Total de visualizações de página

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Novo modelo de remuneração de prestadores em saúde

O site Saudeweb publicou essa semana matéria sobre o impacto causado pelas novas formas de remuneração preconizadas pelo grupo de trabalho liderado pela ANS (http://saudeweb.com.br/34176/nova-forma-de-remuneracao-repercute-no-mercado-de-saude/?utm_source=twitterfeed&utm_medium=linkedin&goback=%2Egde_2351724_member_194536112), e que visam padronizar procedimentos através de custos fixos globais, em detrimento do atual modelo de pagamento retrospectivo ("fee-for-service"). Não é uma idéia nova e independente disso algum prestadores já estão se relacionando com algumas operadoras de planos de saúde dessa maneira, com benefícios mútuos. Entretanto, cuidados deverão ser tomados nesse processo. Para início de conversa, devemos assumir que nossa capacidade de nos mantermos inertes perante os fenômenos que interferem no nosso trabalho e bem estar é impressionante. Enquanto protagonistas de quaisquer transformações, vamos nos agarrar na saia da ANS (cuja função precípua é a defesa da melhor relação entre OPS e usuários, não de profissionais e prestadores) para exigir da mesma uma solução de um problema que deveríamos ter a competência de resolvermos, até porquê em boa medida fomos nós que o criamos.... 

Mas, já que alguém teve a caridade de nos fazer esse favor, vamos em frente. 

Porter, um afamado estudioso de sistemas de saúde e organizações em geral, tem uma visão sistêmica do processo interessante e razoável, mas questiono se exequível quando se leva em consideração as peculiaridades do negócio e das próprias organizações envolvidas, principalmente em nosso país. Como já citado, num país como o nosso, qualquer tentativa de padronização de processos, no sentido de que todos devem ser fiéis ao mesmo, deve ser olhada com cautela. Imagino que no futuro a aplicação dessas novas diretrizes, que são boas por sinal, tenda a respeitar regionalismos e um certo grau de hierarquização entre os prestadores no que concerne aos quesitos qualidade, viés de seleção e governança. 

Outro fator a ser considerado é a remuneração dos profissionais por performace, que tanto se preconiza, Não há como fugir dela. Não importando qual modelo, nem se será sistematizado ou não, possivelmente não será deixada de fora no cálculo do risco. Mas, via de regra, quem paga a conta costuma privilegiar nesse modelo valores mais interessantes para o pagamento do trabalho do profissional, mesmo porquê não deixa de ser uma forma de reforçar a estratégia de esvaziar qualquer iniciativa de privilegiar fornecedores e, de forma indireta, esses mesmos profissionais em uma lamentável quantidade de vezes. 

E, creiam, para quem já trabalha com isso na prática, as margens costumam ser muito boas, desde que os princípios básicos da racionalidade e bom senso estejam acima de quaisquer outros. 

Mas do jeito que somos desorganizados e eivados de interesses individuais, seria muito triste trocar as negociações individualizadas de tabelas de pagamento retrospectivo, por "pacotes" individualizados prospectivos entre OPS e prestadores. Não se assustem se isso acontecer.

Nenhum comentário: