (principalmente reduzindo o consumo de açucares de
qualquer tipo);
* perda de
peso;
*
atividade física;
* uso
criterioso de álcool;
* cessação
do tabagismo;
* controle
de outras doenças crônicas, caso presentes (por exemplo, hipertensão)
A depender do tipo de diabetes, os
tratamentos medicamentosos mudam:
· No diabetes tipo I, o tratamento se faz
basicamente com a administração subcutânea diária de injeções de insulina, para
compensar a falta de produção do hormônio pelo pâncreas;
· No diabetes tipo II, como a causa não é
propriamente a deficiência de insulina, as medicações utilizadas são prescritas
para basicamente 3 ações: forçar o pâncreas a aumentar a sua produção de
insulina, reduzir a resistência das células à ação da insulina, e impedir a reabsorção
de glicose pelos rins;
·
No diabetes gestacional o tratamento
geralmente envolve uma combinação de ações, e o uso de insulina. A doença pode
regredir após o parto, ou não. E normalmente é uma gestação de risco.
Com um acompanhamento médico adequado,
qualquer pessoa pode ter uma vida saudável e absolutamente normal, mesmo
convivendo com uma doença tão terrível. Entretanto, a conscientização do
paciente acerca de seus cuidados básicos, seu controle dos níveis de glicose e
da necessidade de fazer uso correto da medicação nem sempre produz o efeito
desejado: muitos pacientes têm dificuldade para entender que se a doença for
negligenciada, as consequências podem ser muito sérias. E as principais consequências
a longo prazo se devem a uma maior chance de desenvolvimento de:
·
Infarto agudo do miocárdio;
·
Insuficiência renal crônica (podendo chegar a
ter que se submeter a hemodiálise);
·
Problemas circulatório graves em membros
inferiores, podendo ser necessária a amputação;
·
Retinopatia diabética, que pode provocar
cegueira irreversível,
·
Acidente vascular cerebral (“derrame”)
·
Demência;
·
Disfunção erétil;
·
Neuropatia diabética: dores e perda de
sensibilidade nos membros inferiores;
·
Mortalidade precoce.
Algumas questões que surgem:
Se
eu comer muito doce eu posso “pegar” uma diabetes?
A resposta é não. Diabetes não é uma
doença infecciosa para contagiar alguém. Ingerir doce, por si só, não aumenta a
chance de desenvolver a doença, mas favorece hábitos alimentares ruins e o
ganho de peso, duas condições que favorecem o aparecimento da doença.
Eu
posso ter a doença e não sentir nada?
Sim. A maioria das pessoas desenvolvem
a doença de forma silenciosa, o que não quer dizer que estão em situação melhor
que outros pacientes que apresentam sintomas. As complicações ocorrem em todos,
sintomáticos ou não. Aliás, a imensa maioria dos diabéticos nas suas fases
iniciais de doença estão assintomáticos: esse é o melhor momento para iniciar
um tratamento (pois ainda não houve tempo para o desenvolvimento de
complicações nos órgãos e sistemas). Assim, se um indivíduo está acima de seu
peso, tem hábitos alimentares ruins, outras doenças crônicas e casos na família
de diabetes, ele deve procurar seu médico para buscar orientação.
Existe o diabetes “emocional”?
Não. Esse termo é
utilizado por algumas pessoas para se referirem a um quadro de diabetes
diagnosticado após algum problema emocional.
Se
eu começar a fazer o tratamento e minha taxa de glicose ficar controlada, eu
posso ficar tranquilo em relação à doença?
Jamais. A doença é crônica e a
qualquer momento aquele tratamento que vinha dando certo pode ter que ser
modificado. E os cuidados gerais também não devem regredir, e sim melhorar mais
ainda.
Procure seu médico periodicamente para
que ele possa solicitar exames necessários para confirmar sua situação e lhe
orientar da forma mais adequada.