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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"Sobre a Morte e o Morrer", parte 1: generalidades

A frase acima é o título de uma obra ímpar na literatura, não necessariamente médica, escrito por uma inglesa em meados do século passado chamada Elizabeth Kubler Ross. Com ela, inaugurou-se uma ciência chamada Tanatologia, que se ocupa de estudar a morte nas suas dimensões forenses, psicológicas, sociais e antropológicas. Ou seja, é um estudo multi-dimensional. E nem poderia ser de outra forma, pois são tantos os aspectos relacionados a este inevitável momento, que reduzi-lo a um enfoque apenas seria, no mínimo, injusto.
Eu recomendo a leitura deste livro para profissionais de saúde e público em geral. É uma boa forma de se introduzir num assunto tão cercado de tabus, e que a todo instante envolve aqueles que trabalham nos hospitais, particularmente nas UTI's.
Basicamente, seu relato trata de questões relacionadas aos pacientes portadores de doenças terminais, ou seja, aqueles em que não há nenhuma expectativa de cura de sua doença básica, e que nada pode ser feito a não ser minorar o sofrimento físico e espiritual, além de compreendê-los e dar o suporte necessário para que ele percorra todo um roteiro instintivamente seguido sem ter sido apresentado, que envolve a negação, a revolta, a negociação, a introspecção e a aceitação.
Após tantos anos trabalhando nesse ambiente, me dei conta que não importa a experiência que você adquire no trato diário do paciente, ser humano como você que me lê: não há como não se sensibilizar com o sublime momento em que o espírito vivo abandona gradativamente a matéria que fica. Principalmente em ocasiões nas quais as condições a que um paciente está submetido (nas UTI's por exemplo) são muitas vezes degradantes em função de seu lastimável estado de saúde, mas que são as tecnicamente recomendadas, na expectativa de reversão de quadros clínicos muitas vezes tão graves que soa falsa a afirmação de que o mesmo está "confortável". Quem poderia estar confortável tendo seu corpo aviltado de maneira não consentida por tubos, cateteres, equipamentos, sondas, fraldas e outras tantas coisas estranhas?

Voltamos a falar sobre mais alguns aspectos adicionais nas próximas postagens.

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