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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sepse: comentários finais.

Uma vez definida e mais ou menos explicada quanto aos seus fatores associados, além de já termos comentado a respeito de alguns aspectos relacionados à sua incidência, mortalidade e fatores vinculados a problemas no seu diagnóstico e tratamento nos hospitais do Brasil, completo essa sequência citando alguns pontos adicionais.

Na verdade, bom era o tempo em que grave mesmo era ser identificado na escola como portador de piolho na cabeça, sendo necessário se submeter ao "tratamento" intensivo com Neocid. Naquela época morria-se muito de infecções graves, como hoje, mas seguramente o papel atribuído aos germes resistentes, principalmente aqueles adquiridos nos hospitais, não era tão importante como é hoje. Numa relação de causa e efeito simples, o destaque (ainda pouco) dado ao assunto sepse vem crescendo na mesma proporção em que se notificam bactérias super-resistentes. O que é uma pena, pois ela já faz parte do cotidiano das UTI's, contribuindo significativamente para a morte de muitos pacientes potencialmente tratáveis. E digo potencialmente porque existem sim recomendações muito bem estabelecidas para o tratamento da sepse, e que se baseiam numa premissa básica: rapidez.

O fato a se lamentar é que os serviços de saúde em geral não costumam favorecer as abordagens imediatas e às vezes agressivas que devem ser feitas nesses casos. Para piorar, a classe médica também não está adequadamente preparada para identificar essa situação e tomar as providências cabíveis imediatas. E são providências muito básicas, sem maiores complicações.

Em 2001, num artigo do The New England Journal of Medicine, a revista científica médica mais respeitada do mundo, um pesquisador chamado Emanuel Rivers chamou a atenção para como as medidas simpes feitas na própria emergência dos hospitais tinham repercussões tremendas na sobrevivência daqueles que se apresentavam com suspeita de sepse (se tiverem curiosidade, vejam www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa010307). Desde então esse "manual" se tornou uma referência entre os estudiosos, que juntamnete com o lançamento no mercado mundial da única droga realmente promissora aprovada para tratamento das alterações graves induzidas pela sepse no homem, a dotrecogina alfa ativada, motivaram a realização de algumas camapnhas para esclarecimento da classe médica a respeito do tema. Diga-se de passagem, foi necessário um ente privado, no caso o laboratório que fabrica a droga, fomentar a discussão e trazer para perto dos profissionais esse conhecimento, que deveria ser de responsabilidade dos órgãos públicos de saúde. Evidentemente que a prescrição da droga, caríssima por sinal, recebeu um impulso. Afinal, não existe almoço de graça.

Ainda assim são louváveis, porém ainda tímidas, as iniciativas de algumas associações. Dentre elas, destaco o Instituto Latino Americano de Sepse - ILAS (www.sepsisnet.org), entidade sem fins lucrativos, que dá uma orientação muito boa e completa para o público em geral e para os profissionais de saúde. Vale a pena conferir.

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