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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ainda sobre a sepse.

Começo fazendo um esclarecimento a respeito de uma dúvida de um leitor.

A sepse é um estado que pode ser provocado a partir de uma infecção em qualquer parte do corpo, causada por uma bactéria, um vírus ou um fungo. Por serem agentes infecciosos, via de regra eles somente são eliminados se, dentre várias medidas, forem utilizados os antibióticos adequados nas doses e vias de utilização corretas. Entretanto, em se tratando de uma bactéria multi-resistente (como no caso da KPC), a eficácia da utilização do antibiótico fica comprometida em função de sua resistência. Nessa circunstâncias, o resultado geralmente não é o melhor e frequentemente o paciente morre.

Uma vez mais ou menos dimensionado o problema, que, volto a repetir, é de total desconhecimento da população em geral (acostumada muitas vezes a decorar nomes de doenças comuns), vamos ao lado negro da questão.

Somos um país de 130 milhões de pessoas, com uma população que tem acesso a serviços de saúde privados, ou seja, que podem pagar um planos de saúde, na faixa de 25% (mais ou menos 33 milhões de brasileiros). O restante é atendido, e de forma geral bem atendido, pelo Sistema Único de Saúde. Convenhamos, tratar de forma justa e garantir o acesso deste contingente de forma universal é um tremendo desafio, mas muito se avançou nesse processo. Dentro desse contexto, algumas coisas ainda estão bastante longe do ideal, entre elas a capacitação dos profissionais de saúde no serviço público para o manejo da sepse, as condições materiais oferecidas nos hospitais para este manejo e a disponibilização de vagas para o atendimento deste paciente grave (Unidade de Terapia Intensiva ou Semi-Intensiva).

Um artigo escrito pela jornalista Karina Toledo no Estado de São Paulo do dia 28/10 ilustra bem esta questão, que reflete de forma tão desigual nossa realidade. Segundo ela "os pacientes dos hospitais públicos tiveram de esperar, em média, seis horas pelo diagnóstico. E só em 24% dos casos a sepse foi identificada na primeira hora. Nos privados, o tempo de espera foi de três horas e em 39% dos casos o diagnóstico ocorreu em menos de uma hora".  Vale a pena ler a reportagem inteira no http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101028/not_imp630904,0.php, e se tiver dúvidas mande para a gente esclarecer.

A gente volta a falar sobre isso mais à frente.

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